Processo nº 00481/2021
Parecer nº 456/2021 CEC/RS
O projeto “LINHA CAMPEIRA 1ª EDIÇÃO” é recomendado para financiamento pela LIC-RS.
1. O projeto em pauta após realizada a análise pela equipe técnica do Pró-Cultura e sendo atendidas as diligências solicitadas é considerado adequado quanto a sua proposta sendo recomendado para avaliação coletiva.
O projeto tem como produtor cultural MARIA ANGELICA SEGUI RODRIGUEZ, por contador Everton Paulo Ferreira, se classifica como TRADIÇÃO E FOLCLORE e não está vinculado à data fixa. O valor proposto para financiamento em sua totalidade pelo sistema LIC é de R$ 172.500,00 (cento e setenta e dois mil e quinhentos reais).
Linha Campeira é uma plataforma de disseminação de cultura regional através da música gaúcha tradicionalista. O projeto Linha Campeira produzirá conteúdos, ao longo de 10 meses, para distribuição gratuita na internet e em 40 emissoras de rádio e web rádios parceiras. É um projeto de conteúdos para rádio, web e redes sociais que cumpre a função de compartilhar tradição gaúcha com os mais diversos segmentos. A estrutura do projeto é de uma conversa sobre temas relacionados à cultura gaúcha e divulgação de música regional. Em sua trajetória, além de concretizar-se numa produção cultural de sucesso, Linha Campeira tornou-se um canal de comunicação com gaúchos que estão dentro e fora da região e possibilitou mostrar essa cultura aos que não conheciam sua essência. A tradição gaúcha não tem limitações geográficas, ela se expande à medida que se torna conhecida. Este projeto persegue o objetivo de mostrar que culturas únicas podem conviver paralelamente sem perder sua identidade.
Idealizado em 2007 por Luís de Bragas e Leonel Furtado, o Linha Campeira iniciou como um programa de rádio transmitido pela FURB FM, emissora vinculada à Universidade Regional de Blumenau, trazendo a proposta de participar dos encontros domingueiros, momento em que a família e os amigos se reúnem trazendo a opção da música e da prosa. Desta possibilidade de “entrar” na casa das pessoas com respeito e alegria, nesse tradicional momento de confraternização, surgiu a estampa:Linha Campeira. Atualmente o programa é distribuído gratuitamente em 40 emissoras de rádio e webradios, numa parceria que já ultrapassa as fronteiras do território nacional. São emissoras comerciais, educativas e comunitárias que veiculam semanalmente o programa em áudio, aos domingos. A partir de 2013, já com equipe reforçada, o Linha Campeira expandiu para plataformas de internet, em formato de podcast, alcançando a fidelidade de novos públicos. As reações aos conteúdos publicados aproximaram o programa de outros segmentos que manifestaram interesse na cultura gaúcha. Expandir a abrangência das manifestações culturais relacionadas à tradição gaúcha, mesclando história, linguagem e curiosidades sobre os povos e etnias que constituíram essa cultura é o objetivo deste projeto.
Ao longo dos últimos 14 anos, os realizadores do Linha Campeira nunca foram remunerados, realizando um trabalho voluntário de promoção e divulgação da cultura gaúcha que, pela qualidade do produto cultural produzido, tem conquistado espaço e audiência relevante tanto no Rio Grande do Sul como em outros estados brasileiros. Ao solicitar financiamento ao sistema Pró Cultura, buscamos abrir novos caminhos para divulgar artistas que se dedicam às diversas linhas de manifestação como forma de estimular o fazer cultural de qualidade e o turismo na região sul.
É o relatório.
2. Objetivando, o presente projeto visa buscar recursos da LIC para divulgar a música regional em face de que a grade de programação das emissoras radiofônicas, na falta de patrocinadores, abandonaram este segmento. O rádio, como qualquer veículo de comunicação, sobrevive de seu público e do retorno obtido através da sua audiência.
Em outros tempos os programas regionais eram gravados ao vivo, inclusive com auditório. Um destes que marcou época na década de sessenta foi o Grande Rodeio Curinga, apresentado por Dimas Costa, Luiz Menezes e Darcy Fagundes. Havia música, poesia, trovadores, tudo de maneira informal mas que, mesmo assim, fazia muito sucesso.
Com o tempo e a disseminação de gravadoras a miscigenação musical invadiu as "ondas" do rádio e segmentos como o samba, o tango, o sertanejo de raiz e a música gaúcha perderam espaço e o que vemos são estilos como a "sofrência" dominando horários nobres e atraindo patrocinadores. Nada contra a diversidade musical, estamos apenas registrando a perda de espaço nesta forma de divulgação dos trabalhos musicais através do rádio.
O rádio é um dos meios de comunicação que, mesmo com o advento da internet e das informações digitais, manteve o seu espaço e penetra dos lares mais luxuosos até um rancho simplório num fundo de campo aonde, talvez, seja a única forma de contato daquela gente com o mundo além da cancela. Aliás, sobre o rádio, por questão justiça e aproveitando a temática, devemos registrar que seu criador, ao contrário do que muitos divulgam, não o foi o inventor italiano Guglielmo (Guilherme) Marconi, que o patenteou no início do século 20. Antes disso, entre 1901 e 1904, Roberto Landell de Moura nascido em 1861 e falecido em 1928, padre e cientista gaúcho, também havia realizado experiências semelhantes. Landell de Moura esteve nos Estados Unidos, onde patenteou inventos, entre os quais um "transmissor de ondas" ou "transmissor fonético a distância" que seria exatamente o rádio. Sua patente, porém, era limitada e perdeu a validade. Contudo, defendemos a posição de que o rádio é uma criação brasileira.
Além da distribuição do conteúdo musical a 40 rádios repetidoras o que chama a atenção neste projeto são as oficinas para rádios comunitárias e educativas tendo por objetivo possibilitar ao participante sem experiência compreender as potencialidades do rádio através de conteúdos atrativos aliados a produção sonora servindo de reciclagem para quem já está envolvido com o meio. Tais oficinas terão como conteúdo programático a linguagem radiofônica/sonora (palavra, música, efeitos sonoros e silêncio); Paisagem sonora e técnicas de produção; Como criar programas; Roteiro; Relógio de programação para emissoras. Em seu plano pedagógico as oficinas objetivam dar conhecimento dos elementos da linguagem sonora e suas potencialidades; Distinguir os diferentes formatos e técnicas utilizados na produção em rádio; Compreender as etapas para a construção de um programa de rádio; Verificar a construção de um roteiro sonoro e seu papel na organização das rotinas em uma emissora. Quanto aos procedimentos metodológicos estão previstas aulas presenciais e on-line simultâneas com procedimentos expositivo-dialogados, estudo de peças sonoras, programas, anúncios e roteiros. Audição de programas em áudio e atividades com os participantes com leitura de textos curtos, elaboração de propostas de programas e soluções para emissoras comunitárias e educativas.
Em relação a diligência do SAT sobre o item 1.4 quanto ao cumprimento do art. 10 da IN 05/20 que diz “Poderá ser prevista a aquisição de bens permanentes, justificado o uso do bem durante o projeto e aproveitamento do bem após finalizado o projeto, devendo ser informada no plano de distribuição a destinação a instituições vinculadas ao poder público municipal, entidades ou organizações da sociedade civil.” o proponente informa que a mesa de som e microfones comprados e utilizados durante as oficinas serão doados posteriormente a uma rádio comunitária de Santana do Livramento.
Por tentar resistir, inserindo a música regional na programação de 40 emissoras de rádio, e pelas citadas oficinas observamos que o presente projeto tem o seu mérito cultural, sendo relevante ao que se propõe e pertinente em suas relações além de proporcionar a democratização do acesso e de produzir e salvaguardar bens culturais.
3. Em conclusão, o projeto “LINHA CAMPEIRA 1ª EDIÇÃO” é recomendado para financiamento público, em razão de seu mérito cultural, relevância e oportunidade, podendo captar R$ 172.500,00 (cento e setenta e dois mil e quinhentos reais) junto ao Sistema Integrado de Apoio e Fomento à Cultura.
Porto Alegre, 22 de novembro de 2021.
Léo Francisco Ribeiro de Souza
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 10h do dia 02 de dezembro de 2021.
Presentes: 24 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Alexandre Silva Brito, Aline Rosa, Cristiano Laerton Goldschmidt, Elma Nunes Sant’Ana, Alice Inês Lorenzi Urbim, Daniela Giovana Corso, Sandra Helena Figueiredo Maciel, Liliana Cardoso Rodrigues dos Santos Duarte, Nicolas Beidacki, José Francisco Alves de Almeida, Paulo Leônidas Fernandes de Barros, Lucas Frota Strey, Vitor André Rolim de Mesquita, Rodrigo Adonis Barbieri, Luciano Gomes Peixoto, Luiz Carlos Sadowski da Silva, Luis Antônio Martins Pereira, Mario Augusto da Rosa Dutra, Michele Bicca Rolim, Rafael Pavan dos Passos e José Airton Machado Ortiz.
Ausentes no Momento da Votação: Vinicius Vieira de Souza.
O projeto foi considerado prioritário obtendo a nota final de 5,00 pontos.
Benhur Bortolotto
Presidente do CEC/RS
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