Processo nº 00
Parecer nº 061/2022 CEC/RS
" O projeto Goj tej e goj ror, as águas são nossas irmãs, 1ª edição, é recomendado para financiamento público"
1. O projeto, não vinculado à data fixa, foi enviado a este relator em 09 de fevereiro, sendo enquadrado na area da Música, terá laboratório artístico realizado nos municípios de Nonoai/RS e Canela/RS; e circulação pelas cidades de Nonoai, Canela, Porto Alegre e Brasília, seguindo os protocolos sanitários pertinentes de combate a Covid-19.
Produtor: Tela Indígena Produções Artísticas LTDA - CEPC: 10208;
Responsável Legal: Marcus Antonio Schifino Wittmann;
Contador: Sandra Mara Ricardo Legunes - CRC: 085208/O-0;
Área do projeto: Música;
Período de realização: não vinculado à data fixa;
Valor solicitado: R$ 170.586,00;
O projeto “Goj tej e goj ror, as águas são nossas irmãs” propõe a produção de músicas e narrativas, lançadas através de um álbum visual com 12 faixas, sobre o território Kaingang e suas águas que se espalham pelo Sul e Sudeste do Brasil, reúnem rios e matas do país, como as extensas Matas de Araucárias, que são atravessadas pelos rios Uruguai e Paraná. O projeto prevê gravações de som e vídeo que acontecerão na Terra Indígena Kaingang Nonoai (Nonoai/RS) e Konhún Mág (Canela/RS), através de um laboratório artístico interdisciplinar e multicultural que reúne pajés desse povo, artistas, músicos e produtores culturais.
Destaca o proponente “Esse povo concebe dois tipos de água no mundo: a goj tej (comprida, dos rios) e a goj ror (redonda, dos lagos e lagoas): essas águas são complementares, como toda a cosmologia Kaingang, e é na união e troca entre as duas metades que nosso mundo pode ficar em equilíbrio. Essa união, harmonia e complementaridade entre diferentes águas, culturas e pessoas será retratada nas músicas do povo Kaingang e também será expressada por meio das imagens que comporão o álbum visual.”
Possui carta de intenção de patrocínio integral da empresa Natura.
2. É o relatório:
Nunca é demais destacar a lei 14.778, do Plano Estadual de Cultura, que em seu artigo terceiro, Inciso II dispõem: reconhecer e valorizar a diversidade cultural, étnica e regional sul-rio-grandense, valorizando as vertentes culturais indígenas, afrodescendentes, populares e dos imigrantes; IV dispõem: “valorizar e difundir as criações artísticas e bens culturais”; inciso V “universalizar o acesso à arte e à cultura”; e o inciso IX ”promover o desenvolvimento sustentável da economia da cultura”.
Em sua dimensão simbólica: O projeto valoriza e difunde as criações artísticas e bens culturais. Contribui no conhecimento e na produção da musicalidade do Povo Kaingang, fortalecendo os saberes musicais dos pajés frente às gerações mais jovens (indígenas e não indígenas) e convocando os ouvintes indígenas e não indígenas a refletirem sobre o território e as águas que o banham. O projeto possibilita novas formas de pensar e ouvir música, refletir sobre a terra e sobre as águas de nosso Estado e de nosso país.
Assim, um dos resultados previstos é um produto bilíngue, tendo legendas para o português, permitindo que mais pessoas tenham acesso às narrativas, mas, priorizando a oralidade da língua Kaingang e seus próprios modos de contar histórias e cantar suas canções. Valoriza e difunde as criações artísticas e bens culturais. Está em conformidade com o Plano Estadual de Cultura, em seu capítulo VI – Territorialidade que em seu destaque propõe “Reivindicar e reapropriar a cultura e a tradição dos povos sul-rio-grandenses” e está expresso na ação 6.11 “Promover intercâmbio regional, nacional e internacional das diferentes linguagens culturais rio-grandenses, promovendo a troca, o compartilhamento, a integração, a descentralização e a divulgação dos diferentes saberes e fazeres e reafirmando a multiplicidade de culturas presentes no Estado em oposição à visão generalizada de um padrão cultural hegemônico”.
Dimensão econômica: equilibrado, possui detalhada metodologia e respondeu à todas as diligências do SAT. Descreve de forma clara a origem dos valores e seus respectivos destinos. Gera oportunidade renda para fazedores de cultura e demais profissionais. Nas palavras do proponente “Vale ressaltar ainda que as trocas interculturais em projetos culturais também visam ao fortalecimento da profissionalização e da inserção mercadológica de artistas, produtores e outros técnicos indígenas.” Projeto justo e economicamente viável. Para se ter uma ideia 90% é destinado ao pagamento de cachês e verbas de produção e execução.
Na dimensão cidadã: O projeto Universaliza o acesso à arte e à cultura e promove o desenvolvimento sustentável da cultura dos povos originários. Após a produção do disco musical e do álbum visual, acontece a circulação de lançamento do trabalho com uma instalação sonora e visual em 4 (quatro) locais: Nonoai, Canela, Porto Alegre e Brasília. A circulação contará com a presença de músicos Kaingang que, em determinados momentos, performam ao vivo. O projeto fortalece a produção levando a música desde o interior e capital do Rio Grande do Sul até a Capital Federal. Todos os eventos de circulação serão gratuitos. O trabalho também será lançado em plataformas de áudio (spotify, deezer, tidal, soundcloud). Vale notar que o álbum musical e visual ficará disponível na íntegra nas redes e plataformas, ficando seu acesso gratuito e ilimitado.
Condicionante
Em conclusão:
Em conclusão, o projeto Goj tej e goj ror, as águas são nossas irmãs, 1ª edição, é recomendado para financiamento público, em razão de seu mérito cultural, relevância e oportunidade, podendo captar R$ 170.586,00 (cento e setenta mil quinhentos e oitenta e seis reais) junto ao Sistema Integrado de Apoio e Fomento à Cultura.
Porto Alegre, 12 de fevereiro de 2022.
Vitor André Rolim de Mesquita
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial. O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate. A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 10h do dia 14 de fevereiro de 2022. Presentes: 24 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Alexandre Silva Brito, Aline Rosa, Cristiano Laerton Goldschmidt, Léo Francisco Ribeiro de Souza, Elma Nunes Sant’Ana, Alice Inês Lorenzi Urbim, Daniela Giovana Corso, Sandra Helena Figueiredo Maciel, Maria Silveira Marques, Nicolas Beidacki, José Francisco Alves de Almeida, Paulo Leônidas Fernandes de Barros, Lucas Frota Strey, Vitor André Rolim de Mesquita, Rodrigo Adonis Barbieri, Luciano Gomes Peixoto, Luiz Carlos Sadowski da Silva, Luis Antônio Martins Pereira, Mario Augusto da Rosa Dutra, Vinicius Vieira de Souza, Michele Bicca Rolim, Rafael Pavan dos Passos e Bianka de Freitas Biedrzycka Maduell.
Não Acompanharam o Relator os Conselheiros: Abstenções: Impedimentos: Ausentes no Momento da Votação: Rodrigo Adonis Barbieri
Em razão do Of. No 030/2022 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária do dia 24/02/2021 e considerados prioritários. Após a avaliação coletiva, que atribui o grau de prioridade aos projetos, o projeto é prioritário obtendo a nota final de 4.65 pontos.
Benhur Bortolotto
Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul Departamento de Fomento Centro Administrativo do Estado: Av. Borges de Medeiros 1501, 10º andar - PORTO ALEGRE - RS