Processo nº 00693/2022
Parecer nº 806/2022 CEC/RS
Projeto “RESTAURO E REVITALIZAÇÃO DO CASTELO DE PEDRAS ALTAS - 1ª ETAPA” .
Metas:
Limpeza, execução de base regular e impermeabilização da laje de cobertura;
Remoção e execução dos revestimentos internos; Instalações elétricas; Instalações de água; Restauro e pintura das esquadrias metálicas; Pavimentações e bases do terraço; Janelas metálicas e ferragens das torres e compartimentos sob terraço; Realização de visitas guiadas, por apenas 20 pessoas.
Abro as minhas observações refletindo a frase de início do proponente "Segundo o livro Tombo IPHAE/RS, “a Granja de Pedras Altas foi o grande projeto pessoal de Joaquim Francisco de Assis Brasil, político, diplomata, produtor rural e intelectual gaúcho. Pretendia provar que um pequeno pedaço de terra poderia ser tão produtivo quanto uma grande propriedade, se fossem usadas técnicas modernas e racionais” destaque que será fundamental para debater algumas dúvidas na sequência.
O proponente traz um belíssimo histórico de Assis Brasil e as memórias preservadas atrás das paredes do Castelo de Pedras Altas, é carregado de informações que destacam a importância simbólica, identitária e de pertencimento para a cultura, no entanto, não nos conta como isso dialoga com a comunidade local, se esse pertencimento é recíproco. Se é somente o Castelo que pertence ao lugar ou se as pessoas que vivem na sua volta se sentem parte disso? Embora não traga essas informações através de pesquisas percebemos o quanto esse castelo pertence à comunidade e faz parte da identidade comunitária do local onde esta inserido.
"Para tanto, o presente projeto parte do conceito de Ecomuseu e da intricada teia entre o território e a sociedade local de forma a promover a longo prazo: a sustentabilidade ambiental com a identificação, preservação e divulgação da riqueza ambiental da Granja de Pedras Altas em termos de paisagem cultural; a sustentabilidade social e cultural com a mobilização da comunidade local, gerando educação, cultura e renda; e, a sustentabilidade econômica com a constituição de um complexo turístico cultural com o objetivo de valorizar o patrimônio cultural material e imaterial transformando-se, através dos produtos culturais gerados, em um importante polo de atração de visitantes, acadêmicos e estudantes em geral no sul do Estado do Rio Grande do Sul". O texto destaca a importância de tratar desse assunto, mas não descreve como serão resolvidos e quais as iniciativas a serem tomadas.
Ao sentir falta de um plano de gerenciamento que inclua a participação da comunidade local que democratize o acesso das pessoas mais carentes a esse bem cultural, recomendo ao proponente que, assim como propõem um plano de utilização acadêmica e turística, crie um plano e disponibilize para a SEDAC e para o CEC com um cronograma de atividades que beneficie a comunidade local.
O proponente destaca a citação:
Para Botelho (2001, p. 06), atentar para dimensões simbólica, cidadã e econômica da cultura no âmbito local, pressupõe considerar particularidades locais a partir do diálogo entre instituições, órgãos públicos e privados e a população pensando a “democracia da cultura” de maneira horizontal.
Se faz compreensivo depois do debate o porquê das visitações durante as obras, embora não estejam claras a forma que serão selecionadas essas pessoas. Considero apropriada que tal seleção seja feita em todo o Estado e não somente no eixo que compreende o trajeto Porto Alegre — Pedras Altas, pela importância que o projeto tem para todos o Estado
"Serão 20 selecionados pelas mídias sociais (curtidas, compartilhamento e engajamento) organizados em dois encontros com transporte gratuito saindo de Porto Alegre com destino à Pedra Altas, parando nas cidades onde tem pessoas selecionadas. As atividades iniciam às 10h da manhã e se encerram às 15h. A Associação arcará com os custos de alimentação e organização do evento."
Deixo como sugestão ao proponente, que além das 20 pessoas selecionas por mídias sociais, sejam selecionadas pessoas que tenha notório saber ou pesquisadores do patrimonio histórico do Rio Grande Sul, o que qualifica o processo.
Depois de uma análise mais profunda compreendo que a atividade agropecuária é de extrema importância para a manutenção do bem, porem sinto a necessidade do proprietário garantir de forma documental parte do lucro produzido desta atividade, que possam ser repassados para a garantia de preservação do bem. Ainda sobre a atividade, não foge do contexto histórico e garante a preservação desse dado "Assis Brasil era pioneiro em propor inovações na produção agropecuária".
Finalizo dizendo que há muito mais pontos positivos na luta pela preservação deste importante bem cultural do que negativo. Recomendo o investimento de R$ 1.976.392,30 no projeto RESTAURO E REVITALIZAÇÃO DO CASTELO DE PEDRAS ALTAS - 1ª ETAPA e que havendo a segunda etapa possa ser corrigidas as falhas e/ou inclusas os apontamentos aqui feitos.
Em conclusão, o projeto “RESTAURO E REVITALIZAÇÃO DO CASTELO DE PEDRAS ALTAS - 1ª ETAPA” é recomendado para financiamento público, em razão de seu mérito cultural, relevância e oportunidade, podendo captar até R$ 1.976.392,30 (um milhão, novecentos e setenta e seis mil, trezentos e noventa e dois reais e trinta centavos) junto ao Sistema Integrado de Apoio e Fomento à Cultura.
Porto Alegre, 09 de dezembro de 2022.
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão realizada dia 09 de dezembro de 2022.
A Comissão Especial III de Avaliação de Projetos do Conselho Estadual de Cultura do Rio Grande do Sul, reuniu-se, com a presença de Bruno Rosa do Nascimento, Douglas Barbosa Pinto de Moura, Geziel da Silva de Souza, Plínio José Borges Mósca, Renata Gastal Porto. A reunião foi coordenada pelo conselheiro Geziel da Silva de Souza e teve, como secretário Bruno Rosa do Nascimento.
O projeto foi considerado prioritário e aprovado por unanimidade.
Consuelo Vallandro
Presidente do CEC/RS
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