Processo nº 00349/2020
Parecer nº 010/2021 CEC/RS
O projeto “Ritmos do Sul - 1 ª Edição” é recomendado para financiamento pela LIC/RS.
1. O Projeto “Ritmos do Sul - 1 ª Edição” foi devidamente habilitado pela SEDAC-RS, sendo enquadrado nos objetivos do Pró-Cultura, na modalidade Música, sendo classificado como Artes e Economia Criativa, assim enviado ao CEC-RS para a análise do Mérito Cultural.
O proponente é a GM BECKER PRODUÇÕES. O projeto Ritmos do Sul - 1 ª Edição, consiste em realizar 07 (sete) shows-lives que mostrarão algumas das principais bandas do sul do país, nos três principais gêneros musicais do noroeste gaúcho: Bandinha (ou bandas tradicionais), Oktoberfest e Gaúcho. As lives serão realizadas na sede do grupo folclórico alemão Heimatland que localiza-se no Parque Municipal de Exposições de Cerro Largo, sendo este o local que será aparelhado para a realização das sete lives, cuja transmissão terá sinal gratuito e acontecerá pelo canal do Youtube e pela página do facebook da proponente. O projeto tem a intenção de ser uma forma de geração de emprego e renda para as bandas e para demais empresas do ramo da economia da cultura, impactada pela pandemia, e ser uma forma de levar para dentro dos lares arte e entretenimento.
O Valor Total do projeto é de R$183.750,00 totalmente solicitado via Lic.
Para Produção e Execução serão destinados R$145.800,00; para Divulgação R$17.500,00; para Administração R$11.200,00 e para Imp. Taxas/Seguros R$9.250,00.
O “parecer” SAT-SEDAC nº 02/2021, de 08 de janeiro de 2021, avaliado quando foi realizada admissibilidade pela equipe técnica do PRÓ-CULTURA RS, sendo verificada a adequação da proposta ao enquadramento previsto na Instrução Normativa SEDAC 05/2020, art. 3°.
É o relatório.
2. A Análise do Projeto
O projeto é consistente e busca cultivar o modo de fazer local, dando prioridade aos artistas que, em sua maior parte, tem relação com a cultura e comunidade local/regional. A proposta das lives é fazer um passeio na gênese da música riograndense, nos estilos mais comuns ouvidos e tocados na região noroeste do Rio Grande do Sul. A música chamada de "Bandinha", e que se tornou a música tradicional dos bailes do interior, da zona rural, assim como a música das OKTOBERFEST, tem origem nos antigos kerbs, com os gêneros musicais tocados pelas bandinhas de origem alemã da época como a valsa, polca, marchas, xote, baião e a rancheira, tendo nascimento na região do Santa Rosa com as antigas bandinhas chamadas bandas de jazz - Jazz Beija Flor de Francisco Timm e Jazz Natal do Petri do Lajeado Ipê, por exemplo. A evolução foi tamanha que hoje as músicas e as “bandinhas” tornaram-se muito representativas na região e são responsáveis por um grande impacto na economia local no que se refere à cadeia produtiva da música. Localizada no noroeste do Rio Grande do Sul, inicialmente pertencendo à Colônia de Santo Ângelo, em 1915 imigrantes de alemães, italianos e russos fundaram a cidade de Santa Rosa. Nesta época as famílias dos imigrantes se reuniam para comemorar as festas religiosas como Natal e Páscoa. A mais típica e de caráter essencialmente religioso era a festa da colônia chamada de Kerb que reunia protestantes e católicos. Geralmente começava com culto religioso solene ou missa cantada e a tarde acontecia uma quermesse. Assim, a comemoração terminava em muita música e dança, que era a forma que os imigrantes tinham, mais que se divertir, de manter viva a cultura dos seus antepassados.
A música de bandinha, que se confunde com a música de Kerb, embora atualmente com características distintas, acontecia e evoluía simultaneamente à música gaúcha, ou gauchesca e que se divide em música nativista e tradicionalista, sendo a primeira, em geral, com temas mais bucólicos e sonoridade mais cantábile, de caráter mais contemplativo, e a segunda contemplam as músicas mais animadas e que se dançavam e se dançam nos salões do sul do Brasil e dos países vizinhos. De mesma origem europeia, as músicas gaúchas, tradicionalistas, são variações de músicas que animavam as danças de salão centro-européias no século XIX, como a valsa, a polca e a mazurca, que acabaram sendo aculturadas e adaptados para vaneira, vaneirão, chamamé, milonga, rancheira, marcha, chamamé, milonga, xote, chimarrita e o bugio, por exemplo. Desta forma, como evolução natural de uma localidade em sua forma de expressão autóctone, destes ritmos todos que animavam os bailes da região do grande Santa Rosa, nasce uma variação chamada Bandinha, e que, podemos supor, trata-se de uma mistura da marchinha, cachaça paraguaia com o rock de Vanguarda. Talvez o grupo mais antigo, e que selou a terminologia “bandinha”, tanto para a banda em si como para o estilo de música e dança, seja o conjunto musical Os Atuais, de Tucunduva/RS, formado em 1968, e conhecidos como "Os Reis do Baile". Desde a primeira gravação em 1971, entre altos e baixos, até os dias atuais o estilo chamado de Bandinha influenciou a criação de inúmeras bandas da região, existindo atualmente em torno de 50 músicas que desenvolvem este estilo musical, sendo considerado pelas rádios locais o gênero musical mais tocado e mais popular da região sul do Brasil.
Dimensão econômica: Como fonte de oportunidades de geração de ocupações produtivas e de renda, a dimensão econômica da cultura está presente no projeto. Pretendem, através do presente projeto e com todos os fornecedores e prestadores de serviços envolvidos na sua programação artístico/cultural, valorizar todo o processo de produção, de distribuição e de consumo, gerando emprego e incrementando, tanto aos artistas quanto à economia regional, bens e serviços culturais que transmitam valores, produzam e reproduzam identidades culturais, além de contribuir para uma política de cooperação social. Os artistas que irão realizar suas apresentações necessitarão de uma cadeia de profissionais das áreas técnicas que atuam nas mais diversas frentes, desde sonorização e iluminação à divulgação e promoção dos espetáculos, como, também, de toda uma infraestrutura à sua disposição. São em torno de 50 bandas locais que vivem da música e que impactam positivamente na economia local gerando emprego e renda de forma descentralizada.
Dimensão cidadã: No que tange à dimensão cidadã, o projeto busca promover um acesso equânime e democrático de um maior número de pessoas à sua programação artístico e cultural, dando oportunidades aos artistas de desenvolver seu fazer musical e profissional dentro de um processo de pandemia que não parece ter data para terminar. Assim, permitindo que um maior número de pessoas tenham acesso ao fazer artístico e às ações artístico-culturais do projeto, através deste novo modo de fazer chegar a arte e a música às pessoas, denominadas “lives”, expressão estrangeirada que nada mais é do que o novo palco virtual do artista. Proporcionar sete shows com transmissão online, de forma amplamente democrática, com a participação de toda a população sem restrições de idade, gênero, classe social, sexo ou religião, e de forma plenamente gratuita, é uma maneira de praticar a cidadania e levar cultura, entretenimento e conforto à população, seja neste tempos de isolamento ou distanciamento social, seja num processo pós pandemia, sendo que a herança de podermos assistir a apresentações artísticas do conforto no nosso lar, pela praticidade e facilidade com que se tornou factível, tal ação, é uma nova realidade que veio para ficar.
3. Em conclusão, o projeto “Ritmos do Sul - 1 ª Edição” é recomendado para fins de financiamento publico, em razão de seu mérito cultural, relevância e oportunidade, podendo captar R$ 183.750,00 (cento e oitenta e três mil e setecentos e cinquenta reais) junto ao Sistema Integrado de Apoio e Fomento à Cultura.
Porto Alegre, 13 de janeiro de 2021.
Elma Nunes Sant’Ana
Conselheira Relatora
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 10h do dia 14 de janeiro de 2021.
Presentes: 22 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Alexandre Silva Brito, Aline Rosa, Cristiano Laerton Goldschmidt, Léo Francisco Ribeiro de Souza, Daniela Giovana Corso, Sandra Helena Figueiredo Maciel, Liliana Cardoso Rodrigues dos Santos Duarte, Nicolas Beidacki, Paulo Leônidas Fernandes de Barros, Lucas Frota Strey, Vitor André Rolim de Mesquita, Rodrigo Adonis Barbieri, Luciano Gomes Peixoto, Luiz Carlos Sadowski da Silva, Luis Antônio Martins Pereira, Mario Augusto da Rosa Dutra, Vinicius Vieira de Souza, Michele Bicca Rolim e Rafael Pavan dos Passos.
Ausentes no Momento da Votação: José Francisco Alves de Almeida.
Em razão do Of. Nº 021/2021 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária do dia 20/01/2021 e considerados prioritários.
Após a avaliação coletiva, que atribui o grau de prioridade aos projetos, o projeto é prioritário obtendo a nota final de 3,67 pontos.
José Airton Machado Ortiz
Presidente do CEC/RS
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