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Consulta de Projetos Culturais


Ilópolis 60 Anos

Processo: 1160/2022 | Data de entrada: 30/11/2022 | Situação atual: Arquivado - Não Prioritário
Produtor cultural: ASSOC. DOS AMIGOS DOS MOINHOS DO VALE DO TAQUARI

Área/Segmento cultural: LITERATURA: Impressão de livro, revista e outros

Local de realização: ILÓPOLIS


Identificação:

A história é a ciência que estuda a vida do homem através do tempo. Ela investiga o que fizeram, pensaram e sentiram enquanto seres sociais. Em um pequeno município, a sua história vai além do que os documentos oficiais apresentam, esta ligada aos acontecimentos do lugar e da vida das pessoas que por este espaço circularam. Situada nas bordaduras da Serra Geral, limítrofe entre os municípios de Soledade e Lajeado, a região de difícil acesso, antes denominada de Serra da Figueira, onde hoje se localizam Ilópolis e Arvorezinha, além de outros municípios que compõem o Alto Taquari, foi sendo ocupada e colonizada dentro das três ondas migratórias que caracterizam o recente povoamento do nosso Estado. Em termos cronológicos, na primeira onda, a cerca de 12 mil anos AP (antes do presente), pelos Caçadores Coletores; na segunda onda, a cerca de 2 mil anos AP, pelos Jê Meridionais e os Guarani. Por fim, a terceira onda migratória, a partir do século dezesseis, é caracterizada pela chegada dos colonizadores europeus e junto a estes, não de forma espontânea, os escravizados africanos. A colonização italiana no Vale do Taquari teve início ainda na década de 1880, contribuindo para a formação étnico-cultural da região. Além da bagagem carregada no lombo de mulas, em picadas abertas à facão, os imigrantes trouxeram com eles os costumes, os hábitos, o modo de viver da cultura italiana, que na região manifesta-se em vários aspectos, sobretudo na culinária, na arquitetura e na religião. Em Ilópolis, devido à dificuldade de acesso, a chegada de imigrantes italianos e seus descendentes, em sua maioria já estabelecidos na Primeira Colônia, se dá nas primeiras décadas do século 20, por volta de 1906 e 1912. E para entender como se deu a formação do povoado é necessário conhecer um pouco da biografia de quatro personagens, fundamentais para a criação do povoado, Cesare Leopoldo Spezia, José Bozzetto, Augusto Tomasini e João Tomasini. Italianos que para cá vieram atraídos por sua riqueza madeireira, dada a densa mata subtropical que aqui existia, e de onde sobressaía imponente o pinheiro Araucária. Do seu uso, uma identidade arquitetônica única se configurou pelos ´casettes di legno´ como denominou o Padre Giovanni Sofia, importante estudioso da obra dos missionários Carlistas Escalabrinianos pelo mundo, na região representada pelo rico acervo de moinhos e que em Ilópolis, ainda hoje é representada – além do Conjunto Arquitetônico Museu do Pão e do Moinho Colognese, patrimônio material preservado – por um pequeno conjunto de casarios antigos, estilo Chalet Alpino, já referenciados há pelo menos 3 décadas nos livros do arquiteto e estudioso da arquitetura da colonização, Júlio Posenato como dignos de preservação, e hoje, por intermédio da Associação dos Amigos dos Moinhos - AAMoinhos, e sensibilidade do Poder Público do município, em processo de tombamento e restauro. Esta mesma riqueza, a araucária, uma vez explorada, revelou, ainda, outra riqueza nativa: a erva-mate, herança indígena apropriada pelos colonos e hoje motor econômico da região e que, em Ilópolis, representa o sustento de cerca de 950 famílias de agricultores. Deste processo, mesmo que recente, um rico legado permanece vivo, alguma parte, genérica, em registros acadêmicos feitos da região, mas outro, ainda mais substancial, subjetivo e identitário, na memória dos antigos, nos documentos e fotos de família, que, passado o seu tempo, tendem a levar a história de todos somente consigo e as lembranças em papel, a se perder, sem que se tenha um registro profundo e permanente daquilo que viveram, experienciaram, transformaram. Vem daí, também, a importância das ações da AAMoinhos enquanto entidade privada sem fins lucrativos, teimosamente dedicada à preservação da memória e da cultura da imigração no Alto Taquari, seja pela gestão do Conjunto Arquitetônico Museu do Pão, premiado equipamento cultural dedicado à preservação da arte branca (molinologia); na coordenação do projeto de conteúdo do Museu do Tijolo, em Arvorezinha; e na cordenação do projeto de restauro da Casa Martelli, em Anta Gorda, estes dois últimos financiados pela LIC/RS, no desenvolvimento dos roteiros culturais e turísticos ´Rota da Erva-Mate´ e ´Caminho dos Moinhos” como um novo recurso econômico para a comunidade ilopolitana e região do Alto Taquari. Cabe, também, relevar a experiência da entidade em executar o projeto de livro impresso e digital “De Esperança a Vespasiano Corrêa - Seu povo, suas memórias”, realizado em parceria com o município de Vespasiano Corrêa e viabilizado via LIC/RS no ano de 2021, e que muito, também, compartilha da história geral de seus povos, configurando para o Livro de Ilópolis, um importante arcabouço de pesquisas já realizadas sobre as suas ondas migratórias. Entendemos ser, desta forma, um importante catalisador das políticas afirmativas da Secretaria da Cultura do Governo do Estado do Rio Grande do Sul quanto à descentralização de recursos e valorização da territorialidade, diversidade, cultura e representatividade de seus 497 municípios, apoiando a mesma no estímulo ao desenvolvimento das potencialidades regionais, em especial da cadeia produtiva da Cultura de pequenos municípios. É, portanto, no intento de pesquisar e registrar com rigor acadêmico esta memória, e produzir a partir dela tanto um produto imediato, palpável, ricamente ilustrado, quanto compor um acervo de documentos, histórias e relatos orais, fotografias, antigas e contemporâneas – que a AAMoinhos mais uma vez se une ao Centro de Memória da Universidade do Vale do Taquari – Univates, com o apoio institucional da Prefeitura Municipal de Ilópolis, na proposição e consequente viabilização deste projeto de pesquisa, produção e edição de livro impresso e digital sobre a formação cultural do município de Ilópolis, no ano em que se comemoram os sessenta anos de sua emancipação.

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