Processo nº 00254/2020
Parecer nº 259/2020 CEC/RS
O projeto “A SAGA DO PIONEIRISMO NO SETOR ERVATEIRO 1ª EDIÇÃO” é recomendado para financiamento pela LIC-RS.
1. Produtor: AGYLE PRODUTORA DE EVENTOS LTDA ME
CEPC:7719
Responsável Legal: CARLA POMPERMAIER ZANOTELLI
Função: Proponente
Contador: JAIME BURILLE CRC: 344 477
Área do projeto: AUDIOVISUAL
Período de realização: não vinculado à data fixa
Valor solicitado: R$ 156.000,00
O projeto foi encaminhado ao CEC e distribuído a este conselheiro em 01 de setembro de 2020. Está classificado em audiovisual e será realizado no município de Arvorezinha, seguindo as normas de prevenção à Covid-19. Além disso, será disponibilizado e democratizado em plataforma digital para acesso e download irrestritos.
Nunca é demais destacar a lei 14.778, do Plano Estadual de Cultura, que em seu artigo terceiro, inciso VIII dispõe: “estimular o pensamento crítico e reflexivo em torno dos valores simbólicos” e o inciso IX "promover o desenvolvimento sustentável da economia da cultura”.
O projeto prevê a produção de 10 Webeséries, legendadas em português e espanhol, com duração de 15 a 20 minutos cada, e acesso irrestrito em canal digital nas redes sociais (YouTube, Facebook e Instagram), visando registrar a história do setor ervamateiro e o legado de seus pioneiros.
A taxa de fiscalização presencial, item 4.1 da planilha de custos, conforme artigo 25º da lei 13.940, foi revogada pela lei 15.449/20 e deverá ser retirada da planilha.
O projeto se propõe a registrar vários depoimentos, coletar documentos e informações relevantes do processo que marcou a evolução do setor ervateiro, desde a implantação do cultivo nas lavouras até a prateleira e a cuia dos apreciadores do mate. Essa evolução fortalece um dos maiores símbolos da cultura gaúcha: o hábito de tomar chimarrão.
É o relatório.
2. O crítico e historiador de literatura brasileira Alfredo Bosi explica que a palavra cultura é latina e sua origem é o verbo colo, que na língua romana antiga significava “eu cultivo”. O particípio passado de colo é cultus: “aquilo que já foi trabalhado”. As palavras terminadas em –uro e –ura são formas verbais que indicam projeto, uma desinência de futuro. Logo, cultura é “aquilo que eu cultivo”.
O significado material da palavra, relacionado com a sociedade agrária, durou séculos, até que os romanos conquistaram a Grécia e foram, em parte, helenizados. Os gregos tinham já uma palavra para o desenvolvimento humano, que era paideia. Paideia significava o conjunto de conhecimentos que se devia transmitir às crianças (criança e paidós) – de paideia vem a nossa palavra pedagogia, que é a maneira de levar a criança ao conhecimento. O Império Romano carecia de uma palavra equivalente e exigia uma tradução em latim, já que paideia era uma palavra estrangeira. Dessarte, passaram a traduzi-la por cultura. Assim, de um significado agrário a palavra cultura passou para o entendimento intelectual, moral, conjunto de ideias e valores.
Com frequência, usamos a palavra cultura em seu entendimento ideal, que é muito rico, porque traz dentro de si, na forma verbal terminada em -ura, a ideia de futuro, de projeto. Entretanto, traz a dimensão de passado porque carrega a soma de informações, conhecimentos e simbologias expressas nas atividades humanas.
Dito isso, para melhor esclarecer a importância deste projeto e perceber também o que ele oferece como parte da cultura, este relator entende, em relação à dimensão simbólica, que o mesmo estimula o pensamento crítico e reflexivo em torno dos valores simbólicos, além de colocar ao alcance e em debate o tema educativo, transdisciplinar que dialoga com as diversas manifestações artísticas e culturais.
Dimensão econômica
O contexto pandêmico exige novos desafios para se realizar projetos que contemplem economicamente aos fazedores de cultura em instituições públicas e privadas, gerando oportunidade de trabalho para diversos profissionais e educadores. O projeto é oportuno e tem valores econômicos equilibrados.
Para mais, respondeu satisfatoriamente ao SAT conforme documentos anexos e promove o desenvolvimento sustentável da economia da cultura e gera desdobramentos econômicos tangíveis e intangíveis.
Nas palavras do proponente: “Hoje na região, 70 % da economia dos municípios são diretamente ligadas ao processo do cultivo de erva-mate. [...] Mais de 95% das famílias que residem no meio rural cultivam erva-mate em suas propriedades, um número significativo, tem na erva-mate a principal atividade econômica da propriedade. [...] A região de abordagem inicial do projeto é responsável pela produção e comercialização de mais de 60% de toda a erva-mate produzida no Brasil, sagrando-se como um dos maiores polos produtores do mundo".
Dimensão Cidadã
As webséries serão disponibilizadas em canal no Youtube, Facebook e Instagram com acesso irrestrito, legendas em Português e Espanhol, visando a divulgação da história da cultura da erva-mate para o maior número de pessoas locais e para o mundo. Nesse sentido, há a busca pela formação de plateia e valorização da cadeia produtiva do setores de todos os envolvidos.
3. Condicionantes
Sugiro que em todo o material promocional e de divulgação, inclusive releases e entrevistas concedidas à imprensa, conste que o projeto teve seu mérito cultural examinado e aprovado pelo Conselho Estadual de Cultura e que por isso poderá usufruir de financiamento da Lei de Incentivo à Cultura (LIC) e Sistema Pró-Cultura RS.
Destaco do parecer do SAT: “a exposição de marcas em projetos financiados com recursos públicos incentivados: Não é permitido o consumo de produtos com marcas aparentes ou mencionadas verbalmente, ações conhecidas como merchandising, tampouco a exposição de marcas em dimensões, quantidade ou tempo de exposição superiores à exposição da marca do Pró-cultura RS.”
4. Em conclusão, o projeto “A SAGA DO PIONEIRISMO NO SETOR ERVATEIRO 1ª EDIÇÃO” é recomendado para financiamento público, em razão de seu mérito cultural, relevância e oportunidade, podendo captar R$ 156.000,00 (cento e cinquenta e seis mil reais) junto ao Sistema Integrado de Apoio e Fomento à Cultura.
Porto Alegre, 10 de novembro de 2020.
Vitor André Rolim de Mesquita
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 13h30min do dia 12 de novembro de 2020.
Presentes: 22 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Benhur Bertolotto, Alexandre Silva Brito, Cristiano Laerton Goldschmidt, Léo Francisco Ribeiro de Souza, Elma Nunes Sant’Ana, Sandra Helena Figueiredo Maciel, Liliana Cardoso Rodrigues dos Santos Duarte, Nicolas Beidacki, José Francisco Alves de Almeida, Lucas Frota Strey, Luciano Gomes Peixoto, Mario Augusto da Rosa Dutra e Rafael Pavan dos Passos.
Não Acompanharam o Relator os Conselheiros: Rodrigo Adonis Barbieri, Aline Rosa, Michele Bicca Rolim, Luis Antônio Martins Pereira, Luiz Carlos Sadowski da Silva e Daniela Giovana Corso.
Ausentes no Momento da Votação: Vinicius Vieira de Souza.
Em razão do Of. Nº 443/2020 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária do dia 26/11/2020 e considerados prioritários.
Após a avaliação coletiva, que atribui o grau de prioridade aos projetos, o projeto é prioritário obtendo a nota final de 3,41 pontos.
José Airton Machado Ortiz
Presidente do CEC/RS
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