Processo nº 00241/2022
Parecer nº 196/2022 CEC/RS
O projeto “CASAS da QUEBRADA - 1ª Edição” é recomendado para avaliação coletiva.
1. Realizada a análise pela equipe técnica do PRÓ-CULTURA, foi verificada a adequação da proposta ao enquadramento previsto na Instrução Normativa SEDAC 05/2020, art. 3°. Diante das informações apresentadas e observado o enquadramento da proposta, o projeto cultural foi habilitado e encaminhado para avaliação do Conselho Estadual de Cultura – CEC em 06/05/2022.
Produtor Cultural: Instituto SAMBA
Período de Realização: Evento não vinculado à data fixa.
Área do Projeto: ARTES VISUAIS: Artes plásticas
Município - Local de realização: CAXIAS DO SUL - Comunidade do bairro Euzébio Beltrão de Queiróz
Valor solicitado ao Sistema Financiamento LIC RS 337.228,53
Valor habilitado R$ 332.560,23
Apresentação: O Projeto CASAS da QUEBRADA - 1ª Edição propõe realizar uma INTERFERÊNCIA URBANA DE GRANDES DIMENSÕES, no bairro Euzébio Beltrão de Queiróz, conhecido como favela da Zona do Cemitério, por meio de pintura, desenhos e grafites na fachada de 75 moradias do bairro.
É o relatório.
2. Dimensão simbólica: O bairro Beltrão de Queiróz é uma das comunidades pobres mais antigas da serra gaúcha, historicamente prejudicada, fruto da invisibilidade social que recai sobre os moradores, e consequentemente, recai sobre o território. A proposta é findar estes estereótipos e que possamos viver em um ambiente saudável, estabelecendo espaços para questões culturais, sociais, de debate sobre a cidade, da ampliação de inclusão. Ou seja, cores para quem era invisível.
Dimensão econômica: A densidade populacional do bairro é de 4 moradores por família, totalizando 1.200 pessoas com moradia fixa. A economia circular e criativa, juntamente com a capacitação profissional da mão de obra local, a promoção do conhecimento e a valorização do empreendedorismo através da construção do objeto artístico são alguns assuntos norteadores e conceituais desta proposta.
Historicamente o Euzébio Beltrão de Queiróz é um bairro que, desde a sua ocupação em meados de 1920, agregou pessoas vindas dos Campos de Cima da Serra, e sem condições de arcar com os altos valores dos alugueis em outros locais da cidade. Essa população migrou a Caxias do Sul com o acelerado crescimento industrial na busca por emprego e renda. Essa população foi construindo suas casas de madeira na encosta do morro que progressivamente se constituiu em ocupação densa, com algumas vielas datadas do início da década de 50 tornando o Beltrão, por muitas décadas, a maior favela da cidade. O bairro, esquecido pelo poder público municipal, foi se desenvolvendo de forma orgânica e sem a mínima infraestrutura, o que reverberou em duas vertentes distintas: a da comunidade, e a da criminalidade, um território propício para o desenvolvimento de atividades ilícitas. O bairro tem como vizinhos o Estádio Centenário, da SER Caxias (o primeiro clube do interior a participar da série A do campeonato Brasileiro, possui o maior estádio da cidade, que abriga até 25.128) pessoas e o cemitério municipal.
Tornar o bairro um aparato cultural e de acesso irrestrito a população caxiense reforça o lugar como ponto de encontro e socialização, o que deverá reverberar positivamente na autoestima dos moradores do Beltrão. A inauguração de um QG dos projetos citados, denominado VIELAS, em uma pequena garagem cedida por morador do bairro e reformada pelo proponente deste projeto com apoio de empresas privadas deverá tornar-se um local de ocupação da favela, por parte de seus moradores e visitantes. O Centro Comunitário, que daqui a poucos meses também receberá um espaço de cinema com programação de interesse da comunidade será mais um ponto de encontro. Um centro cultural cuja vocação comunitária está presente desde a sua fundação tornando-se, cada vez mais, um local de encontro e de acessibilidade. A arte, a cultura, as oficinas e a geração de renda criando um ambiente mais seguro para as comunidades. Se no passado o Sr. Adão Borges da Rosa deu identidade ao bairro valorizando o Carnaval, atualmente o rapper e educador social Chiquinho Divilas tornou-se a voz da comunidade do Beltrão com suas ações onde o “RAP fala”. Uma vocação cultural nata. Acreditamos que trabalhar na base da sociedade em projetos com um viés cultural é o caminho para uma sociedade mais justa, democrática e segura.
O projeto CASAS da QUEBRADA deverá impactar a comunidade do bairro Euzébio Beltrão de Queiróz, trazendo visibilidade e pertencimento a um bairro periférico do município que sofre preconceito, discriminação e exclusão cultural, social e econômica. A linguagem e a estética da pintura, do desenho e do grafite, unidas aos necessários conhecimentos de design e arquitetura, se constituem em fator importante na busca da originalidade plástica e visual da intervenção urbana e nos demais procedimentos artísticos de registro e documentação e realização de oficinas abertas e gratuitas à comunidade do bairro. A interferência de grandes dimensões traz o elemento artístico que fomenta a criatividade e a valorização dos artistas, artesãos e profissionais do bairro, suas memórias individuais, coletivas e histórias de vida.
Serão realizadas pinturas e grafiti em 75 casas, registros em fotografias, registros em vídeos, 03 mutirões comunitários com oficinas de desenho e pintura para moradores do bairro, em formato de Atelier Aberto entre outas ações.
CASAS da QUEBRADA - 1ª Edição, projeto traz o diálogo da arte com as ações de melhorias sociais uma comunidade periférica, traz o compromisso comunitário como premissa de transformação através da arte, projeto bem escrito, ficha técnica dos profissionais envolvidos e com informações fundamentais para a análise de mérito. Projeto tem mérito cultural e relevância.
O SAT efetuou glosa de R$ 4.668,93
*CUSTOS ADMINISTRATIVOS Valores Inabilitados 3.4 - Serviços Jurídicos: 4.668,93 p/ 0,00 Glosa conforme art. art. 6º, §1º da IN 05/2020.
3. Em conclusão, o projeto “CASAS da QUEBRADA - 1ª Edição” é recomendado para avaliação coletiva, em razão de seu mérito cultural, relevância e oportunidade, podendo captar R$ 332.560,23 (trezentos e trinta e dois mil e quinhentos e sessenta reais com vinte e três centavos) junto ao Sistema Integrado de Apoio e Fomento à Cultura.
Porto Alegre, 16 de maio de 2022.
Sandra H F Maciel
Conselheira Relatora
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 10h do dia 02 de junho de 2022.
Presentes: 23 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Alexandre Silva Brito, Aline Rosa, Cristiano Laerton Goldschmidt, Léo Francisco Ribeiro de Souza, Elma Nunes Sant’Ana, Alice Inês Lorenzi Urbim, Daniela Giovana Corso, Maria Silveira Marques, Nicolas Beidacki, José Francisco Alves de Almeida, Paulo Leônidas Fernandes de Barros, Vitor André Rolim de Mesquita, Rodrigo Adonis Barbieri, Luciano Gomes Peixoto, Luiz Carlos Sadowski da Silva, Luis Antônio Martins Pereira, Mario Augusto da Rosa Dutra, Michele Bicca Rolim, Rafael Pavan dos Passos e Bianka de Freitas Biedrzycka Maduell.
Ausentes no Momento da Votação: Lucas Frota Strey.
Em razão do Of. Nº 152/2022 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária do dia 07/06/2022 e considerados prioritários.
Após a avaliação coletiva, que atribui o grau de prioridade aos projetos, o projeto é prioritário obtendo a nota final de 4,60 pontos.
Benhur Bortolotto
Presidente do CEC/RS
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