Processo nº 00343/2020
Parecer nº 021/2021 CEC/RS
O projeto “CULTURA NO CAMPO - 1ª EDIÇÃO” é recomendado para financiamento pela LIC/RS.
1. O projeto tem como produtor cultural BOUGANVILLE PRODUCOES ARTISTICAS - EIRELI, CEPC 6780, será realizado na cidade de Porto Alegre, é da área da música e não está vinculadao à data fixa.
Foi habilitado pelo SAT/SEDAC no valor R$ 297.957,00 (duzentos noventa sete mil novecentos cinquenta e sete reais), solicitados ao Sistema Pró-Cultura LIC/RS.
O projeto propõe a realização de uma série de apresentações musicais, em três cidades interioranas do Rio Grande do Sul, realizadas através do formato drive-in, com entrada gratuita. Será realizada uma campanha de doação de alimentos para as famílias afetadas pela pandemia em cada uma das cidades onde acontecerão os shows. Além disso, propõe um intercâmbio entre grupos e artistas com maior trajetória que compartilhem o palco com artistas locais, valorizando e incentivando o trabalho destas pessoas que estão iniciando no meio artístico. Por fim, busca-se levar possibilidades de consumo de cultura para pequenos agricultores que não possuem o hábito de acesso à internet e, desta forma, estão mais distanciados das novas possibilidades de conexão entre arte e vida, estas que foram reinventadas em tempos pandêmicos, sendo essa programação uma forma de introduzir arte no cotidiano dessas pessoas.
O projeto tem como objetivo realizar um circuito musical em formato drive-in por três cidades do interior do Rio Grande do Sul, promovendo um intercâmbio de experiências entre artistas.
É o relatório.
2. As metas do projeto incluem: após aprovação e captação dos recursos, será realizada reunião com as três prefeituras das cidades que receberão o evento, o que irá incluir também os secretários de assistência social para a definição das ONGS que receberão auxílio através da arrecadação de alimentos que serão doados para as instituições filantrópicas. As próximas etapas incluem elaboração da identidade visual, divulgação do projeto com mapeamento das mídias oficiais de cada cidade e contratação da equipe de trabalho. Os espaços onde serão realizados os shows terão toda a infraestrutura necessária com 02 camarins para os artistas, 08 banheiros químicos para o público, sendo 50% feminino e 50% masculino, no qual um de cada terá acessibilidade. Para a realização dos shows, teremos a seguinte equipe de trabalho: diretor de palco, coordenação geral, produtoras executivas, fotógrafo, músicos. Será montado o palco, equipamentos de som e luz - conforme rider técnico que consta nos anexos - e instalação de geradores e equipamento da empresa de filmagem e transmissão do evento. Toda a equipe do evento estará identificada com a camiseta do projeto. Durante a realização dos shows haverá interprete de libras.
O projeto em sua dimensão simbólica aponta: “o isolamento social nos trouxe a impossibilidade do encontro. Surgiram então as inúmeras opções de lives, vídeo chamadas, oficinas virtuais e atividades que de alguma forma supriam o que nos fora impossibilitado: o encontro. Surgiram algumas opções de entretenimento como os drive-ins. São shows, espetáculos e cinemas erguidos em espaços de ampla circulação, onde as pessoas com seus automóveis podem se fazer presentes e também sentir a presença de outras pessoas, criando possibilidades de fruição coletivas. Ressaltamos ainda, que toda essa gama de ferramentas inventadas em tempos pandêmicos ainda está muito restrita ao meio urbano, e principalmente entre os mais jovens. O público alvo deste projeto que é o pequeno agricultor, ainda está alheio a esta programação e carece de atenção e opções de consumo de cultura, para que consiga agregar poesia e lazer à sua rotina de vida, novamente. A ideia é que seja montada uma estrutura técnica em espaços públicos e o público possa estar presente assistindo ao show do grupo musical no formato de drive-in. Selecionamos artistas que compõem cancioneiro gaúcho, cantando e enaltecendo nossas paisagens, contextos e problemáticas sulistas, músicas que percursionam a vida no campo, ressignificando e agregando um olhar poético sobre estes cotidianos. Selecionamos 03 artistas que possuem já uma trajetória significativa e que são facilmente reconhecidos no interior do estado. São eles: Os Fagundes, João Luiz Corrêa e Mano Lima. Juntamente com estes artistas, convidamos grupos e cantores do interior, com trajetórias mais iniciantes, que precisam ainda de experiência e incentivo para conquistarem o público do estado. São pequenos artistas, que fazem shows em comunidades, com grande qualidade, porém pouco incentivo. Artistas estes que ficaram totalmente desassistidos neste período de crise, e necessitam de um espaço para que possam impulsionar novamente suas carreiras. São eles: Evandro Marques, Fernando e Motta e banda Etc e Tal. Compartilhando experiências e vislumbrando futuros. Essa ação será uma forma de incentivar não somente os grupos menos experientes, mas também a comunidade como um todo, que se sentirá valorizada ao apreciar artistas locais dividindo a cena com artistas estaduais. O projeto irá passar pelas cidades de Ibirubá, São Gabriel e Encruzilhada do Sul. Para ter acesso aos shows, o público deverá fazer a retirada de senhas antes do evento. Será realizada captação dos shows e transmissão ao vivo nos canais virtuais que serão criados para o projeto”.
Em sua dimensão econômica o proponente declara: “a cultura que já era um setor fragilizado na economia do país, neste momento está praticamente paralisada. Há mais de oito meses em razão da pandemia do Covid 19, as atividades culturais foram interditadas e os artistas foram obrigados a cancelarem suas agendas desde então. Ao mesmo tempo, os artistas estão continuamente tentando se reinventar e encontrar alternativas rentáveis para sua manutenção. A retomada da cultura ainda está longe de acontecer, porém há que se criar possibilidades em meio à crise sem precedente para que o setor possa à passos lentos retornar, de forma segura e controlada. Ações como drive-in tem sido uma alternativa experimentada por produtoras até o momento, como forma de movimentar o setor, gerar algum retorno financeiro para artistas e fomentar a contratação das cadeias envolvidas diretamente na produção de um evento como técnicos, empresas de locação de estruturas e etc... Este projeto surge como uma alternativa, já que prevê o envolvimento de pelo menos 65 trabalhadores da cultura, envolvidos direta e indiretamente na execução do escopo do projeto. Estaremos envolvendo artistas de pequeno e médio porte, que necessitarão de uma estrutura profissional para a execução dos shows. Isso será fundamental, pois a previsão é que sejam contratadas empresas locais e regionais com remuneração adequada, gerando inclusive a possibilidade de novas edições, caso esta seja aprovada e executada com sucesso. Cabe ressaltar que não somente a cadeia produtiva da cultura será estimulada, mas serviços indiretos como os fornecedores de alimento, de segurança, de limpeza e outras atividades que estarão intrinsecamente ligadas à realização dos shows previstos”.
A dimensão cidadã, segundo o proponente do projeto: “prevê ações de democratização de acesso, tendo em vista que será totalmente gratuito para as comunidades locais. Além disso, será realizada uma campanha de arrecadação de alimentos e esses insumos serão doados para organizações não governamentais que estão destinando recursos para famílias desassistidas pela pandemia. O local de acesso aos shows será um espaço amplo com reserva de vagas no estacionamento para pessoas com deficiências, gestantes ou idosos. Durante todo o evento haverá a presença de um intérprete de libras para as músicas cantadas e para as falas do apresentador. Todo o material produzido virtualmente contará com legenda de descrição de imagem. Desta forma, entendemos que todo escopo do projeto tem princípios isonômicos aos que regem a Lei de Incentivo a Cultura, tendo caráter inclusivo e democrático, necessitando, portanto, para sua viabilidade de execução, a aprovação do Pró-Cultura, pois somente desta forma o projeto poderá ser executado dentro da formatação que fora projetado, através da captação de recursos via renúncia fiscal, beneficiando a população gaúcha de forma gratuita e democrática.”
O setor de análise técnica SAT/SEDAC realizou diligência no projeto, tendo todos os questionamentos sido esclarecidos pelo proponente de forma clara e precisa. Foram realizadas glosas nos seguintes itens: 1.5 - Assistente de Produção, 1.15 – Fotógrafo, 1.37 - Hospedagem equipe de Produção, 2. Divulgação, 2.7 - Impressão de banner, 3.1 - Captador de recursos. Todos os valores foram corrigidos conforme valor de mercado praticado em projetos LIC. O projeto foi habilitado e encaminhado para avaliação do Conselho Estadual de Cultura.
Nos anexos do projeto constam as cartas de anuência dos participantes, portfólio dos artistas e rider técnico da empresa de sonorização e iluminação.
Recomenda-se que o Proponente realize o projeto seguindo os decretos do Município e do Estado de prevenção à Covid-19, que estarão vigentes no período da realização dos shows, sendo observados os protocolos necessários para evitar a propagação do vírus.
O projeto possui mérito, relevância e oportunidade ao prover renda para artistas com renomada trajetória na música e músicos iniciantes, valorizando os artistas locais. Mesmo diante do alto valor deste projeto, este se justifica, uma vez que a estrutura para a execução dos shows será montada em três Cidades do interior do Estado. Os objetivos e metas estão adequados ao que se propõe o projeto e os custos são semelhantes a outros eventos do mesmo porte. Cabe ressaltar que o projeto visa atravessar a rotina de pequenos agricultores, com uma programação cultural de qualidade através da apresentação de seis grupos musicais, incentivando a formação de novos públicos consumidores de cultura e de arte.
3. Em conclusão, o projeto “CULTURA NO CAMPO - 1ª EDIÇÃO” é recomendado para fins de financiamento publico, em razão de seu mérito cultural, relevância e oportunidade, podendo captar R$ 297.957,00 (Duzentos noventa sete mil novecentos e cinquenta sete reais) junto ao Sistema Integrado de Apoio e Fomento à Cultura.
Porto Alegre, 24 de janeiro de 2021.
Aline Rosa
Conselheira Relatora
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 10h do dia 25 de janeiro de 2021.
Presentes: 23 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Benhur Bertolotto, Alexandre Silva Brito, Cristiano Laerton Goldschmidt, Léo Francisco Ribeiro de Souza, Elma Nunes Sant’Ana, Daniela Giovana Corso, Sandra Helena Figueiredo Maciel, Liliana Cardoso Rodrigues dos Santos Duarte, Nicolas Beidacki, José Francisco Alves de Almeida, Paulo Leônidas Fernandes de Barros, Lucas Frota Strey, Vitor André Rolim de Mesquita, Rodrigo Adonis Barbieri, Luciano Gomes Peixoto, Luis Antônio Martins Pereira, Mario Augusto da Rosa Dutra, Vinicius Vieira de Souza, Michele Bicca Rolim e Rafael Pavan dos Passos.
Não Acompanharam o Relator os Conselheiros: Luiz Carlos Sadowski da Silva.
Em razão do Of. Nº 021/2021 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária do dia 10/02/2021 e considerados prioritários.
Após a avaliação coletiva, que atribui o grau de prioridade aos projetos, o projeto é prioritário obtendo a nota final de 4,05 pontos.
José Airton Machado Ortiz
Presidente do CEC/RS
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