Processo nº 00287/2022
Parecer nº 246/2022 CEC/RS
O projeto “BAILE DE RAMADA 1ª EDIÇÃO” é recomendado para avaliação coletiva.
1. O projeto em pauta, após realizada a análise pela equipe técnica do Pró-Cultura RS e sendo atendidas as diligências solicitadas chegou para análise e relatoria deste conselheiro no dia 27 de maio, sendo considerado adequado quanto a sua proposta e recomendado para avaliação coletiva.
A proposição como produtor cultural ASSOCIAÇÃO CULTURAL E FOLCLÓRICA DER DEUTSCHE JUGENDTANZ, por contador Paulo José Frohlich, se classifica como TRADIÇÃO E FOLCLORE e não está vinculado à data fixa. O valor total do projeto é de R$ 27.775,00 (vinte e sete mil setecentos e setenta e cinco reais) sendo que o poder público municipal aporta o valor de R$ 7.000,00 (sete mil reais), sendo solicitado a LIC um valor de R$ 20.775,00 (vinte mil, setecentos e setenta e cinco reais).
O Baile de Ramada tem como objetivo a realização de um Fandango a Moda Antiga: embaixo de uma Ramada, a luz de candeeiro. Haverá integração das danças tradicionais com as danças de fandango, sendo que algumas serão apresentadas por invernadas. Ao clarear da meia noite, será servido o café de chaleira, com produtos coloniais característicos da região. Será reservado uma área para o Chimarrão com água quente e erva mate. Para a tranquilidade dos pais, será disponibilizado o famoso quartinho das crianças, onde a piazada poderá dormir, permitindo aos adultos se divertirem com tranquilidade. Os convidados terão a oportunidade de apreciar e adquirir produtos artesanais típicos confeccionados por artesãos da região. O evento será voltado a toda a população no fomento a produção cultural e artística gaúcha no município de Vale do Sol.
O Baile de Ramada traz consigo um convite às novas gerações para valorização das identidades e preservação das memórias que compõem a cultura desse povo. A defesa e a preservação do Patrimônio Histórico imaterial são uma tarefa extremamente importante, exigindo um trabalho integrado e comprometido entre as comunidades e o poder público. Nosso patrimônio cultural é fonte insubstituível de vida e inspiração, nosso ponto de referência, e nossa identidade. Dessa forma, pretendemos trazer em voga, na comunidade, aspectos das tradições gaúchas, das memórias, das vivências que por vezes estão adormecidas. Dessa maneira, estabelecer elos de ligações entre o passado e o presente, o que foi e o que é, são elementos fundamentais para a afirmação da identidade de nosso povo. Valores são transmitidos por gerações e constroem o nosso jeito de ser e viver. Os saberes da tradição, passados de uma geração a outra, comportam-se como elementos formadores de sociabilidade, rompendo o isolamento e afirmando através da partilha, os laços de pertencimento que fortalecem e ressignificam a participação de cada indivíduo em comunidade.
A economia da cultura é uma das que mais cresce no mundo, esta é baseada em um recurso praticamente inesgotável, ou seja, a criatividade. Progressivamente, vem se transformando em um dos segmentos mais dinâmicos, gerando trabalho e renda para a grande cadeia de trabalhadores. A diversidade cultural é um dos maiores patrimônios do Brasil, fruto de nossa formação histórica. O ano de 2022 será marcado pelo retorno das atividades culturais, nesse sentido, o Ponto de Cultura - Associação Der Deutch Jugentanz vem através do Baile de Ramada possibilitar a movimentação de diversos fazedores de cultura do município de Vale do Sol, em parceria com o poder publico municipal e, caso o projeto venha a ser aprovado, do governo do estado do Rio Grande do Sul.
A maneira como falamos, nos vestimos e nos comportamos tem influência dos nossos antepassados. Valores são transmitidos por gerações e constroem o nosso jeito de ser. Legados que muitas vezes nos passam despercebidos, mas que durante o período da pandemia passaram a serem olhados com outras perspectivas. As comunidades rurais, são o ponto de partida para esse processo de resgate cultural. Está na criança a esperança de um futuro melhor, ao mesmo tempo em que cabe a nossa geração proporcionar a eles as oportunidades de conhecerem, vivenciarem e cultuarem as tradições de seus antepassados na diversidade de segmentos culturais.
É o relatório.
2. Sem dúvida alguma o presente projeto tem um mérito cultural diferenciado de muitos que relatamos. Para entendermos melhor sua conceituação é necessário entendermos o que é, ou o que era, um baile de ramada.
Nos tempos de outrora, na formação do Rio Grande do Sul, as pessoas mais humildes, os peões de fazenda, os negros, os índios, não tinham acesso aos saraus nas casas-grandes das estâncias. A estes sobrava, como divertimento, os chamados Bailes de Ramada, uma área externa aos galpões, de chão de terra batida, com uma cobertura de santa-fé, iluminado por lamparinas. Como foi citado no relatório, as famílias levavam seus filhos para dormirem num quarto reservado para tal fim. Sem o brilho dos estancieiros abastados, ali se reuniam os antigos gaúchos de fatos, os gaudérios, os andarilhos, os trabalhadores que forjaram nossa terra. Para aguentar o frio e a rusticidade do ambiente, na madrugada era servido o chamado café de chaleira e o famoso brodo, ou seja, um caldo de galinha.
Sem dúvidas que o resgates destas tradições sejam elas afro, alemãs, italianas, indígenas, enfim, de diversas áreas culturais merecem um olhar atento de nossa parte nos dias de hoje.
Se os proponentes tiverem esta percepção histórica, será um belo projeto.
O projeto é meritório, de um valor extremamente baixo se comparado com o que estamos habituados a relatar e com uma bela participação do poder público municipal, correspondendo a quase 30% do valor total e reconhecendo a importância de tal resgate para a pequena comunidade de Vale do Sol.
3. Em conclusão, o projeto “BAILE DE RAMADA 1ª EDIÇÃO” é recomendado para avaliação coletiva, em razão de seu mérito cultural, relevância e oportunidade, podendo captar R$ 20.775,00 (vinte mil, setecentos e setenta e cinco reais) junto ao Sistema Integrado de Apoio e Fomento à Cultura.
Porto Alegre, 13 de junho de 2022.
Léo Francisco Ribeiro de Souza
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 10h do dia 14 de junho de 2022.
Presentes: 23 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Alexandre Silva Brito, Aline Rosa, Cristiano Laerton Goldschmidt, Elma Nunes Sant’Ana, Alice Inês Lorenzi Urbim, Sandra Helena Figueiredo Maciel, Maria Silveira Marques, Nicolas Beidacki, José Francisco Alves de Almeida, Paulo Leônidas Fernandes de Barros, Lucas Frota Strey, Vitor André Rolim de Mesquita, Rodrigo Adonis Barbieri, Luciano Gomes Peixoto, Luiz Carlos Sadowski da Silva, Luis Antônio Martins Pereira, Mario Augusto da Rosa Dutra, Plínio José Borges Mósca, Michele Bicca Rolim, Rafael Pavan dos Passos e Bianka de Freitas Biedrzycka Maduell.
Em razão do Of. Nº 152/2022 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária do dia 15/06/2022 e considerados prioritários.
Após a avaliação coletiva, que atribui o grau de prioridade aos projetos, o projeto é prioritário obtendo a nota final de 4,57 pontos.
Benhur Bortolotto
Presidente do CEC/RS
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