Processo nº 00350/2020
Parecer nº 034/2021 CEC/RS
O projeto “Memória Audiovisual - 1ª Edição” é recomendado para financiamento pela LIC/RS.
1. PRODUTOR: PANDA FILMES LTDA
RESPONSÁVEL LEGAL: Luiz Alberto Rodrigues
FUNÇÃO: Gerenciamento
PERIODO DE REALIZAÇÃO: Evento não vinculado à data fixa
ÁREA DO PROJETO: Acervo: aquisição e qualificação
LOCAIS DE REALIZAÇÃO: Porto Alegre
CONTADOR: Jorge Lopes
RECURSOS PRÓPRIOS DO PROPONENTE: R$ 10.600,00
RECEITAS PREVISTAS COM A COMERCIALIZAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS: não há
PATROCÍNIOS OU DOAÇÕES, SEM INCENTIVO FISCAL: não há
DECLARAÇÃO DE PATROCÍNIO: R$ 600.000,00
RECURSOS ORÇAMENTÁRIOS DO ESTADO: Não há
RECEITAS ORIGINÁRIAS DO MinC: não há
VALOR PROPOSTO: R$ 235.068,90 (duzentos e trinta cinco mil, sessenta e oito mil e noventa centavos)
VALOR HABILITADO PELO SAT: R$ 233.068,90 (duzentos e trinta e três mil, sessenta e oito mil e noventa centavos)
PARTICIPAÇÃO DA PREFEITURA: Não há
É o relatório.
2. Memória Audiovisual é um projeto de restauração e digitalização das obras audiovisuais do acervo da Cinemateca Capitólio, em resolução 4K – resolução ao redor de 3840 pixels na horizontal e 2160 na vertical -, por produtoras especializadas na restauração e preservação de acervos audiovisuais, sediadas em Rio de Janeiro e São Paulo. A Cinemateca, em março de 2021, completará seis anos e guarda obras e documentos de grande relevância para cultura brasileira. O acervo audiovisual antes da tecnologia digital permanece em suporte película, o que não possibilita o acesso, a visualização e a utilização das obras que estão lá depositadas. O projeto é pioneiro e tem o objetivo de transferir inicialmente cinco obras audiovisuais selecionadas pela curadoria da Cinemateca para um suporte que permita a utilização dessas obras. A restauração digital é fundamental para a modernização e a democratização do acervo audiovisual do Capitólio.
3. ANÁLISE DE MÉRITO
O projeto Memória Audiovisual tem o seu mérito cultural por difundir e democratizar a preservação da memória audiovisual do Rio Grande do Sul, através da digitalização de parte do Acervo da Cinemateca Capitólio, impedindo o esquecimento de importantes obras audiovisuais do cinema gaúcho, totalizando 144 minutos de duração.
“Um povo sem memória é um povo sem história. É um povo sem história está fadado a cometer, no presente e no futuro, os mesmos erros do passado”, Emilia Viotti da Costa, historiadora e professora brasileira.
DIMENSÕES
Em sua dimensão simbólica (linguagens e práticas artísticas, referências estéticas, originalidade, importância simbólica, identitária e de pertencimento para a cultura local), nesta primeira etapa do projeto, procura a valorização de dois grandes diretores que escolheram a cidade de Porto Alegre para viver; Odilon Lopez (1941-2002) e Antônio Carlos Textor, nascido em 1952. Um dos filmes selecionados, o longa-metragem em 35mm, “Um é pouco, dois é bom”, com 97 minutos, de 1970, é o primeiro neste formato de filme a ter um diretor negro, sendo esta cópia única, a que está no acervo da Cinemateca. Os curtas metragens em 35mm do Textor, que fez sua estreia na direção em 1963, possuem um grande significado, pelos valores culturais, como para a história do cinema gaúcho. Os filmes são “Carrossel”, “Crônica de Um Rio”, “A Cidade e o Tempo” e “As Colônias Italianas do Rio Grande do Sul”. É importante salientar que conforme consta no site da Cinemateca Capitólio, “os arquivos e coleções estão divididos por acesso, como acervo documental, acervo de filmes em película, acervo de filmes em Multimeios (cerca de 8.000 títulos), coleção de cartazes, coleção de fotografias e coleção de peças históricas. Os materiais são incorporados à Cinemateca, através de doação ou depósito legal”.
Em sua dimensão econômica (aspectos relacionados à economia da cultura, geração de empregos e renda, fortalecimento da cadeia produtiva, formação de mercado para a cultura), o projeto permitirá a inserção das obras restauradas no mercado audiovisual “através de plataformas online, exibições, festivais, mostras, companhias aéreas, televisão, vídeo on-demand, tv a cabo, cinemas, teatro, pesquisas, novas obras audiovisuais, entre outras formas de utilização econômica. Além de permitir a utilização destes filmes, novamente como obras de acervo, também serão muito importantes nos projetos de inclusão cultural como escolas e centro culturais”.
A modernização do acervo abrange diversas cadeias produtivas. “Este projeto tem importância para a economia criativa e digital, uma vez que retira obras importantes do ostracismo e permite a sua reutilização econômica. O projeto prevê a geração de 15 empregos diretos na área de tecnologia da restauração e acessibilidade, e de empregos indiretos em plataforma online”.
Em cronograma apresentado pela produtora Panda Filmes, o processo de restauração digital prevê várias ações, lavagem e preparação do material, escaneamento 4K das matrizes de imagem e som, restauração digital de áudio, correção de cor e imagem final, acessibilidade (elaboração de legendas, audiodescrição e linguagem de sinais), e finalmente a masterização, com previsão de sete meses de duração. “A utilização das cópias digitais, além da inclusão cultural em exibições gratuitas pela Cinemateca e/ou em canais digitais, poderão também ser exploradas pelas produtoras detentoras dos direitos dos filmes (que inclui a família de Odilon Lopes), com venda para canais de televisão e plataformas de streaming”.
Em sua dimensão cidadã (práticas de democratização do acesso, formação de plateia, medidas de acessibilidade, relação com a comunidade local, a partir do projeto Memória Audiovisual, os filmes se tornarão acessíveis em ambiente virtual através de link disponibilizado no site da Cinemateca. Na Carta de Intenção de Apoio de Daniela Mazzilli, coordenadora do Cinema e Audiovisual da Secretaria Municipal de Cultura, da qual a Cinemateca Capitólio faz parte, anexada a este projeto, ela afirma que “...a realização deste projeto nos permite destravar uma obra audiovisual, neste momento limitada ao suporte película, para que possa democratizar o acesso e reintroduzir a obra no mercado”.
O acervo digital destas obras, segundo o projeto apresentado “estimula o público, pesquisadores, professores e interessados na arte e cultura e na história de seu país, por meio do cinema. Gera acesso por meio da Cinemateca, que possui instalações especiais e adequadas para sua conservação, guarda e disponibilização pública. O novo formato permitirá o acesso aos filmes para pessoas com deficiência, com a inclusão da linguagem descritiva, audiodescrição e linguagem de sinais. A SEDAC também poderá utilizar outros formatos digitais a partir das matrizes para exibição em mostras itinerantes, escolas e mostras de cinema nas salas dos centros culturais do Estado”.
4. Em conclusão, o projeto “Memória Audiovisual - 1ª Edição” é recomendado para fins de financiamento publico, em razão de seu mérito cultural, relevância e oportunidade, podendo captar R$ 430.090,00 (quatrocentos e trinta mil de noventa centavos) junto ao Sistema Integrado de Apoio e Fomento à Cultura.
Porto Alegre, 07 de fevereiro de 2021.
Alice Inês Lorenzi Urbim
Conselheira Relatora
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 10h do dia 09 de fevereiro de 2021.
Presentes: 23 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Benhur Bertolotto, Alexandre Silva Brito, Aline Rosa, Cristiano Laerton Goldschmidt, Léo Francisco Ribeiro de Souza, Daniela Giovana Corso, Sandra Helena Figueiredo Maciel, Nicolas Beidacki, Paulo Leônidas Fernandes de Barros, Lucas Frota Strey, Vitor André Rolim de Mesquita, Rodrigo Adonis Barbieri, Luciano Gomes Peixoto, Luiz Carlos Sadowski da Silva, Luis Antônio Martins Pereira, Mario Augusto da Rosa Dutra, Vinicius Vieira de Souza, Michele Bicca Rolim e Rafael Pavan dos Passos.
Não Acompanharam o Relator os Conselheiros: José Francisco Alves de Almeida.
Ausentes no Momento da Votação: Liliana Cardoso Rodrigues dos Santos Duarte.
Em razão do Of. Nº 021/2021 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária do dia 10/02/2021 e considerados prioritários.
Após a avaliação coletiva, que atribui o grau de prioridade aos projetos, o projeto é prioritário obtendo a nota final de 4,36 pontos.
José Airton Machado Ortiz
Presidente do CEC/RS
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