Processo nº 00196/2020
Parecer nº 206/2020 CEC/RS
O projeto “LIVRO HISTÓRIA DO CALÇADO (NOME PROVISÓRIO) 1ª EDIÇÃO 2020” é recomendado para financiamento pela LIC-RS.
1. O projeto Livro da História do Calçado- foi analisado nos termos da legislação à época da apresentação do mesmo pelo SAT- Sedac em 04/08/2020 e encaminhado ao CEC-RS em 07/08/2020 e a essa relatoria em 26/11/2020.
Produtor Cultural: Simples Assim Projetos e Produções Culturais LTDA – ME
Área do Projeto: LITERATURA: Impressão de livro, revista e outros
Município - Local de realização: NOVO HAMBURGO - Museu Nacional do Calçado
Projeto não vinculado à data fixa.
Valor solicitado ao Sistema de Financiamento LIC - R$ 145.820,00 (100% Lic).
O Projeto tem a proposta de promover a valorização do Museu Nacional do Calçado, bem como criar uma obra de referência artística, histórica e cultural: um livro sobre a história do calçado que utilizará como imagens as fotos do acervo do Museu Nacional do Calçado e será disponibilizado em formato digital em site criado para o Museu.
Metas
Criar um site do Museu Nacional do Calçado para disponibilizar o livro no site;
Desenvolver um livro em formato digital sobre a história do calçado livro;
Realizar lives sobre o livro (com os autores e com a equipe do Museu) ;
Digitalizar parte do acervo do museu 3D
É o relatório.
2. É da cultura muçulmana que se origina o conceito de calçados como conhecemos hoje em dia. Com a introdução da cultura árabe na idade média na Europa, o uso de diferentes materiais, a coloração do couro, as costuras trabalhadas e o design apurado deram origem a diferentes e inovadores tipos de sapatos, tendo como base a sapatilha integral com o fechamento das costuras pela parte de cima, usada tanto por homens como por mulheres.
Já no século XVI na França, na corte de Luís XIV os saltos eram objetos exclusivamente masculinos, um símbolo de ostentação e riqueza, onde os homens usavam saltos altíssimos. O rei Luiz XV, devido a sua baixa estatura, encomendava sapatos de salto alto.
A padronização da numeração é de origem inglesa. O rei Eduardo I foi quem uniformizou as medidas. A primeira referência conhecida da manufatura do calçado na Inglaterra é de 1642, quando Thomas Pendleton forneceu quatro mil pares de sapatos e 600 pares de botas para o exército. As campanhas militares desta época iniciaram uma demanda substancial por botas e sapatos.
Os sapatos manufaturados começaram a aparecer durante o século XVIII, no início da Revolução Industrial. Em meados do século XIX, começaram a surgir as máquinas para auxiliar na confecção dos calçados. Todavia, só com a máquina de costura o sapato passou a ser mais acessível.
Contar a história do calçado é a proposta do projeto em tela e a relatoria trouxe algumas curiosidades dessa história.
Na dimensão simbólica, o proponente escreve: “Outro aspecto da dimensão simbólica é que o livro propõe a compreensão do calçado como um acessório representante da cultura material, envolvido em um processo de produção, consumo e criação que, inclusive, é bastante relevante na economia de cidades do Vale do Sinos e Paranhana. Um calçado, como qualquer outro objeto criado pela humanidade não está desassociado da qualificação tecnológica e cultural de seu tempo, especialmente em uma região conhecida pelo desenvolvimento e relação com o design do calçado ao longo da sua história.”
Em relação à dimensão econômica, nas palavras do proponente a criação do site do Museu, onde o livro estará disponível na versão digital, aumentará ainda mais a visibilidade do Museu e será mais uma ferramenta de contato da entidade com o público pesquisador e com turistas.
No que concerne à dimensão cidadã, o livro será desenvolvido em formato digital e estará disponível de forma gratuita. Ele será uma importante ferramenta de pesquisa, porque além de ilustrar o acervo do museu, trará novas informações e conhecimentos sobre a história do calçado, objeto de estudo do museu.
Na metodologia está escrito que o livro será divido em três partes que abordam a história do calçado e os diferentes modelos que até hoje são produzidos. A primeira parte traz uma definição para o termo e discorre sobre a sua utilização na antiguidade, bem como sua evolução nas antigas civilizações, as quais atribuíam características próprias, sendo manufaturados com os materiais distintos em cada povo. Aborda a história do calçado, inicialmente criado como item protetor do pé, passando pelo calçado como símbolo de distinção até assumir características de determinada época – seja pela utilização de novos tecidos, criação de modelos, ou transformação tecnológica e social. A segunda parte trata da história do calçado a partir do século XX. Passando por suas décadas, relaciona os tipos de calçado e o que se tinha por moda, com o contexto político, econômico e social. Alguns fatos que merecem destaque ganham capítulos próprios nessa parte, como por exemplo o período de guerra, a cultura pop e a globalização e a transformação do calçado é relacionada com cada período. A terceira parte trata dos modelos de calçado, abordando suas características, usos e padrões, além de sua criação e do aspecto social.
A proposta tem mérito cultural e é muito relevante, visto que a região do Vale dos Sinos, Paranhana e Caí foram um polo calçadista de forma importante e muito singular no RS e no Brasil. Hoje em dia, já não disfruta do esplendor de outrora e isso talvez torne a proposta do livro muito válida, porque o mesmo contará um pouco dessa época de esplendor. Entretanto, cabe apontar algumas inquietudes que estão configuradas no planilha de orçamentária:
Item 1.1- Direitos autoraisn - não está justificado quais material a pessoa que está listada para receber direitos autorais está cedendo ao projeto, visto que o projeto traz com quem fará a pesquisa e os textos - Professor Cleber Prodanov e Professora Camila Scherer - e somente a professora consta como recebedora de direitos autorais.
As funções dos integrantes do projeto, especialmente técnicos e equipe principal, que manifestam o estabelecimento de relações entre as atividades e os profissionais envolvidos, não estão especificadas com exatidão. Essas impontualidades não afetam o mérito cultural do projeto.
O SAT aponta para o ajuste do nome do projeto para a autorização de financiamento, visto que deverá ter o nome definido nas peças de divulgação, que deverão conter o mesmo título do projeto.
- A taxa de fiscalização presencial (artigo 25º da lei 13.940) foi revogada pela lei 15.449/20 e deverá ser retirada da planilha e o valor desconsiderado para fins do valor aprovado pelo CEC.
3. Em conclusão, o projeto “LIVRO HISTÓRIA DO CALÇADO (NOME PROVISÓRIO) 1ª EDIÇÃO 2020” é recomendado para financiamento público, em razão de seu mérito cultural, relevância e oportunidade, podendo captar R$ 145.220,00 (cento e quarenta e cinco mil e duzentos e vinte reais) junto ao Sistema Integrado de Apoio e Fomento à Cultura.
Porto Alegre, 28 de novembro de 2020.
Sandra H F Maciel
Conselheira Relatora
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 13h30min do dia 02 de dezembro de 2020.
Presentes: 23 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Benhur Bertolotto, Alexandre Silva Brito, Aline Rosa, Cristiano Laerton Goldschmidt, Léo Francisco Ribeiro de Souza, Elma Nunes Sant’Ana, Daniela Giovana Corso, Liliana Cardoso Rodrigues dos Santos Duarte, Nicolas Beidacki, Paulo Leônidas Fernandes de Barros, Lucas Frota Strey, Vitor André Rolim de Mesquita, Luciano Gomes Peixoto, Luiz Carlos Sadowski da Silva, Mario Augusto da Rosa Dutra, Vinicius Vieira de Souza e Rafael Pavan dos Passos.
Abstenções: Luis Antônio Martins Pereira, Michele Bicca Rolim, José Francisco Alves de Almeida e Rodrigo Adonis Barbieri.
Em razão do Of. Nº 443/2020 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária do dia 18/12/2020 e considerados prioritários.
Após a avaliação coletiva, que atribui o grau de prioridade aos projetos, o projeto é prioritário obtendo a nota final de 3,95 pontos.
José Airton Machado Ortiz
Presidente do CEC/RS
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