Processo nº 00068/2022
Parecer nº 139/2022 CEC/RS
O projeto “Peixes das Nuvens - 1ª Parte 2022” é recomendado para avaliação coletiva.
1. O Projeto “Peixes das Nuvens - 1ª Parte 2022” foi habilitado pela SEDAC-RS, sendo enquadrado pelo Sistema Pró-Cultura, na Área de Artes Visuais, e remetido ao CEC-RS para a devida análise do seu Mérito Cultural e grau de prioridade.
Produtor Cultural: M. HORN E CIA LTDA CEPC: 4821
Município: ENCANTADO
Responsável Legal: MAURICIO FABIANO HORN
Na Função de Coordenação Financeira
Período de Realização: Evento não vinculado à data fixa.
Área do Projeto: ARTES VISUAIS: fotografia
Local de realização: RIO GRANDE
Equipe Principal:
Quinteto Canjerana na Função: Produção Executiva;
LA produções na Função de Captador de recursos;
Contador Orgatec, CRC: 61580.
Apresentação
Os peixes-anuais ou peixes-das-nuvens como são popularmente conhecidos, são um grupo de pequenos peixes de coloração variada e rara beleza. Estas espécies possuem um ciclo de vida peculiar, e distinto das demais espécies de peixes. A dinâmica hidrológica e sazonalidade das áreas úmidas temporárias em que ocorrem, moldaram seu ciclo de vida. Quando no período reprodutivo, os peixes depositam os ovos no substrato. Com a seca e a morte dos adultos, os ovos permanecem sob a terra em desenvolvimento até o próximo período chuvoso, que dará início a um novo ciclo. Devido a suas características biológicas e à degradação do seu habitat, o grupo encontra-se em situação de extrema ameaça. No Rio Grande do Sul, 40% dos peixes ameaçados pertencem a este grupo. No estado ocorrem mais de 40 espécies de peixes anuais, sendo muitas destas endêmicas, ou seja, não existem em outros locais do país. Estes peixes são considerados predadores de topo de cadeia em seus habitats, constituindo desta forma importantes reguladores na dinâmica destes ecossistemas e fundamentais para sua preservação.
O projeto Peixes-das-nuvens realizará expedições para fotografar estes peixes distintos e seu habitat. Com o intuito de compor um acervo artístico, inédito, e informativo de modo a divulgar conhecimento acerca da nossa fauna. Através do material registrado iremos organizar postagens em redes sociais com o intuito de entregar para a população material informativo e assim contribuir para preservação do meio ambiente.
O projeto “Os Peixes-das-nuvens” busca registrar a beleza cênica dos peixes anuais do Rio Grande do Sul e seu rico ecossistema através da fotografia. Com este projeto objetivamos através da arte, conscientizar a população em geral sobre a importância da preservação do meio ambiente. Trata-se da divulgação de imagens exclusivas em perfis nas redes sociais (Instagram e Facebook). Buscamos desta maneira oferecer um material artístico informativo que visa contribuir culturalmente e compor um registro histórico destes que estão entre os organismos mais ameaçados do estado.
Esta expedição compreende ao todo 54 municípios do estado do Rio Grande do Sul, são eles: Aceguá, Alegrete, Arambaré, Arroio Grande, Bagé, Barão do Triunfo, Barra do Ribeiro, Bom Jesus, Caçapava do Sul, Camaquã, Candiota, Capão da Canoa, Capão do Leão, Carazinho, Chuí, Dilermano de Aguiar, Dom Pedrito, Eldorado do Sul, Encruzilhada do Sul, Gravataí, Guaíba, Herval, Hulha Negra, Jaguarão, Minas do Leão, Mostardas, Osório, Palmares do Sul, Pedras Altas, Pedro Osório, Pelotas, Pinhal, Piratini, Porto Alegre, Quaraí, Rio Grande, Rio Pardo, Rosário do Sul, Santa Maria, Santa Vitória do Palmar, Santana do Livramento, Santo Antônio da Patrulha, São Borja, São Gabriel, São José do Norte, São Lourenço do Sul, São Pedro do Sul, São Sepé, São Vicente do Sul, Tapes, Tavares, Torres, Triunfo e Vacaria. Pretende-se realizar 8 (oito) campanhas de amostragem com duração de cerca de 3 a 5 dias cada.
É o relatório.
2. Dimensão simbólica
Em primeiro lugar é importante dizer que o responsável pela captação das imagens, o biólogo e fotógrafo Pedro Hoffmann, desenvolve pesquisas sobre espécies de peixes ameaçadas de extinção e endêmicas do Rio Grande do Sul há muitos anos. Seu trabalho fotográfico não se restringe a um mero registro iconográfico, mas sim, a um trabalho virtualmente artístico sobre o objeto de sua pesquisa. O olhar de cientista e de artista são indissociáveis, mas o resultado plástico de suas fotos se sobressai e se afirma como de alta qualidade.
Dito isto, o projeto em tela pretende apresentar através das imagens dos “peixes das nuvens”, sua variedade, seu comportamento, seu ciclo de vida, sua integração com o bioma onde se insere e sua beleza, a importância destas espécies endêmicas e nativas do Rio Grande do Sul. Com um foco ambientalista de um lado e a arte da fotografia do outro, o projeto “Peixes das Nuvens” almeja conciliar, ciência, educação ambiental e arte, objetivos que este parecerista considera plenamente alcançados.
Estas espécies de peixes, objeto do trabalho do biólogo/fotógrafo, possuem um ciclo de vida curioso, pois uma geração jamais conhecerá a outra, ou seja, pais e filhos jamais conhecerão um ao outro. Isto porque em sua escolha evolutiva optaram por viver em habitats de grande sazonalidade. Pelos brejos, antes do verão intenso estes habitantes dos brejos gaúchos desovam na terra úmida e em seguida perecem. As ovas permanecem em dormência durante todo o período da seca. Porém, quando o verão sede as nuvens retornam e descarregam suas águas sobre o solo. É quando eclodem novamente e ressurgem vigorosos. Daí o nome popular, “Peixes das Nuvens”.
Dimensão econômica
Do ponto de vista econômico estamos fomentando profissionais da fotografia em uma área extremamente especializada, a fotografia de natureza científica. Porém, o inovador neste caso, é que não são registros apenas, mas imagens que, além de observarem as necessidades da ciência, do olhar científico, avançam num terreno estético, porque plasticamente elaboradas. O olhar do cientista se fundindo ao olhar do artista, inspirando tanto a contemplação da natureza como a fruição estética.
O biólogo e fotógrafo, com seus assistentes em campo e em estúdio e estarão desenvolvendo um trabalho único sobre espécies nativas de diversas regiões do Estado, extremamente sensíveis à inúmeras agressões ambientais, e por essa razão chamadas de "sentinelas”. Essa interação da arte fotográfica com a ciência, associada à preservação ambiental, neste caso, o bioma Pampa, tem um impacto econômico de médio e longo prazos similar ao que podemos encontrar quando tratamos da arte científica voltada à preservação do Pantanal, da Amazônia e do Cerrado.
Dimensão cidadã
O intento de aproximar estas espécies e seu habitat do grande público, tornando-os mais conhecidos no espaço da escola e do universo estudantil em particular, demonstrando que sua ocorrência exclusiva no Rio Grande do Sul de certa forma nos torna “conterrâneos”, filhos da mesma terra, tem o condão de despertar um sentimento afetivo muito especial, um sentimento de identificação, de pertencimento comum, muito bem-vindo quando se pretende a preservação do meio ambiente, tão e cada vez mais necessária.
Este acervo de imagens estará à disposição de estudiosos, e será fonte para a criação de inúmeros materiais didáticos, oferecendo um suporte de qualidade ao trabalho de professores, alcançando jovens e crianças de maneira a despertar a consciência ambiental e fomentar a fruição artística a um só tempo.
O Estado tem o “Brinco de princesa”, o Quero-quero e a Erva-mate, como símbolos. Deixo através deste parecer, este conselheiro deixa a sugestão de que a espécie Astrollebias Charrua, uma das espécies de “peixe das nuvens" nativas do nosso pago, venha a se tornar o peixe símbolo do Rio Grande do Sul. Estas espécies verdadeiramente gaúchas deixariam o círculo restrito da ictiologia para entrarem no círculo afetivo da população e o coração do povo gaúcho.
3. Condicionantes
a) Deverão ser observados os artigos 22 e 23 da IN 05/2020, para fins de divulgação e identificação, sobretudo quanto à proporcionalidade no que diz respeito à disposição das marcas de patrocinadores, apoiadores e marcas do sistema pró-cultura.
b) Que o projeto siga rigorosamente as leis vigentes no Estado e no Município, cumprindo integralmente os protocolos de segurança exigidos para o combate da Covid-19.
c) Que após a realização do projeto os “equipamentos de uso permanente” como câmeras, lentes, flashes e outros, devem ser destinados, mediante doação, a instituição de cunho cultural e/ou científico da cidade de Rio Grande. Esta destinação deve estar efetivamente comprovada quando da análise do cumprimento dos objetivos do do projeto após sua execução.
4. Em conclusão, o projeto “Peixes das Nuvens - 1ª Parte 2022” é recomendado para a avaliação coletiva, em razão de seu mérito cultural, relevância e oportunidade, podendo captar R$ 158.540,00 (cento e cinquenta e oito mil e quinhentos e quarenta reais) junto ao Sistema Integrado de Apoio e Fomento à Cultura.
Porto Alegre, 12 de abril de 2022.
Alexandre Silva Brito
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 10h do dia 19 de abril de 2022.
Presentes: 24 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Cristiano Laerton Goldschmidt, Léo Francisco Ribeiro de Souza, Elma Nunes Sant’Ana, Alice Inês Lorenzi Urbim, Daniela Giovana Corso, Sandra Helena Figueiredo Maciel, Maria Silveira Marques, Nicolas Beidacki, José Francisco Alves de Almeida, Paulo Leônidas Fernandes de Barros, Lucas Frota Strey, Vitor André Rolim de Mesquita, Rodrigo Adonis Barbieri, Luciano Gomes Peixoto, Luiz Carlos Sadowski da Silva, Luis Antônio Martins Pereira, Mario Augusto da Rosa Dutra, Vinicius Vieira de Souza, Michele Bicca Rolim, Rafael Pavan dos Passos e Bianka de Freitas Biedrzycka Maduell.
Em razão do Of. Nº 152/2022 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária do dia 20/04/2022 e considerados prioritários.
Após a avaliação coletiva, que atribui o grau de prioridade aos projetos, o projeto é prioritário obtendo a nota final de 3,45 pontos.
Benhur Bortolotto
Presidente do CEC/RS
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