Processo nº 00328/2021
Parecer nº 257/2021 CEC/RS
O projeto “CIDADÃOS DA RUA – ELES TÊM VOZ” é recomendado para financiamento pela LIC/RS.
1. O projeto CIDADÃOS DA RUA – ELES TÊM VOZ - 1º EDIÇÃO, PROCESSO: 328/2021, habilitado pelo SAT/SEDAC em 28/07/2021, sendo encaminhado ao CEC para esta conselheira em 2 de agosto de 2021.
A Área do Projeto é AUDIOVISUAL – PRODUÇÃO DE CINEMA EM LONGA-METRAGEM. O evento não é vinculado à data fixa.
O documentário Cidadãos da Rua – Eles têm Voz possui por objeto a realização de um filme de 72 minutos, mostrando a trajetória de cinco cidadãos que se encontram em situação de rua: Idoso, Transexual, Jovem, Homem, Mulher. O documentário, além de mostrar a situação das pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade social e as que moram na rua, também irá evidenciar que muitas das pessoas que vivem nesta situação, querem sair dela, mas sozinhos não conseguem se organizar para encontrar o caminho de acesso à ONGs e órgãos governamentais para amenizar a situação vivida até o momento.
O produtor cultural do projeto é Centro Social da Rua e a responsável legal é Julia Scher Schreiner, CEPC 9371, sediado em Porto Alegre.
Na equipe principal, Tatiana Sager, na direção, da Panda Filmes, o roteirista e Renato Dornelles, da Falange Produções, e a produção executiva, da LPM Comércio e Serviços.
Como contador, Marieri Gazen Braga.
Nas METAS do projeto estão:
Um filme documentário, mil cópias do filme em DVD, cinco dias de pré-estreia, cinco debates após apresentação ao vivo e uma exibição do filme ao ar livre.
Valor Total
R$357.753,00 (trezentos e cinquenta e sete mil e setecentos e cinquenta e três mil reais), integralmente solicitados ao Sistema Pró-Cultura LIC RS.
O projeto apresenta uma carta de intenção de patrocínio de R$200.000,00.
Em relação à dimensão simbólica, a proponente do projeto através do Centro Social da Rua, que foi criado em 2017, por Letícia Andrade, busca dar apoio, visibilidade e inclusão para a população em situação de rua da cidade. Entre os projetos em que a instituição está engajada se destaca o banho solidário, a lavanderia de rua, o aquecimento solidário, o cidadão da rua. Em Porto Alegre, estima-se que vivem nas ruas, 4000 pessoas. Durante as ações de distribuição de produtos de higiene, alimentos e roupas doadas pela população sentiu-se a necessidade de mostrar como vivem estas pessoas na rua, fazendo um retrato destes cinco personagens que se encontram em situação de rua.
A produção do documentário tem como objetivo mostrar que a realidade das ruas pode mudar, e com vontade humanitária, política e cidadã, o problema pode ter solução. É ouvindo e conhecendo profundamente o cidadão que vive na rua que poderão ser apontadas as soluções. O filme pretende mostrar que muitas pessoas querem sair da situação de rua, mas não conseguem se organizar para seguir um novo curso da sua própria história. O filme contará com a direção da jornalista e cineasta Tatiana Sager, e do roteirista Renato Dornelles, premiados em festivais de cinema do Brasil e do exterior, com o filme Central e a série Retratos do Cárcere.
Dimensão econômica
No documentário longa-metragem estão envolvidos diretamente mais de 30 profissionais especializados na área do cinema, entre eles, diretor, roteirista, editor, pesquisador, finalizador, técnicos e produção, ampliando o mercado dos trabalhadores do audiovisual no Estado, além de dialogar com a comunidade acadêmica e público em geral. Destaca-se também o benefício da movimentação na economia local que é gerada pelos investimentos em alimentação, estabelecimentos comerciais, postos de combustíveis, transporte, fazendo com que o pagamento dos impostos fique no RS. Num projeto de filme como este documentário, há investimentos em contratação de profissionais para executar o projeto de forma direta, além de gerar emprego e renda para os serviços terceirizados como tecnologia de acessibilidade, sonorização e iluminação.
Dimensão cidadã
É um projeto que permite acesso gratuito ao público indiscriminadamente, pela tecnologia da acessibilidade (audiodescrição, janela de libras e legendas para surdos e ensurdecidos).
Depois de finalizado, o documentário, e produzidas as mil cópias em DVD, haverá a pré-estreia com cinco exibições do documentário em redes sociais, e após apresentação do filme será realizado um debate. Para a população de rua, será realizada uma apresentação em tela de cinema, em um espaço ao ar livre montado especialmente para esta sessão. O filme também será disponibilizado na internet, gerando inclusão social, realizando ações socioeducativas que promovam a sociabilidade dos moradores e privilegiem a disseminação de informações na perspectiva dos direitos sociais.
É o relatório.
2. O mérito deste longa – metragem está no argumento do filme que pretende mostrar a realidade por meio de depoimentos de moradores de rua e pessoas em situação de vulnerabilidade, por representantes de alguns segmentos deste grupo. Para planejar e conduzir as narrativas, será formado um grupo composto por pessoas em situação de rua que funcionarão como consultores, e apoio como entrevistadores. As entrevistas mostrarão o dia a dia das pessoas, como elas vivem seus desejos de ter uma nova vida, ou retornar suas vidas em tempos anteriores. No documentário teremos a rua conversando com a rua.
A proponente do projeto é o Centro Social da Rua, uma ONG criada em 2017, que através da adesão do Banho Solidário, perceberam que é possível e necessário fazer mais pela população de rua de Porto Alegre.
A duração para as gravações e montagem do filme tem a previsão de um ano, envolvendo mais de 30 profissionais.
Destaco também a diretora e o roteirista deste projeto que já tem um currículo comprovado no documentário de gênero jornalístico.
A diretora Tatiana Sager é sócia-diretora das produtoras Panda Filmes e Falange Produções. Dirigiu cinco documentários em curtas-metragens: Janete - Minha Vida não é um Romance, O Poder entre as Grades, Enjaulados, e Vidas em Risco. Seu primeiro longa-metragem como diretora, foi o Central - O Poder das Facções, no maior Presídio do Brasil, terceiro documentário mais assistido no cinema brasileiro em 2017. Dirigiu a série documental para TV, com 13 episódios, Retratos do Cárcere, em exibição pela Prime Box Brazil. Está finalizando o documentário Olha Pra Elas, que aborda o encarceramento feminino e a 2ª temporada da série Retratos do Cárcere e os longas metragens documentais Vida in Glória e Escravos do Tráfico.
Renato Dornelles, roteirista, é jornalista e documentarista. Durante 33 anos, atuou como repórter e editor em veículos de imprensa, tendo conquistado cerca de 40 prêmios de jornalismo. Sua estreia no audiovisual ocorreu com a produção do documentário O Poder Entre as Grades, dirigido por Tatiana Sager, e lançado em 2013. Neste curta-metragem, baseado em seu livro Falange Gaúcha – O Presídio Central e a História do Crime Organizado no RS, atuou como roteirista. Em 2016, estreou como diretor, ao lado de Tatiana Sager, no longa-metragem Central - O Poder das Facções .Assinou também como roteirista, a série documental para TV, com 13 episódios, Retratos do Cárcere, exibida pelos canais de TV Fechada Prime Box Brazil, e do longa-metragem Olha Pra Elas - cujo tema é o encarceramento feminino -.
Renato também foi codiretor e roteirista nos curtas Enjaulados e Vidas em Risco. Atualmente, é roteirista da série de TV, de cinco episódios, Violadas e Segregadas, e da segunda temporada da série Retratos do Cárcere e dos longas-metragens documentais Vida in Glória e Escravos do Tráfico.
Em se tratando de filme longa-metragem, é indispensável observar o contido no art. 1º, parágrafo único, da Resolução Nº 02/2020 do CEC RS, que condiciona a realização do projeto ao enquadramento às decisões legais das autoridades locais competentes no que se refere a medidas de enfrentamento a pandemia, e também a leitura do Guia de Orientação para o Setor Audiovisual do RS elaborado pela APTC – Associação Profissional de Técnicos Cinematográficos do RS com acesso em: https://aptcrs.wordpress.com/2021/02/24/guia-de-orientacao-do-setor-audiovisual-versao-03/
3. Em conclusão, o projeto “CIDADÃOS DA RUA – ELES TÊM VOZ” é recomendado para financiamento público, em razão de seu mérito cultural, relevância e oportunidade, podendo captar R$ 357.753,00 (trezentos e cinquenta e sete mil setecentos e cinquenta e três reais) junto ao Sistema Integrado de Apoio e Fomento à Cultura.
Porto Alegre, 04 de agosto de 2021.
Alice Inês Lorenzi Urbim
Conselheira Relatora
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 10h do dia 09 de agosto de 2021.
Presentes: 24 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Benhur Bertolotto, Alexandre Silva Brito, Aline Rosa, Cristiano Laerton Goldschmidt, Léo Francisco Ribeiro de Souza, Elma Nunes Sant’Ana, Daniela Giovana Corso, Sandra Helena Figueiredo Maciel, Liliana Cardoso Rodrigues dos Santos Duarte, Nicolas Beidacki, José Francisco Alves de Almeida, Paulo Leônidas Fernandes de Barros, Lucas Frota Strey, Vitor André Rolim de Mesquita, Rodrigo Adonis Barbieri, Luciano Gomes Peixoto, Luiz Carlos Sadowski da Silva, Luis Antônio Martins Pereira, Mario Augusto da Rosa Dutra, Vinicius Vieira de Souza, Michele Bicca Rolim e Rafael Pavan dos Passos.
Em razão do Of. Nº 301/2021 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária do dia 11/08/2021 e considerados prioritários.
Após a avaliação coletiva, que atribui o grau de prioridade aos projetos, o projeto é prioritário obtendo a nota final de 4,55 pontos.
José Airton Machado Ortiz
Presidente do CEC/RS
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