Processo nº 00453/2021
Parecer nº 417/2021 CEC/RS
O projeto “FIO – 1ª EDIÇÃO 2022” é recomendado para financiamento pela LIC/RS.
1. O projeto – FIO – 1ª EDIÇÃO 2022 – PROCESSO 453/2021, foi cadastrado em 22/09/2021, habilitado pelo SAT/SEDAC, em 29/09/2021, sendo encaminhado ao CEC para esta conselheira em 4/10/2021.
A área do Projeto é ARTES CÊNICAS - DANÇA, e não é vinculado à data fixa, com previsão de realização em 2022 e 2023.
Apresentação do Projeto
F|O é um processo de investigação que aproxima a dança contemporânea e as artes têxteis, buscando pontos de intersecção e porosidade entre movimento e tessituras, (re)significando conteúdos poéticos, políticos e psicológicos. Tem como premissa, a descrença em formas definitivas, e como ponto de partida para pesquisa, as experiências da intérprete-criadora Cristina Lisot, apresentando como eixos principais de aprofundamento, por um lado, o material cênico da performance intitulada Florescer de 2009, e por outro, o objeto têxtil “O”, de 2019, ambos de sua autoria. Este projeto é o planejamento de um processo de pesquisa que parte de substratos cênico-dramatúrgicos, de onde o resultado do trabalho, serão as soluções e desdobramentos encontradas ao longo do tempo de depuração de informações e possibilidades.
O produtor cultural do projeto e responsável legal é Florencia Del Carmen Nieto ME, sediada em Flores da Cunha, CEPC 6836. Florencia também tem a função de coordenação do projeto. Na equipe principal, Sigrid Augusta Buseflato Nora na direção artística, Carlos Alberto Pereira dos Santos como dramaturgista, Cristina Lucia Alberti Lisot, na função de concepção e intérprete criadora, na produção cultural Cristina Nora Calcagnotto e na consultoria de patrimônio imaterial, Letícia de Cássia Costa de Oliveira. Como contadora, Soraia de Almeida.
Nas METAS do projeto estão: 5 demonstrações cênicas na cidade de Caxias do Sul, making-of contendo uma compilação das captações de imagens do processo e 5 textos poéticos (relatos) sobre o processo de pesquisa, pelo olhar do dramaturgista disponibilizados/publicados, de forma compilada, no site www.cristinalisot.com da artista/bailarina/intérprete-criadora/ figurinista Cristina Lisot.
O projeto em sua dimensão simbólica
Fiar, tecer, tramar, são trabalhos manuais categorizados como bens culturais de apropriação coletiva do Rio Grande do Sul, o que justifica o viés artesanal e acresce f.i.o.s de memórias, de gênero e de identidade a este projeto. Criar com as mãos é uma atividade do corpo. Como a dança, requer disciplina e refinamento de movimento. Assumir a arte de tramar f.i.o.s, no contexto da arte do movimento, tem como propósito, além de ampliar e valorizar as manifestações da intérprete-criadora, pesquisar e documentar de maneira contemporânea esta particularidade da cultura brasileira e do patrimônio imaterial do Estado do Rio Grande do Sul. O projeto, ligado à cultura regional e, por permitir livre criação, tem como f.i.o condutor a investigação de significativos conteúdos poéticos, políticos e psicológicos, com um enfoque, natural e inerente, ao feminino. Busca explicitar as possibilidades que brotarem do aprofundamento nas questões de interface entre artes têxteis e do movimento, reconhecendo e dando valor a cada emergência como potencial produto de pesquisa
Quanto à dimensão econômica:
No tocante ao assunto tessituras, e por contar com consultoria em patrimônio imaterial, o projeto F|O apresenta potencial desdobramento no setor têxtil. O objeto “O” foi elaborado com a utilização de f.i.o.s e retalhos de tecidos disponibilizados pelo Banco do Vestuário de Caxias do Sul, um programa de triagem de resíduos da indústria têxtil, capitaneado pela Secretaria Municipal do Desenvolvimento Econômico de Caxias do Sul, que tem por objetivo a geração de trabalho e renda, a capacitação de pessoas e a transformação de desperdício em benefício social e ambiental. Esta parceria pretende ser mantida. Em consonância com essas ações, o projeto reafirma a importância do conhecimento das artes manuais e da sustentabilidade ambiental, social e econômica, contribuindo com movimento para o desenvolvimento das cadeias produtivas relacionadas à reciclagem e ao artesanato.
Já na dimensão cidadã:
o processo de pesquisa em si - e as suas experimentações - será amplo, acessível e democrático. As demonstrações cênicas do processo de pesquisa serão em locais que atendam às exigências técnicas quanto à acessibilidade para pessoas idosas e/ou pessos com deficiência, além de serem gratuitas. Independentemente da configuração que o produto desse projeto venha a tomar, o público poderá acessar às demonstrações, sem distinção de gênero, idade ou classe social, apenas por sua poética e/ou forma inusitada.
Após cada demonstração cênica, os colaboradores do projeto estarão disponíveis ao diálogo, democratizando ainda mais as ações e convidando o espectador a atuar ativamente. O processo se colocará de forma igualitária e será registrado em relatos escritos pelo dramaturgista da equipe, bem como em imagens pelo videomaker. Os encontros serão estimulados através de ampla divulgação e estarão instalados em locais de livre circulação. Em ambos os casos, registros audiovisuais terão livre acesso e serão disponibilizados por canais sociais para o estímulo à fruição.
Valor Total
R$ 92. 545,00 [noventa e dois mil reais e quinhentos e quarenta e cinco reais] com R$ 8.000 (oito mil reais) de recursos próprios do proponente e 84.545,00 (oitenta e quatro mil e quinhentos e quarenta e cinco reais) solicitados ao Sistema Pró-Cultura LIC RS.
É o relatório.
2. A obra Fio é uma arte performática que utiliza o corpo como objeto artístico e através do da coreografia, da encenação e dos movimentos, tem como objetivo causar reflexão em quem vê a cena.
Ao propor que o corpo seja o objeto de arte, a artista contemporânea Cristina Lisot, propõe em ações performáticas a diluição do objeto artístico e, conseqüentemente cultural, explorando a corporeidade biológica, levantando questionamentos de um corpo híbrido, onde as representações simbólicas do pensamento se manifestam.
Cristina Lisot é responsável pela concepção e também a intérprete criadora, é uma artista multifacetada de Caxias do Sul. Desde 2013, em se dedicado a área de patrimônio cultural realizando projetos de educação patrimonial. Em 2019, realizou a exposição “Lã Crua, Fios da Memória: O Saber-Fazer da Mulher Gaúcha”. É proprietária da Pangea Cultural, escritório de gestão em cultura, sendo responsável pelo projeto Lãs do RS, o qual congrega ações como patrimonialização dos conhecimentos da lã do Estado e a criação do Museu da Lã. Cristina iniciou sua carreira na dança contemporânea em 1998 tendo integrado o elenco da Cia. Municipal de Dança de Caxias do Sul, sempre contribuindo para a produção de figurinos. A partir de 2003 expandiu o escopo de criação de figurinos, abrangendo também peças de teatro e coro cênico. É pós-graduada em Corpo e Cultura: Ensino e Criação pela UCS.
Carlinhos Santos, é graduado em Jornalismo e História, sendo o responsável pela dramaturgia. Tem especialização em Corpo e Cultura – Ensino e Criação, pela Universidade de Caxias do Sul, onde também desenvolveu o Mestrado em Educação, com a dissertação Corpo e Educação – Cia. Municipal de Dança de Caxias do Sul.
Sigrid Nora, diretora artística, é pesquisadora em dança e coreógrafa.
A responsável legal do projeto Florencia Del Carmen é economista e Mestre em Educação pela Universidade de Caxias do Sul.
Desde 2012, atua como produtora cultural, com foco na elaboração e execução de projetos culturais, esportivos e sociais, através de editais e leis de incentivo pela Lynch Gestão Cultural.
Desde 2018, atua como estrategista de negócios e de marketing pela Lynch Marketing.Atualmente é presidente do Conselho Municipal de Caxias do Sul
Em se tratando de programação presencial, é indispensável observar o contido no art. 1º, parágrafo único, da Resolução Nº 02/2020 do CEC RS, que condiciona a realização do projeto ao enquadramento às decisões legais das autoridades locais competentes no que se refere a medidas de enfrentamento a pandemia.
3. Em conclusão, o projeto “FIO – 1ª EDIÇÃO 2022” é recomendado para financiamento público, em razão de seu mérito cultural, relevância e oportunidade, podendo captar R$ 84.545,00 (oitenta e quatro mil quinhentos e quarenta e cinco reais) junto ao Sistema Integrado de Apoio e Fomento à Cultura.
Porto Alegre, 01 de novembro de 2021.
Alice Inês Lorenzi Urbim
Conselheira Relatora
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 10h do dia 09 de novembro de 2021.
Presentes: 24 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Alexandre Silva Brito, Aline Rosa, Cristiano Laerton Goldschmidt, Léo Francisco Ribeiro de Souza, Elma Nunes Sant’Ana, Daniela Giovana Corso, Sandra Helena Figueiredo Maciel, Liliana Cardoso Rodrigues dos Santos Duarte, Nicolas Beidacki, José Francisco Alves de Almeida, Paulo Leônidas Fernandes de Barros, Lucas Frota Strey, Vitor André Rolim de Mesquita, Rodrigo Adonis Barbieri, Luciano Gomes Peixoto, Luiz Carlos Sadowski da Silva, Luis Antônio Martins Pereira, Mario Augusto da Rosa Dutra, Vinicius Vieira de Souza, Rafael Pavan dos Passos e José Airton Machado Ortiz.
Impedimentos: Michele Bicca Rolim.
O projeto foi considerado prioritário obtendo a nota final de 5,00 pontos.
Benhur Bortolotto
Presidente do CEC/RS
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