Processo nº 00178/2022
Parecer nº 177/2022 CEC/RS
O projeto “TRIBUTO A BERENICE AZAMBUJA” é recomendado para avaliação coletiva.
1. O projeto em pauta, após realizada a análise pela equipe técnica do Pró-Cultura RS e sendo atendidas as diligências solicitadas é considerado adequado quanto a sua proposta sendo recomendado para avaliação coletiva.
O projeto tem como produtor cultural GR SOM E LUZ EIRELI, por contador GILSON ANTONIO BARBOSA, se classifica como MÚSICA e não está vinculado data fixa. O valor total solicitado ao sistema LIC é de R$ 213.200,00 (duzentos e treze mil e duzentos reais).
O Projeto Cultural “Tributo a Berenice Azambuja” é uma homenagem da Cantora Soledadense, Aline Bosa que teve desde sua iniciação musical com 09 anos de idade, um contato muito forte com as obras musicais, e sempre se inspirou no estilo da referida artista. Hoje, com carreira profissional definida no estilo gauchesco, juntamente com seu grupo ENTREVERO, formado por músicos profissionais e experientes, oferece um show musical que irá revisitar canções que consagraram Berenice como a mais influente intérprete da música gauchesca e principal referência para cantoras de diferentes gerações da música regionalista. Além das canções o show deverá intercalar performance de imagens e depoimentos da homenageada no painel de led do espetáculo, com a cantora que comandando o palco. Também será lançada música “RECUERDOS DA BERENICE” composta pelo artista Cruzaltense Sinval Araújo, em parceria com a cantora O show busca emocionar e reviver os melhores momentos de toda a trajetória desta referência cultural com uma seleção criteriosa das obras que marcaram o público. Formatado com duração de aproximadamente 80 minutos, o show será híbrido, isto é, com público presencial e transmitido pelas redes sociais da proponente. Teremos 06 espetáculos, onde visitaremos as cidades de Soledade, Barros Cassal, Espumoso, Ibirubá, Serafina Correa, e Vila Lângaro.
A cantora Aline Bosa, vem a tempos amadurecendo a ideia de oferecer ao público gaúcho, um Show mais completo do que o habitual. Com a morte da cantora Berenice, sentimos necessidade de criar algo capaz de honrar a qualidade musical, mas acima de tudo que honrar todo o esforçogarra etoda a personalidade que rompeu barreiras e fez história com a cara, talento e coragem - que criou espaço para a voz da mulher gaúcha em todo o Brasil. A palavra-chave deste projeto é Originalidade pois será um evento jamais visto onde buscaremos em cada detalhe, valorizar o melhor de Berenice, legitimando desde a reprodução de suas canções, a produção de palco e a postura com o público, explorando a natural semelhança de estilo entre as duas cantoras. Quanto a execução do show, o palco deverá ser todo produzido e decorado ao melhor estilo BERENICE, desde as pilchas de todos os músicos, até a gaita aberta em local de destaque no palco, com iluminação simbolizando a presença da cantora. Realizaremos este projeto buscando o engajamento do público para que cada fã se sinta detentor desta herança cultural deixada e tenha orgulho dessa continuidade, e ainda que a grande homenageada in memoriam, de onde estiver, acompanhe e tenha orgulho de reviver.
Estamos passando por um período muito importante para a classe cultural, já que, os eventos e as casas de espetáculo estão voltando com suas atividades pouco a pouco, músicos, bailarinos, expositores de arte e Cias de Teatro que estavam com paralização quase total, aos poucos começam retomar seus espetáculos. Este cenário gera uma necessidade de desenvolvermos novos projetos para que consigamos recuperar tudo o que foi perdido durante a pandemia. O Tributo à uma cantora de extrema relevância no mercado musical gaúcha, propicia a continuidade do mercado, não deixando que se perca o elo entre o novo e nossas referências musicais e mercadológicas.
Em nosso projeto não haverá cobrança de ingresso e nenhum tipo de senha ou restrição de acesso, queremos que milhares de pessoas possam acessar as apresentações, fazendo uma democratização cultural ampla e formando plateia para a música regional gaúcha.
É o relatório.
2. A cantora e instrumentista Berenice Conceição Azambuja, nasceu em Porto Alegre em 1953, sendo uma das pioneiras no tradicionalismo gaúcho não somente por ser mulher mas, também, por seu estilo de ser e de agir.
Filha de pai músico e mãe artista de circo, começou sua trajetória na música ainda criança, quando fez uma apresentação no programa de auditório Clube do Guri, da rádio Farroupilha, na década de 1960, acompanhando Elis Regina no acordeão, instrumento que aprendeu a tocar com sua tia.
Desde os 15 anos, Berenice tocava em bailes regionalistas. No lugar do vestido de prenda, a cantora usava o chiripá, veste masculina ligada à tradição indígena que lhe permitia uma melhor mobilidade do que o traje feminino. Alvo de críticas por parte dos tradicionalistas mais conservadores, a indumentária acabou virando uma das características marcantes da artista.
Num ambiente preconceituoso Berenice sofreu muito em função de sua orientação sexual. Contudo, superou todos os percalços e tornou-se uma das mais conhecidas e respeitadas expressões da música regional a nível nacional chegando a receber quatro Discos de Ouro, em função da grande vendagem de suas obras. Mesmo assim, com anos de palcos e milhares de fãs, Berenice Azambuja morreu pobre e no ostracismo, no ano de 2021, em Vila Langaro, uma cidadezinha do interior do Rio Grande do Sul. Isto, após enfrentar a Covid-19 no ano de 2020 e sair do hospital em uma cadeiras de rodas, tocando sua gaita para comemorar a cura.
O projeto ora relatado é uma justa homenagem a esta mulher corajosa, bem relacionada com seus colegas, mas um tanto injustiçada no meio musical regionalista, ainda rançoso em relação a participação feminina, principalmente no começo de sua carreira. Tal iniciativa atingirá milhares de fãs de Berenice Azambuja levando seis espetáculos a meia dúzia de cidades interioranas e servindo para perpetuar a memória desta grande artista.
O proponente apresenta metodologia apropriada e uma justa, equilibrada e proporcional distribuição de valores vindo a beneficiar dezenas de ativistas e trabalhadores do segmento musical gerando uma bela oportunidade de retorno e este mercado de trabalho. Da mesma forma é possuidor de mérito cultural e traz relevâncias em suas dimensões simbólicas e cidadãs.
3. Em conclusão, o projeto “TRIBUTO A BERENICE AZAMBUJA” é recomendado para avaliação coletiva, em razão de seu mérito cultural, relevância e oportunidade, podendo captar R$ 213.200,00 (duzentos e treze mil e duzentos reais) junto ao Sistema Integrado de Apoio e Fomento à Cultura.
Porto Alegre, 08 de maio de 2022.
Léo Francisco Ribeiro de Souza
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 10h do dia 17 de maio de 2022.
Presentes: 22 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Alexandre Silva Brito, Aline Rosa, Cristiano Laerton Goldschmidt, Elma Nunes Sant’Ana, Alice Inês Lorenzi Urbim, Daniela Giovana Corso, Sandra Helena Figueiredo Maciel, Maria Silveira Marques, Paulo Leônidas Fernandes de Barros, Lucas Frota Strey, Vitor André Rolim de Mesquita, Rodrigo Adonis Barbieri, Luciano Gomes Peixoto, Luiz Carlos Sadowski da Silva, Luis Antônio Martins Pereira, Mario Augusto da Rosa Dutra, Rafael Pavan dos Passos e Bianka de Freitas Biedrzycka Maduell.
Ausentes no Momento da Votação: José Francisco Alves de Almeida e Nicolas Beidacki.
Em razão do Of. Nº 152/2022 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária do dia 19/05/2022 e considerados prioritários.
Após a avaliação coletiva, que atribui o grau de prioridade aos projetos, o projeto é prioritário obtendo a nota final de 4,48 pontos.
Benhur Bortolotto
Presidente do CEC/RS
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