Processo n.º 00511/2023
Parecer n.º 735/2023 CEC/RS
Projeto “OLHARES SOBRE O RIO URUGUAI 2024” .
O projeto pretende constituir um concurso fotográfico (duas categorias – Amador e Profissional) premiando as dez melhores fotografias (escolhidas por um juri com experiência na linguagem) em cada uma delas. As fotografias premiadas serão expostas em espaço cedido pela prefeitura de Esperança do Sul, justamente em frente ao Rio Uruguai, que será seu cenário, bem como do show que celebra o evento, realizado pelo grupo musical Costeiros do Yucumã em Barra Bonita, um balneário de águas doces onde as populações, ribeirinhas ou não, vem buscar seu lazer e prazer em veraneios junto a uma natureza exuberante.
As cidades começam por fontes de água a sua história. Embora, muitas delas virem as costas para seus rios, lagoas, às vezes até limitando sua visão, sua origem, utilizando muros de contenção. É muito importante um projeto que, não somente tem o rio Uruguai como sua fonte de inspiração, como o traz para além da fruição. Ele volta a ser protagonista de uma história através das artes. O Rio Uruguai é formado em uma junção entre os rios Pelotas e Canoas, formando a divisa física entre RS e SC. Depois vai proseguir seu curso até desaguar no Rio da Prata, formando a fronteira física entre Argentina e Uruguai. É importante salientar que as fronteiras físicas não significam fronteiras culturais, ao contrário: são espaços incríveis de diálogos entre culturas, línguas e artes em geral. As barrancas do Rio Uruguai, aliás, estão inserida em importantes eventos de nossa cultura. Esse rio é um rio que fala, canta e pousa para fotografias. Se presta a ser descrito e fornece alimentos e meios de transporte que, se não existissem, deixariam as fronteiras físicas impor sua função de separação, isolamento.
O projeto ainda promove uma oficina de fotografias, como contrapartida social e educacional, oferecida às dispensas do proponente, que tem sede em Santa Rosa, é da região. E a oficina apresenta metodologia! A oficina Rolê Fotográfico será ministrada pela proponente deste projeto, Bruna Facchinello, que tem experiência com aplicação de oficinas para jovens e adultos. Rolê Fotográfico é uma contrapartida social e educacional da proponente e se trata de uma oficina prática inovadora que cativa os jovens pelo seu formato atual e divertido de gerar conhecimento. Os alunos serão apresentados a diversos equipamentos fotográficos, desde seu surgimento, até as vertentes altamente tecnologizadas de hoje. E irão fotografar a natureza! Essa verdadeira mãe cujos filhos lhe voltam as costas. A reintegração entre cultura e natureza, tão ricamente abordada pelo Antropólogo Claude Levy-Strauss em seu sublime “O Mal Estar da Civilização” é de uma dimensão simbólica empolgante, para esse relator. Ah, a composição dos alunos selecionados para a oficina, serão feitos em conjunto com o Conselho Municipal da Cultura de Esperança do Sul. Não é o que pedimos, sempre, a valorização pelos projetos de seus Conselhos Municipais da Cultura? Pois, bem. Isso está mais do que acordado nos Planos Nacional e Estadual da Cultura do RS.
A dimensão simbólica do projeto deve ser traduzida em uma nota máxima, por toda essa riqueza e sensibilidades que o projeto empresta. É da maior importância regionalmente e mais, tem como protagonista um rio que ajuda a constituir uma identidade do RS. Deixa legados, a exposição, após ocorrer, passa a ser patrimônio público pela Prefeitura, que apoia. Naõ fosse isso, o legado de ter um patrimônio cultural dessa importância, já seria suficiente. E traz a música, também para a beira do Uruguai. E não é um sertanejo ou axé, que são estilos impportantes mas que não dialogariam com a cultura local e regional, nesse projeto. O grupo Costeiros do Yucumã já traz no nome uma simbiose entre a Cultura e a Natureza, não sua oposição. Atualmente o grupo é composto por 10 (dez) integrantes, todos, associados e colaboradores do Grupo de Arte e Cultura Costeiros do Yucumã. Além da música e realização dos festivais, o Grupo também atua na proteção, recuperação e preservação do meio ambiente, destacando-se neste o Rio Uruguai.
De enorme inovação estética, ao mimetizar o Rio personagem do Concurso, das fotografias, em cenário para sua contemplação. Belissimo enfoque e solução poética. Cada balsa que permite sua travessia, tem junto uma travessia de saberes e fazeres, inerentes às populações e independentemente de suas nacionalidades. Se o Rio já é, ecologicamente, a fonte de vida de populações, ele também é a fonte das dinâmicas Culturais que esses diálogos que cada travessia oferece, proporciona e sustenta.
Sobre a dimensão cidadã, o regulamento do concurso veda a participação de obras que contenham discriminações étnicas, credo, gênero ou nacionalidade. Está no regulamento. O projeto resultará, ainda em um site, com todas as obras disponíveis para visitação universal, importante fonte de pesquisa, educacional e artística. A exposição percorrerá Escolas da Rede Pública de Esperança do Sul, de onde também serão convidados os alunos da oficina que, repito: tem metodologia.
A inclusão de Libras na abertura da exposição e no show musical, reserva de cadeiras cedidas pela própria Prefeitura, às margens do Rio, assim como uso de banheiros especiais, garante fortes ações inclusivas. Uma pena não se preocuparem em audiodescrição no site e na exposição, para incluir pesssoas com deficiência visual em sua fruição pretendida. Não há, também, nenhuma referência a LGTBQI+ ou etnicamente desfavorecidas pela nossa história através dos tempos, o que poderia ser obtido com uma preocupação com cotas.
Garantir a participação de excluídos social, étnica ou economicamente, deve ser, sempre, uma preocupação com projetos culturais financiados via verba pública, repor, é minimizar as ações de exclusão instituidas ao longo dos tempos.
Na dimensão econômica, encontramos uma metodologia extremamente adequada ao projeto. Uma distribuição muito equilibrada e condizente nos custos que garantem a realização dos objetivos. Não há nenhuma concentração excessiva ou não justificada. Todos os custos com inclusão estão previstos na planilha orçamentária. Não há predominância da administração sobre o artístico. Há a previsão orçamentária para ações inclusivas. A divulgação está bastante condizente com os objetivos propostos. Não haveria como não conferir nota máxima.
O projeto traz consigo uma carta de intenção de patrocínio quase que no valor total. Apoio logístico – que se traduz em financeiro – por parte da prefeitura. Um trabalho articulado com o Conselho Municipal de Cultura.
A relevância é extrema. A oportunidade, idem. A viabilidade, está atestada, ainda mais pelos apoios da comunidade.
Um belo projeto. Aqueles que a gente gostaria de estar lá. Parabéns.
Em conclusão, o projeto “OLHARES SOBRE O RIO URUGUAI 2024” foi recomendado a concorrer aos recursos disponíveis na priorização mensal, de acordo com o valor de R$ 181.640,00 (cento e oitenta e um mil e seiscentos e quarenta reais) solicitado pelo proponente junto ao Sistema Integrado de Apoio e Fomento à Cultura.
Porto Alegre, 19 de setembro de 2023.
Solicitação de recurso.
Recurso para revisão de nota do projeto OLHARES SOBRE O RIO URUGUAI 2024. Primeiramente gostaríamos de agradecer ao parecerista pelo olhar atento ao nosso projeto e por perceber nele suas qualidades técnicas e artísticas. O parecer escrito detalhou com zelo aspectos do projeto que para nós são primordiais e foi muito bom poder ler esse parecer. Entendemos a questão levantada no quesito de pluralidade, acessibilidade e inclusão e por esta ser também uma preocupação da proponente, viemos através deste recurso afirmar que, após conversa com a empresa que será responsável pelo site do projeto, iremos garantir a audiodescrição no mesmo. A empresa afirmou que o serviço de audiodescrição está incluso no valor passado para o projeto. Embora este não seja o momento de apresentarmos o referido orçamento, em função das regras para os recursos, ficaremos felizes em fazê-lo após a aprovação para o SAT. No dia da exposição contaremos com a presença da intérprete de libras e também iremos disponibilizar uma televisão reproduzindo o conteúdo do site com a audiodescrição para atender o público com deficiência visual. O parecerista também mostrou preocupação com a ausência de referência a LGTBQIA+ ou etnicamente desfavorecidas pela nossa história através dos tempos. Realmente essa é uma preocupação que precisamos ter. Infelizmente até o momento não temos essas informações de nossos fornecedores e prestadores de serviço para poder expressar a presença de minorias dentro da proposta. No entanto, acreditamos que ela deva existir dada a complexidade da composição étnica racial de nosso estado e país e também dada a busca desta proponente por empresas idôneas e éticas que praticam ações de inclusão social. Ficamos felizes por este ser um projeto que conta com a participação de mulheres em todas as frentes, na própria proponente que é também fazedora de cultura e oficineira, entre os fornecedores de estruturas para o evento, na curadoria que conta com uma jurada mulher, na gestão de redes da divulgação e na administração da proposta que conta com a expertise de uma mulher com larga carreira no setor cultural. Estamos gratos pela oportunidade e pela nota atribuída ao projeto, solicitamos apenas que se possível, seja feita a revisão deste quesito levando em conta as informações fornecidas neste recurso. Desde já agradecemos o ótimo trabalho do conselheiro.
RESPOSTA AO PEDIDO DE REVISÃO.
A relatoria entende que, mesmo tendo sido deixado de lado um instrumento por excelência inclusivo para todo um conjunto significativo de nossa população, a Audiodescrição, aceita o argumennto que ela está contemplada no mesmo orçamento destinado pela embresa já responsável pela tradução em Libras. Não tenho nenhum motivo para desconfiar da afirmação de proponentes com objetivos de tamanha importância em seu projeto. Aceito, portanto o recurso quanto a Acessibilidades. Já no outro quesito, concordo com a impossibilidade de saber sobre a presença ou não de PCDs, Negros ou povos originários em sua composição através do desconhecimento quanto as formações das equipes e outros que participarão do projeto. Trata-se, porém, de um Festival, um certame de obras fotográficas. Um mínimo plausível de cotas (quando necessário por haver inscrições) desses componentes de nossa população, teria sido uma ótima oportunidade de assegurar a presença daqueles que merecem nossas ações de reparação e inclusão. Notem, não se trata de nenhuma ideologia. Mas, sim, do reconhecimento de que esses cidadãos, nem sempre foram tratados como tal. Há uma dívida da sociedade para com eles, que precisam de ações inclusivas e mais, reparaçãopara tenttar lhes repor o mínimo de condições de igualdade. Isso se realiza através de Políticas Públicas, sobretudo na àrea da Cultura. Não reconhecendo o argumento como um todo. De qualquer maneira, o excelente projeto tem uma nota que traduz suas qualidades. E, tenho certeza, o próximo será ainda melhor. Parabéns e pretendo ir ao evento.
Após análise do pedido de recurso a nota de prioridade permanece 4,92.
Em conclusão, o projeto “OLHARES SOBRE O RIO URUGUAI 2024” foi recomendado a concorrer aos recursos disponíveis na priorização mensal, de acordo com o valor de R$ 181.640,00 (cento e oitenta e um mil e seiscentos e quarenta reais), solicitado pelo proponente junto ao Sistema Integrado de Apoio e Fomento à Cultura.
Porto Alegre, 04 de outubro de 2023.
Informe:
Sessão realizada dia 04 de outubro de 2023.
A Comissão Especial V de Avaliação de Projetos do Conselho Estadual de Cultura do Rio Grande do Sul, reuniu-se, com a presença de Álvaro Santi, Anacarla Oliveira Flores, Ben Wilson Conceição Berardi. A reunião foi coordenada pelo conselheiro Ben Wilson Conceição Berardi e teve, como secretário o conselheiro Álvaro Santi.
O projeto foi considerado prioritário obtendo a nota de 4,92 pontos sugerida pelo(a) relator(a) e aprovada por unanimidade.
Alessandra Carvalho da Motta
Presidente do CEC/RS
Processo nº 00511/2023
Parecer nº 735/2023 CEC/RS
O Projeto pretende constituir um concurso fotográfico (duas categorias – Amador e Profissional) premiando as dez melhores fotografias, escolhidas por um juri com experiência na linguagem) em cada uma delas. As fotografias premiadas serão expostas em espaço cedido pela Prefeitura de Esperança do Sul, justamente em frente ao Rio Uruguai, que será seus cenário, bem como do show que celebra o evento, realizado pelo Grupo musical Costeiros do Yucumã em Barra Bonita, um balneário de águas doces onde as populações, ribeirinhas ou não, vem buscar seu lazer e prazer em veraneios junto a uma natureza exuberante.
As cidades começam por fontes de água a sua história. Embora, muitas delas virem as costas para seus rios, lagoas, ás vezes até limitando sua visão, sua origem, utilizando muros de contenção. É muito importante um projeto que, não somente tem o rio Uruguai como sua fonte de inspiração, como o traz para além da fruição. Ele volta a ser protagonista de uma história através das Artes. O Rio Uruguai é formado em uma junção entre os rios Pelotas e Canoas, formando a divisa física entre RS e SC. Depois vai proseguir seu curso até desaguar no Rio da Prata, formando a fronteira física entre Argentina e Uruguai. É importante salientar que as fronteiras físicas não significam fronteiras culturais, ao contrário: são espaços incríveis de diálogos entre culturas, línguas e Artes em geral. As barrancas do Rio Uruguai, aliás, está inserida em importantes eventos de nossa Cultura. Esse rio é um rio que fala, canta e pousa para fotografias. Se presta a ser descrito e fornece alimentos e meios de transporte que, se não existissem, deixariam as fronteiras físicas impor sua função de separação, isolamento. Ainda promove uma oficina de fotografias, como contrapartida social e educacional, oferecida às dispensas do proponente, que tem sede em Santa Rosa, é da região. E a oficina apresenta METODOLOGIA! A Oficina Rolê Fotográfico será ministrada pela proponente deste projeto, Bruna Facchinello, que tem experiência com aplicação de oficinas para jovens e adultos. Rolê Fotográfico é uma contrapartida social e educacional da proponente e se trata de uma oficina prática inovadora que cativa os jovens pelo seu formato atual e divertido de gerar conhecimento. Os alunos serão apresentados a diversos equipamentos fotográficos. Desde seu surgimento, até as vertentes altamente tecnologizadas de hoje. E irão fotografar Natureza! Essa verdadeira Mãe cujos filhos lhe voltam as costas. A reintegração entre Cultura e Natureza, tão ricamente abordada pelo Antropólogo Claude Levy-Strauss em seu sublime “O Mal Estar da Civilização” é de uma Dimensão Simbólica empolgante, para esse relator. Ah, a composição dos alunos selecionados para a oficina, serão feitos em conjunto com o Conselho Municipal da Cultura de Esperança do Sul. Não é o que pedimos, sempre, a valorização pelos projetos de seus Conselhos Municipais da Cultura? Pois, bem. Isso está mais do que acordado nos Planos Nacional e Estadual da Cultura do RS.
A Dimensão Simbólica do projeto deve ser traduzida em uma nota máxima, por toda essa riqueza e sensibilidades que o projeto empresta. É da maior importância regionalmente e mais, tem como protagonista um Rio que ajuda a constituir uma identidade do RS. Deixa legados, a exposição, após ocorrer, passa a ser patrimônio público pela Prefeitura, que apoia. Naõ fosse isso, o legado de ter um patrimônio cultural dessa importância, já seria suficiente. E traz a música, também para a beira do Uruguai. E não é um sertanejo ou axé, que são estilos impportantes mas que não dialogariam com a cultura local e regional, nesse projeto. O grupo Costeiros do Yucumã já traz no nome uma simbiose entre a Cultura e a Natureza, não sua oposição. Atualmente o grupo é composto por 10 (dez) integrantes, todos, associados e colaboradores do Grupo de Arte e Cultura Costeiros do Yucumã. Além da música e realização dos festivais, o Grupo também atua na proteção, recuperação e preservação do meio ambiente, destacando-se neste o Rio Uruguai.
Sobre a Dimensão Cidadã, o regulamento do concurso veda a participação de obras que contenham discriminações étnicas, credo, gênero ou nacionalidade. Está no regulamento. O projeto resultará, ainda em um site, com todas as obras disponíveis para visitação universal, importante fonte de pesquisa, educacional e artística. A exposição percorrerá Escolas da Rede Pública de Esperança do Sul, de onde também serão convidados os alunos da oficina que, repito: tem METODOLOGIA.
Na Dimensão Econômica, encontramos uma metodologia extremamente adequada ao projeto. Uma distribuição muito equilibrada e condizente nos custos que garantem a realização dos objetivos. Não há nenhuma concentração excessiva ou não justificada. Todos os custos com inclusão estão previstos na planilha orçamentária. Não há predominância da administração sobre o artístico. Há a previsão orçamentária para ações inclusivas. A divulgação está bastante condizente com os objetivos propostos. Não haveria como não conferir nota máxima.
O projeto traz consigo uma carta de intenção de patrocínio quase que no valor total. Apoio logístico – q se traduz em financeiro – por parte da Prefeitura. Um trabalho articulado com o Conselho Municipal de Cultura.
A relevância é extrema. A Oportunidade, idem. A Viabilidade, está atestada, ainda mais pelos apoios da comunidade.
Sessão realizada dia 19 de setembro de 2023.
A Comissão Especial V de Avaliação de Projetos do Conselho Estadual de Cultura do Rio Grande do Sul, reuniu-se, com a presença de Álvaro Santi, Anacarla Oliveira Flores, Ben Wilson Conceição Berardi, Loma Berenice Gomes Pereira, Sandro Giordani. A reunião foi coordenada pelo conselheiro Ben Wilson Conceição Berardi e teve, como secretária a conselheira Loma Berenice Gomes Pereira.
O projeto foi considerado recomendado para concorrer aos recursos disponíveis, obtendo a nota de 4,92 pontos sugerida pelo(a) relator(a) e aprovada por unanimidade. Lembrando que o proponente pode solicitar o pedido de revisão da nota, conforme orientação do Pró-Cultura, ou aguardar que o projeto concorra aos recursos na rodada de priorização mensal.
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