Processo nº 00384/2023
Parecer nº 516/2023 CEC/RS
Projeto “TURNÊ GUILHERME MECCA – O SERTANEJO GAÚCHO - 1ª EDIÇÃO - 2023” .
Projeto na área da Música, que tem por intenção a realização de oito shows do cantor e compositor Sertanejo Guilherme Mecca e sua banda, nas cidades de Pelotas, Carlos Barbosa, Caxias Do Sul, Porto Alegre, Santa Cruz Do Sul, Passo Fundo, Santa Maria e Campinas do Sul no Estado do Rio Grande do Sul, no segundo semestre de 2023.
O projeto “Turnê Guilherme Mecca – O Sertanejo Gaúcho” tem o intuito de criar uma programação itinerante com espetáculos musicais, que tem como objetivo cultural principal contar a história da trajetória da música sertaneja no sul do país, desenvolvendo musicalmente a história de um dos ritmos de música mais apreciados nos bailes gaúchos e conhecido nacionalmente, a “Vaneira”, e, por meio desse ritmo, mostrar toda a influência e importância da cultura gaúcha na música mais popular do Brasil: o “Sertanejo”.
O proponente informa que em todos os shows haverá espaço para a participação de artistas gaúchos locais, e além disso, disponibilizando os eventos de forma gratuita ao público local e turistas (entrada franca).
DIMENSÃO SIMBÓLICA
Conceituação Temática – O projeto busca conquistar 100% do valor para a execução de uma turnê do cantor e compositor sertanejo Guilherme Mecca. A proposta, conforme a justificativa, quer representar e ressaltar a importância dos elementos culturais e simbólicos do Rio Grande do Sul associados à música, ao estilo de vida e às tradições do povo gaúcho, que influenciaram a cultura nacional brasileira através das suas correntes migratórias e ajudaram a difundir o estilo mais popular de nossa música brasileira, o “Sertanejo”.
De acordo com o proponente, a turnê visa é mesclar a música sertaneja raiz com os ritmos gauchescos, de modo especial, a Vaneira, inserindo em seu repertório, sucessos da música sertaneja tradicional, universitária e gaúcha, e canta também as suas próprias músicas inéditas sertanejas, que possuem também fortes influências da música regional do Rio Grande do Sul.
O proponente afirma que a turnê Guilherme Mecca – o Sertanejo Gaúcho foi pensada para fortalecer e valorizar a cultura popular brasileira. É, enfim, a celebração da nossa brasilidade. No entanto, o que vemos apresentados na ideia, o foco em apenas dois estilos musicais dentro do vasto território da musicalidade brasileira.
Originalidade e Inovação Estética -Trata-se de uma turnê, com apresentações musicais e uma palestra em uma escola de cada cidade que a turnê irá passar. Logo, este conselheiro relator não encontra elementos que possam tornar a ação totalmente inovadora, uma vez que não há detalhes sobre outras ações mais profundas sobre o projeto.
Pluralidade, Acessibilidade e Inclusão – Uma das ações previstas no projeto é a realização de palestras cuja temática falará sobre como é viver de música no Brasil, direcionada a alunos do Ensino Médio na rede pública do estado. Porém, não há nos anexos, nenhuma carta de anuência das escolas que receberiam as palestras, nem um breve resumo da metodologia utilizada durante a explanação do assunto para com os alunos. Ainda, cabe salientar que deveria constar no projeto, uma breve metodologia que seria utilizada nas palestras, bem como, a forma de escolha dos educandários que receberiam tal atividade.
O proponente afirma que os locais onde ocorrerão as apresentações são adequados e dentro da legislação sobre acessibilidade. No entanto, como os espaços ainda não estão definidos, conforme indica o próprio projeto, não há como conceder nota integral neste quesito, uma vez que não há essa informação. Na Metodologia, o proponente informa que os locais escolhidos serão, de preferência, em praças. Porém, não há indicativo (cartas de anuência de prefeituras), que confirmem a decisão. Há apenas o desejo do artista. Ele informa que as cartas de anuência, neste caso, serão apresentadas na pré-produção. No entanto, para a avaliação desta Comissão, são necessários todos os documentos para auxiliar no entendimento e na pontuação do projeto.
O proponente coloca na Justificativa que haverá Intérprete em Libras, porém, na planilha de custos não há indicativo do referido profissional e nem o valor a ser pago ao mesmo. Há prevista tradução simultânea, porém não está especificado se haverá algum mecanismo próprio ou será utilizada legendagem do Youtube, por exemplo.
Em sua explanação, o proponente informa ainda que em cada cidade onde a turnê irá passar haverá a apresentação de um artista local, como forma de incentivo e abertura a novos talentos. Ressalto positivamente essa intenção, no entanto, não está especificado como será escolhido o artista (envio de material, inscrição, sorteio, indicação).
Democratização do Acesso – Todos os shows serão gratuitos, em locais a definir pelo proponente.
DIMENSÃO ECONÔMICA
Em sua justificativa, o proponente informa a turnê de Shows do artista Guilherme Mecca, estará gerando mais de 500 empregos diretos e indiretos entre artistas, técnicos, equipe de produção e administração, descentralizados da capital do Estado. Estes profissionais terão a sua remuneração garantida, fomentando assim o setor da economia criativa e sua manutenção.
O proponente afirma que a aprovação do projeto é essencial, uma vez que 100% será pago por meio da Lei de Incentivo à Cultura. Não há nenhuma aplicação de recursos próprios, nem de prefeituras e nem de doações sem desconto fiscal.
Distribuição dos Valores: achei a maior parte dos valores condizentes. Chama a atenção desta Comissão de Avaliação, o valor pago ao artista principal, já que está fazendo uma turnê, com 100% de recursos e ainda vai receber um cachê relativamente alto (R$ 6 mil por apresentação), sendo que não há indicativo algum de contrapartida por parte do proponente, que é o artista em si. Além disso, os valores pagos aos demais integrantes da banda fica muito abaixo, se comparado ao valor do cantor. Cabe aqui não diminuir o talento e a capacidade artística de quem está se apresentando.No entanto, é importante salientar e apontar as discrepâncias encontradas em qualquer projeto cultural, afinal, este é o momento de avaliação do projeto.
Outro valor considerado elevado, em comparação com outras rubricas, é o pagamento de R$ 10 mil para Identidade Visual e Projeto Gráfico, enquanto a Assessoria de Imprensa irá receber menos que isso em sua totalidade, durante seis meses.
O próprio artista vai produzir os spots e cobrar por isso, quando poderia colocar como contrapartida (recursos próprios).
VIABILIDADE
O projeto apresenta quatro cartas de intenção de patrocínio, porém, nenhum indica qual valor será investido. Sugere-se que o proponente informe os valores em cada carta, como forma de fortalecer a questão da viabilidade.
Não há histórico de outros projetos ou de uma edição anterior a este projeto, até por tratar-se de uma turnê.
Considerei o planejamento logístico apresentado pelo proponente adequado.
RELEVÂNCIA
Não é possível encontrar, de fato, qual legado o projeto deixará às cidades por onde vai passar. Por tratar-se de um show, que contará com uma palestra sobre o cenário da música no Brasil, a proposta fica muito limitada ao momento, sem planejamento de ações futuras apresentadas pelo projeto.
Não há nenhuma carta de apoio ou interesse dos Conselhos Municipais de Cultura ou de outro órgão ligado à Cultura dos municípios participantes do projeto.
OPORTUNIDADE
O projeto apresenta objetivos claros sobre sua intenção, tem um planejamento adequado das ações previstas. No entanto, a distribuição dos shows é direcionada a grandes centros e não a municípios e regiões menos beneficiadas com recursos da Lei de Incentivo à Cultura ao longo dos últimos 12 meses. Trata-se também de um projeto da área de música, semelhante a outros que já foram encaminhados a este Conselho, fragilizado no que tange às diferentes linguagens e setores culturais.
CONCLUSÃO
Em todos os apontamentos feitos por este conselheiro relator, sugere-se que o proponente indique, no momento da inscrição da proposta, todas as documentações que possam comprovar as previsões de ações. Por se tratar de um evento, onde o aporte é 100%, cabe ao proponente ser o mais detalhista possível, uma vez que estamos falando da aplicação de recursos públicos em projetos culturais.
Em conclusão, o projeto “TURNÊ GUILHERME MECCA – O SERTANEJO GAÚCHO - 1ª EDIÇÃO - 2023” não foi recomendado a concorrer aos recursos disponíveis na priorização mensal.
Porto Alegre, 10 de agosto de 2023.
Informe:
Sessão realizada dia 15 de agosto de 2023.
A Comissão Especial I de Avaliação de Projetos do Conselho Estadual de Cultura do Rio Grande do Sul, reuniu-se, com a presença de Geziel da Silva de Souza, João Carlos Salgado de Los Santos, Vera Cristina Meneghini, Marcus Vinicius Jesus de Brito. A reunião foi coordenada pelo conselheiro João Carlos Salgado de Los Santos e teve, como secretário o conselheiro Geziel da Silva de Souza.
O projeto foi considerado não recomendado para concorrer aos recursos disponíveis, obtendo a nota de 2,89 pontos sugerida pelo(a) relator(a) e aprovada por unanimidade. Lembrando que projetos com nota inferior a 4,00 não participam da priorização, podendo o proponente solicitar revisão da nota, conforme orientação do Pró-Cultura.
Consuelo Vallandro
Presidente do CEC/RS
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