Processo nº 00232/2022
Parecer nº 224/2022 CEC/RS
O projeto “Oficina de Choro – 18ª Edição” é recomendado para avaliação coletiva.
1. O projeto “Oficina de Choro – 18ª Edição” está cadastrado na área da MÚSICA.
Trata-se da realização da Oficina de Choro no Instituto Ling durante o ano de 2023, com aulas 2 vezes por semana, de duas horas de duração. Serão 100 vagas anuais para alunos de todas as idades. A oficina contará com aulas de composição de choro, prática de conjunto e coro. Será criado e disponibilizado material didático inédito voltado ao ensino de choro. As aulas serão abertas ao público ouvinte, que poderá assisti-las durante o ano, gratuitamente.
Composição da equipe principal: CARLOS BRANCO & CIA LTDA como produtor executivo, tendo como responsável legal CARLOS FERNANDO BERWANGER BRANCO que também atua como curador do acervo didático. MATHIAS BEHRENDS PINTO como professor e diretor artístico, Mateus Stanisçuaski, como diretor técnico, Eduardo Elias como produtor, Jessica Barcellos na assessoria de imprensa, Denise Bondanza como contadora.
__objetivos específicos
-Formação musical específica em linguagem de choro;
-Criação de novos grupos musicais;
-Criação de um coro com 25 vozes;
-Criação de um bandão de choro com 50 integrantes;
-Apresentações semestrais com repertório inédito de choro;
-Pesquisa de repertório de compositores gaúchos de choro;
-Ampliação do público de música popular brasileira;
__metas
100 oficinandos
4000 ouvintes
Criação de acervo digital, partituras e vídeos
80 encontros de 2 horas/aula
Criação de um bandão de choro com 50 pessoas
Criação de Coro com 25 pessoas
02 Apresentações
__metodologia
As inscrições serão no Instituto Ling. Poderá se inscrever qualquer interessado que tenha conhecimento básico sobre música brasileira, mesmo que não tenha um instrumento. Serão selecionados os alunos que mostrarem mais aptidão para o estudo da música popular brasileira, pelo professor titular MATHIAS BEHRENDS PINTO. Mathias também será o responsável pela criação do material didático, que será disponibilizado para os 100 alunos pelos canais digitais do projeto. Gratuitamente também para pessoas que não fazem parte da Oficina.
Os selecionados serão divididos em duas turmas de 50 alunos de acordo com seu instrumento musical, de forma a criar grupos com a formação instrumental completa. O proponente descreve, como exemplo: 1 cavaquinista, 2 violonistas, 1 pandeirista, 1 bandolinista. Formando assim, a configuração de um regional de choro. Todos se juntam nos ensaios do Bandão da Oficina, cujo repertório é comum e é trabalhado nas diferentes aulas. Os alunos do Coral podem ser alunos de canto ou instrumentistas que manifestem este interesse. Após a triagem inicial, as vozes são divididas em registros vocais e os participantes integram o naipe de seu registro. A organização das formações do Bandão e do Coro fica a cargo do professor Mathias Behrends Pinto. A Oficina terá aulas de forma hibrida (online e presencial). Os alunos devem possuir seu próprio instrumento.
As apresentações semestrais serão realizadas no salão de eventos do Instituto Ling. Os ingressos serão distribuídos gratuitamente para as redes da Oficina de Choro e do Instituto Ling.
___o valor proposto é R$ 178.576,00 (cento e setenta e oito mil, quinhentos e setenta e seis reais), sendo R$ 576,00 (quinhentos e setenta e seis reais), recursos do proponente e R$ 178.000,00 (cento e setenta e oito mil reais) solicitados ao Sistema Pró-Cultura LIC RS.
É o relatório.
2. ___análise de mérito
O projeto está claro em suas justificativas, documentações e orçamento. Apresenta metodologia, proposta curatorial e plano pedagógico. É relevante e oportuno. Se propõe a ensinar música popular brasileira; a aprofundar o conhecimento dos professores envolvidos; a promover a troca entre alunos, professores e corpo técnico; a criar palco para alunos e músicos profissionais (solistas e grupos musicais acompanhantes) nas duas apresentações; a formar plateia, com público estimado de 4000 ouvintes. O projeto dedica-se à profissionalização musical através da prática e desenvolvimento de músicos amadores.
Vale destacar a equipe de excelência:
Carlos Branco. Formado em Licenciatura em Educação Artística e Bacharelado em Instrumentos, músico, compositor e professor com larga atuação no Rio Grande do Sul. Com músicas gravadas no Brasil e exterior. Participou da produção de cerca de 120 discos, entre LPs e CDs. Escreveu “A Censura na MPB” de 1993. De 1989 a 1994 foi diretor do Auditório Araújo Vianna e Coordenador de Música da Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre. Curador do Projeto Rumos Musicais do Itaú Cultural, curador da área cultural do SESI Nacional e Diretor Regional da ABMI (Associação Brasileira da Música Independente).
Mathias Pinto. Compositor e violonista licenciado em música pelo Instituto Porto Alegre. Em 2017 lançou seu disco de estreia “Falso Folião” e “Valentia” de Nani Medeiros, ambos com composições próprias. Neste mesmo ano participou do Festival Internacional de Choro em NY/EUA. Em 2018 assinou a direção musical do longa-metragem “Plauto, um sopro musical”. Em 2019 criou a OCPA - Orquestra de Choro de Porto Alegre. Foi curador do projeto Unimúsica 2019, com a edição samba-choro. Em 2020 realizou aula na universidade Oxford, com foco na composição de choro. Prêmio Açorianos 2020 de melhor produtor musical. Como acompanhador esteve ao lado de artistas como Ângela Maria, Luciana Rabello, Jorginho do Pandeiro, Pedro Miranda, João de Almeida Neto, Roberta Sá e Ronaldo do Bandolim.
Eduardo Elias. Com 30 anos dedicados à produção cultural, foi produtor técnico da Oficina de Choro do Santander Cultural. Participou da produção de shows nacionais e internacionais, como João Gilberto, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Jeff Beck, Stevie Wonder, Jimmy Cliff.
Mateus Stanisçuaski. Tem 15 anos de atuação na produção técnica de espetáculos. Atuou como produtor técnico de inúmeros shows nacionais e internacionais: Black Sabbath, Paul McCartney, Metálica, entre outros.
___dimensão simbólica
Do proponente:
“O Choro é o primeiro gênero musical urbano brasileiro, surgido no início do século 19 e desde sempre acompanha todo o desenvolvimento da música brasileira popular e de concerto servindo como “escola” de música para músicos de diversas origens. Apesar desta relevância histórica, se nota a ausência do choro em faculdades, conservatórios e inclusive, no ensino de música nas escolas. Com intuito de colaborar com este desafio no início do século 21 surgiram algumas iniciativas no país, que buscam oferecer uma sistematização do ensino de choro através de escolas livres e oficinas que obtiveram ao longo destes 20 anos um resultado notório”. Sendo a Oficina do Choro, uma destas iniciativas: o choro até então visto como um gênero musical quase exclusivamente carioca, encontrou na pesquisa histórica feita pela Oficina de Choro um novo capítulo, que insere a música feita no RS como um novo “sotaque” dentro do universo deste gênero musical.
___dimensão cidadã
Rodas de choro evidenciam o caráter inclusivo deste gênero musical. Muitos dos alunos das oficinas, criam rodas de choro informais, contribuindo para o desenvolvimento do choro na cidade de Porto Alegre, promovendo a fruição, inspirando a criação de novos grupos ou despertando a vontade de aprendizado sobre musica popular brasileira.
Oficina de Choro: “Uma escola livre com acesso universal sem pré-requisitos”.
A ausência de testes específicos para a seleção, possibilita que músicos populares que não tinham acesso a uma formação específica, possam qualificar sua atividade musical. E consequentemente poderão transmitir seus conhecimentos, “criando um novo eixo educacional”.
O projeto prevê gratuidade em todas as suas ações: nas aulas, na disponibilização do material didático online, nas aulas virtuais abertas ao público e nas apresentações, estas com local preparado para acesso universal. Esta total gratuidade viabiliza a inserção de alunos de diversas origens, integrando músicos reconhecidos com iniciantes, possibilitando o surgimento de grupos novos e parcerias musicais diversas.
___dimensão econômica
Ao longo dos anos de existência da Oficina de Choro, diversos alunos se profissionalizaram e hoje atuam de fato, profissionalmente. A inclusão destes músicos no mercado de trabalho alterou significativamente o cenário cultural da cidade de Porto Alegre, com a valorização da música popular brasileira, fazendo com que os estabelecimentos incluíssem programação voltada a estes gêneros musicais. O proponente relata que iniciativas como “O Choro é Livre!”, retomado pela Oficina de Choro, trouxeram uma sequência de apresentações de choro pela cidade. Um projeto como este, propicia o encontro de artistas a um oficio, ao seu oficio, abrindo oportunidades para as diversas áreas da cadeia produtiva da música - de técnicos a artistas - que surge em torno deste mercado. Muitos destes alunos tornaram-se compositores frequentes e isso se reflete também em lançamentos fonográficos nos últimos anos.
3. Por fim, o Projeto Oficina de Choro em sua 18ª edição, promove a pesquisa, o aprendizado, a produção de acervo didático, a profissionalização e fomenta a fruição musical. De forma gratuita e inclusiva. É de fundamental importância a manutenção deste belíssimo projeto musical, cultural e social.
4. Em conclusão, o projeto “Oficina de Choro – 18ª Edição” é recomendado para avaliação coletiva, em razão de seu mérito cultural, relevância e oportunidade, podendo captar R$ 178.000,00 (cento e setenta e oito mil reais) junto ao Sistema Integrado de Apoio e Fomento à Cultura.
Porto Alegre, 01 de junho de 2022.
Daniela Giovana Corso
Conselheira Relatora
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 10h do dia 02 de junho de 2022.
Presentes: 23 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Alexandre Silva Brito, Aline Rosa, Cristiano Laerton Goldschmidt, Léo Francisco Ribeiro de Souza, Elma Nunes Sant’Ana, Alice Inês Lorenzi Urbim, Sandra Helena Figueiredo Maciel, Maria Silveira Marques, Nicolas Beidacki, José Francisco Alves de Almeida, Paulo Leônidas Fernandes de Barros, Lucas Frota Strey, Vitor André Rolim de Mesquita, Rodrigo Adonis Barbieri, Luciano Gomes Peixoto, Luiz Carlos Sadowski da Silva, Luis Antônio Martins Pereira, Mario Augusto da Rosa Dutra, Michele Bicca Rolim, Rafael Pavan dos Passos e Bianka de Freitas Biedrzycka Maduell.
Em razão do Of. Nº 152/2022 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária do dia 07/06/2022 e considerados prioritários.
Após a avaliação coletiva, que atribui o grau de prioridade aos projetos, o projeto é prioritário obtendo a nota final de 3,90 pontos.
Benhur Bortolotto
Presidente do CEC/RS
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