1º - A UM TOQUE DE SUAS TECLAS - 2021Processo: 21/1100-0000881-6 | Data de entrada: 26/04/2021 | Situação atual: Arquivado - Término dos prazos Área/Segmento cultural: AUDIOVISUAL: Prod. cinema em CURTA OU MÉDIA-metrag Local de realização: CAXIAS DO SUL |
Identificação: A presente proposta prevê a produção de um curta-metragem ficcional, no gênero “drama fantástico” sob o título “A UM TOQUE DAS SUAS TECLAS\". Com roteiro original de Leandro Daros, aborda o tema da crescente proeminência da virtualidade nas relações interpessoais. O filme será produzido utilizando equipamento e equipe técnica profissionais, predominantemente locais, com locações em Caxias do Sul, objetivando a desejável regionalização dos recursos da LIC RS, a fim de fomentar a cadeia cultural local e regional do audiovisual. (Sobre Proposta Narrativa, Fotografia, Arte, Trilha Sonora, Projeto de Som e Locações ver “PROPOSTA DO DIRETOR” nos anexos). “A um toque das suas teclas” é um drama que flerta com o realismo fantástico visando abordar a questão da realidade virtual no contexto das relações interpessoais entre jovens “conectados” do universo urbano. O roteiro apresenta uma narrativa essencialmente dramática, mas com muitas passagens líricas (com elementos trazidos do cinema fantástico) – daí o hibridismo do gênero proposto. Com foco na perspectiva do personagem João, o protagonista, o qual vivencia a experiência de ter que administrar seus impulsos amorosos em paralelo a uma realidade de supervalorização da experiência virtual em seu meio. Essa realidade virtual, aqui apresentada como um tipo novo de “subjetivismo”, dificulta seu posicionamento numa festa noturna, onde, apesar de contar com o impulso extra da bebida alcoólica, e, em parte, também por causa disso, as fronteiras entre o real e o imaginário se apresentam ainda mais borradas. A situação gera uma série de conflitos que se manifestam pela imposição do seu imaginário, em contraposição ao desenrolar real dos fatos. Na expectativa de se envolver com a “menina celebridade”, a tensão concorre com o desejo e a necessidade de (se) provar ao amigo sua masculinidade, dispara um universo de elucubrações fantasiosas. Na criação do roteiro, o autor procurou deixar, propositalmente, aberta a lacuna entre a realidade e a fantasia, criando cenas que bem podem ou poderiam ser vinculadas à realidade. Aqui fica explícito o interesse do autor em jogar com o espectador, tirando-o da passividade e propondo um jogo de interpretação onde cada um poderá chegar às próprias conclusões. Tanto no desenrolar da trama, quanto no desfecho - momento pós-clímax - em que a temática central do trabalho e sua premissa (tese) se condensam, uma pergunta fica no ar: estaremos substituindo a consumação amorosa física, presencial, dual pela recompensa fácil e segura do elogio/deleite virtual, coletivo, múltiplo e sem limites? Sabe-se que mudanças profundas vêm acontecendo na sociedade contemporânea, ao longo das últimas duas décadas, principalmente no que se refere ao advento da revolução tecnológica. Especialmente a partir da chegada dos smartphones, que possibilitaram acesso à vasta gama de aplicativos de comunicação, sites, portais de notícias e especialmente redes sociais. Isso permitiu que qualquer pessoa conectada possa permanecer o tempo que quiser (e/ou puder), em contato com outros, numa interatividade praticamente inconcebível, há apenas uma década. Essa surpreendente acessibilidade transformou a maneira como nos relacionamos, como vemos as distâncias físicas, como planejamos nosso dia-a-dia e facilitou, sobremaneira, a troca e a obtenção de informações - sejam elas quais forem, positiva ou negativas. No entanto, como quase tudo na vida, quando utilizada de maneira exagerada, passa a gerar também malefícios. Estudos científicos diversos já comprovam que o uso exagerado de celulares, computadores e toda a interminável parafernália de aplicativos inerentes, podem gerar doenças psíquicas e físicas. Nomes como “Síndrome de Toque Fantasma”, “Nomofobia”, “Cibercondria”, apenas para citar alguns, já começam a tomar espaço nos consultórios médicos, especialmente nas sociedades mais avançadas do ponto de vista cibernético. Nosso projeto de curta-metragem vem justamente para refletir sobre essa realidade, que se apresenta ainda discreta em termos de Brasil, mas que avança a passos rápidos para atingir números mais preocupantes. Focamos aqui, numa abordagem que problematiza as relações interpessoais de cunho amoroso, num contexto entre jovens, onde a inclusão digital se dá de forma ainda mais acentuada. Por meio da apresentação de uma trama que explicita a onipresença dessa virtualidade no dia-a-dia do personagem principal, em sua tentativa de posicionar-se como um igual perante seus pares, mesmo que isso lhe traga consequências, às vezes desagradáveis, às vezes perigosas. Além disso, coloca o personagem numa situação de confusão mental, onde o real e o imaginário (idealizado) se amalgamam, gerando grande tensão e expondo o conflito interno do personagem, que parece não saber mais como agir numa “situação real” de aproximação/sedução junto a outra pessoa. E quando o faz, acaba por encontrar uma “igual”, cujo interesse pelo “outro” não vai muito além de um contato simbólico – um único beijo, imediatamente esvaziado e transformado em matéria de postagem para o “deleite coletivo”. Acreditamos que tratar dessas questões, em projetos artísticos, têm uma importância muito grande e merece ser estimulado. O audiovisual é uma das formas de arte mais ricas em termos de possibilidades narrativas. E, propiciar às pessoas vivenciar situações extremas como essa, geram questionamentos e fazem antever caminhos pelos quais podemos estar andando, sem nos darmos conta para onde eles nos levarão. Por fim, vale ressaltar que o segmento dos curtas-metragens, por sua desvinculação do mainstream do cinema, tem esse papel de buscar novas linguagens, tanto na forma de apresentação de suas narrativas, quanto na liberdade dos conteúdos abordados e, assim, gerar grandes pequenas peças de arte. Na ideia implícita de obras que, ou atraem, ou provocam, ou chocam ou (des) agradam. Ou, ainda, tudo isso ao mesmo tempo, fazendo com que o espectador, de alguma maneira, saia da sua zona de conforto e ventile seu pensamento com visões inusitadas/inesperadas de uma realidade que poderá chegar (ou não), em algum momento. Para esse importante debate, na ocasião dos eventos de lançamentos do filme, que acontecerão de forma presencial e virtual, conforme os protocolos sanitários vigentes à época, estão previstas duas sessões comentadas. As sessões se darão no formato de um bate-papo entre o diretor/roteirista e uma psicanalista, com mediação de uma jornalista, junto ao público presente ou virtual, abordando temas como o impacto da virtualidade no contexto das relações interpessoais entre jovens “conectados”, o papel da arte na problematização de conflitos socio-culturais, o processo criativo do diretor, a forma de financiamento do projeto, entre outros. Esse bate-papo será disponibilizado nas redes sociais do projeto, visando a ampliar o alcance da ação. |
Período de realização: a | |
Valor aprovado: R$ 75.200,20 | Vigência da captação: 22/01/2022 |
Valor captado: R$ 0,00 | |
Valor liberado: R$ 0,00 | |
Valor autorizado para execução: R$ 75.200,20 | |
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