Processo nº 00550/2023
Parecer nº 731/2023 CEC/RS
Projeto “GAITAÇO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ DO SUL - 12ª EDIÇÃO - 2024” .
PARECER:
Dimensão simbólica - A par do mérito inegável de promover uma notável reunião de músicos em torno de um instrumento de grande valor simbólico para o Estado e a região, o projeto mostra-se frágil em estabelecer um propósito para esse encontro, para além da reunião em si, do número elevado de participantes, e de seus benefícios econômicos para a cidade, derivados do turismo e limitados à data do evento. A afirmação (na dimensão simbólica) de que o projeto "propicia o alastramento de cursos de gaita em várias cidades do interior do Estado" fica por comprovar, e o potencial formativo e pedagógico desse projeto fica inexplorado. (Referimo-nos aqui especificamente ao ensino musical, e não das "tradições" e "valores" culturais propagados). Não há informações sobre as invernadas, que se supõe irão preencher a programação dos 3 dias inteiros de evento, para além das 3 atrações musicais principais, convidadas de fora. Os currículos destes são resumidos, inseridos na metodologia (não como anexos), e não se sabe se a escolha destes artistas em especial tem relação com a singularidade do evento ou a que critérios obedece. Não são citados acordeonistas locais, ou professores deste instrumento, que mereceriam ser evidenciados pelo projeto, caso existam, em benefício da cultura local.
A proposta do projeto - promover um grande encontro de gaiteiros - é original, porém não se desenvolve conceitualmente de modo a se diferenciar de outros que promovem espetáculos de música tradicionalista. Embora na 12a. Edição, o projeto não traz registros das edições anteriores, e apresenta problemas na Metodologia (ver abaixo na Dimensão Econômica)
Dimensão cidadã - Com exceção do item Acessibilidade, que está bem contemplado, o projeto não traz muitos elementos para avaliar as questões de Pluralidade e de Inclusão. (Por exemplo, quando à escolha das atrações convidadas, que não se destacam pela diversidade; ou aos integrantes das invernadas)
Todas as atividades são gratuitas e acessíveis ao público
Dimensão econômica - A planilha de custos apresenta diversos problemas, sendo o principal deles a falta de correspondência entre os fornecedores indicados na coluna "nome" e aqueles citados na Metodologia. Diversos serviços de estrutura atribuídos à empresa Mega 12 na planilha de custos constam na Metodologia como prestados pela Allebrand. A Produção consta na metodologia como função de Lisandra de Lima, mas na Planilha de Custos será paga a Allebrand. A Assessoria de Comunicação, atribuída à Lisandra na Metodologia, na Planilha de Custos seria feita pelo Proponente (CTG) Captação de recursos, na metodologia está a definir, na planilha será Lisandra. E a assessoria administrativa, atribuída a Lisandra na Metodologia, consta na planilha para Allebrand. Independente disso, uma única empresa concentra R$ 119,7 mil, ou 36% do custo total com a infraestrutura do evento. O item "encontro dos gaiteiros" está orçado com cachê único de R$ 20 mil, para uma única apresentação, sobre a qual não há detalhamento. Também há divergência entre o número de atrações principais previstas nas Metas e na Metodologia (3) e na Planilha de custos (2), resultado aparentemente da retirada de última hora do grupo Tchê Barbaridade, sem substitui-lo por outro.
Projeto solicita 100% do seu orçamento para o Procultura, não tendo outras fontes de recursos
Viabilidade - A metodologia do projeto é detalhada, porém apresenta várias desconformidades com a planilha de custos, conforme assinalado acima. Não apresenta carta de intenção de patrocínio. Não há documentação no projeto sobre as edições anteriores e os currículos dos envolvidos são resumidos na metodologia (não como anexos). São escassas as informações sobre as 11 edições anteriores.
Relevância - O projeto não apresenta declaração de apoio do Conselho Municipal de Cultura. O legado do projeto é defendido em seus aspectos econômicos e de valorização das tradições, mas deixa a desejar ao não contemplar atividades formativas para aprendizagem e aperfeiçoamento técnico no instrumento em torno do qual se organiza o evento.
Oportunidade - O projeto se enquadra na área de tradição e folclore que é a terceira mais contemplada ao longo do ano de 2023. A região funcional 9, á qual pertence Almirante Tamandaré do Sul, é uma das menos contempladas.
NOTA DE PRIORIDADE – 2,69
PONTUAÇÃO
MÁXIMA
QUESITO
NOTA
Dimensão simbólica
3
Conceituação temática
1,5
2
Originalidade e inovação estética
Dimensão cidadã
3,5
Pluralidade, acessibilidade e inclusão
Democratização do acesso / gratuidade
Dimensão econômica
Distribuição dos valores
Investimento local / próprio
1
Viabilidade
Relevância
Oportunidade
5
Nota de Prioridade
2,69
Em conclusão, o projeto “GAITAÇO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ DO SUL - 12ª EDIÇÃO - 2024” não foi recomendado a concorrer aos recursos disponíveis na priorização mensal.
Porto Alegre, 14 de setembro de 2023.
Álvaro Santi / relator
Comissão de Avaliação 5
NOTA À DIRETIVA – Constatado o fato de que a responsável legal pela entidade proponente foi eleita e nomeada conselheira SUPLENTE deste CEC, sugerimos consulta à Procuradoria do Estado quanto a eventual impedimento ou vedação.
Informe:
Sessão realizada dia 14 de setembro de 2023.
A Comissão Especial V de Avaliação de Projetos do Conselho Estadual de Cultura do Rio Grande do Sul, reuniu-se, com a presença de Álvaro Santi, Anacarla Oliveira Flores, Ben Wilson Conceição Berardi, Sandro Giordani. A reunião foi coordenada pelo conselheiro Ben Wilson Conceição Berardi, que procedeu os devidos apontamentos para a ATA.
O projeto foi considerado não recomendado para concorrer aos recursos disponíveis, obtendo a nota de 2,69 pontos sugerida pelo(a) relator(a) e aprovada por unanimidade. Lembrando que projetos com nota inferior a 4,00 não participam da priorização, podendo o proponente solicitar revisão da nota, conforme orientação do Pró-Cultura.
Alessandra Carvalho da Motta
Presidente do CEC/RS
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