Lei de Incentivo à Cultura Secretaria da Cultura

Projetos

Consulta de Projetos Culturais


1º - Feitos para durar: o pioneirismo do design de móveis na Serra Gaúcha - 2023

Processo: 00208/2023 | Data de entrada: 20/04/2023 | Situação atual: Arquivado - Não Prioritário
Produtor cultural: Giuliana Neuman Farias 92230253034

Área/Segmento cultural: ARTES VISUAIS: artes gráficas

Local de realização: CANELA


Identificação:

"Feitos para durar: o pioneirismo do design de móveis na Serra Gaúcha" é um projeto de pesquisa e produção de Livro Impresso, com textos em Português e Inglês, contendo um conjunto detalhado e ilustrado de levantamentos sobre a histórica cultura moveleira da Região das Hortências, que tem por objetivo investigar a influência do design na trajetória do setor até os dias de hoje, evidenciando importantes nomes da cultura regional como Elisabeth Rosenfeld, Natalino Tomasi e Hans Dinnebier. Através de pesquisa cultural e histórica, entrevistas e outros levantamentos, o projeto pretende relacionar o legado deixado por tais artistas na região e sua influência na valorização dos produtos locais do setor moveleiro, mencionando inclusive, o caráter extrativista nas zonas de florestas, os usos e saberes tradicionais da madeira e a sustentabilidade, seja quanto ao adequado manejo de recursos e o consequente desenvolvimento local e meio ambiente, seja no que tange à perenidade dos objetos e móveis produzidos pela região, quase sempre, feitos para durar. Entre as dádivas da natureza, a madeira foi a mais rica fonte da economia e da cultura, características da formação de Canela, RS. Pioneiros e imigrantes que vislumbraram um futuro brilhante para a região, no despertar do século XX trouxeram as serrarias, o trem, a fábrica de celulose, os turistas, os hotéis e o progresso. As florestas de araucárias dos Campos de Cima da Serra, como testemunhas da história, foram transformadas em casas, em mobília, em alimento e fogo. As linhas de trem da centenária Estação Campos de Canella foram concluídas na década de 1920 e com a "Maria-fumaça”, o lugar deu um salto de desenvolvimento. Os vagões traziam à cidade as encomendas para abastecer os armazéns da região e na volta, partiam levando de tudo: suínos, feijão, ovos, cartas e, sobretudo, madeira. As serrarias se espalharam por toda a região. Eram muitas e o pinheiral começou a ser derrubado. A extração da madeira era feita de forma desordenada e sem controle, o que levou à exploração excessiva e à devastação da floresta, gerando o empobrecimento e o desaparecimento da paisagem natural. A araucária, árvore típica do Sul do Brasil e presente nos cartões postais da Serra Gaúcha, está ameaçada de extinção. Já ocupou 25% do território gaúcho, mas hoje está presente em apenas 1%. A Floresta Nacional de Canela e o Parque do Pinheiro Grosso, no mesmo município, atuam na preservação. Leis ambientais foram criadas e Canela definiu sua Floresta Nacional, em 1968, atualmente a cargo do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, visando o uso sustentável dos recursos florestais, o turismo e a pesquisa científica. Canela abriga também uma Floresta de Sequóias e o Museu da Araucária. Os imigrantes trouxeram consigo uma diversidade de saberes, dentre eles, a produção de móveis artesanais em madeira, que se tornou uma importante fonte de renda que, na década de 1950, assumiu escala industrial impulsionada pela demanda crescente do mercado. Foi nesta época que chegou na região, a alemã Elisabeth Rosenfeld, artista múltipla, que deixou seu legado através do ensino de variadas técnicas como artesanato, tear, mobiliário até esculturas. Foi a criadora da estatueta "Kikito", originalmente esculpida em madeira, reconhecidamente o prêmio máximo do cinema no Brasil, patrimônio cultural de Gramado. Pioneira, através da "Artesanato Gramadense" formou diversos mestres no entalhe em madeira, como Xixo, Nailôr Benetti e os irmãos Remi e Romeu. Natalino Tomasi foi um renomado e visionário designer - artista metalúrgico, consagrado pela sua arte na manipulação em ligas de bronze (latão), que iniciou suas atividades na região, tendo influenciado uma série de artistas. Outro imigrante que fez história na região foi Hans Dinnebier, que instalou-se em Gramado com a sua Loja de Móveis em Vime, especialista na técnica artesanal de trançar e entrelaçar fibras naturais. Estas foram algumas pessoas que se destacaram pela convivência e cooperação contribuindo para o fortalecimento do setor artesanal e inspirando novas gerações a seguirem o mesmo caminho. Esta linguagem de caráter local, na qual são empregados materiais e recursos do próprio ambiente onde o artista está inserido, é considerada essencialmente sustentável pela sua integração e uso de materiais orgânicos. Os produtos do setor moveleiro regional tornaram-se uma referência em qualidade, durabilidade e design. Um “móvel de Gramado” possui praticamente um "certificado de origem" automático. Notório saber. Os móveis em madeira da Serra Gaúcha são feitos para durar. Ao atribuir conceitos como design e sustentabilidade ao setor moveleiro, destacamos a recente revitalização da Casa Auxiliadora, “alma matter” de Canela, que na sua restauração, fez uso dos caibros de araucária nativa (com furos e marcas de uso), que sobraram da sua restauração e foram transformados pelos critérios do premiado designer de móveis Aristeu Pires em 140 peças, a maioria poltronas, cadeiras e algumas mesas, que serão utilizadas nas acomodações do hotel conceito - a ser inaugurado no local. A Casa Auxiliadora é um prédio histórico, situado ao lado da Igreja de Pedra, originalmente "Ginásio Nossa Senhora Auxiliadora", hoje revitalizado, possui diversos empreendimentos, dentre restaurante, lojas e confeitaria. Este projeto pretende investigar o que faz da Região das Hortências uma referência quando se pensa em artesanias. Pois é nítida a evidência de que os sujeitos e grupos daquela região constroem um sentido social e cultural sobre as coisas que produzem. O livro vai demonstrar as influências que levaram a Região das Hortências a pensar melhor sobre as coisas comuns, evidenciando a importância das tradições culturais e o valor da colaboração. E a cena regional continua a atrair artistas residentes nas mais diversas áreas. Percebe-se que a economia voltada ao turismo é o ambiente ideal para o empenho local em bem servir e em fazer bem as coisas materiais. E é nesta cena que surge, a cada temporada, a abertura novos empreendimentos e manufaturas de design de móveis, como a de Aristeu Pires, destacado por seu trabalho em madeira. Quando se estabeleceu em Canela com a intenção de fazer móveis artesanais de design contemporâneo e funcional, os madeireiros já haviam ido embora com o final das serrarias, mas o conhecimento ficou com alguns poucos e, com habilidade e sensibilidade, Aristeu soube aprender, captar e resgatar talentos, formando uma equipe qualificada que emprega hoje, quase 100 pessoas. Remetendo ao conceito de Norberg-Schulz (1984), cada lugar contém uma essência. Essa essência pode ser considerada a identidade. A essência ou a identidade distingue um lugar de qualquer outro, lhe conferindo uma natureza singular. Mais do que em outra, é na arquitetura vernacular que se imprime o caráter de um lugar, pois ela se destaca pela sensibilidade e respeito às condições locais do meio, conjugando de forma espontânea, criativa e diversificada as esferas espaciais, ambientais e humanas, em um dado tempo histórico. O livro "Feitos para durar: o pioneirismo do design de móveis na serra gaúcha" terá um perfil histórico cultural, resultado da pesquisa de campo na região serrana do Rio Grande do Sul, que é um dos berços da indústria moveleira nacional e pretende dimensionar quais as influências culturais na produção de móveis se destacam no cenário atual: a influência dos costumes, tradições e saberes da carpintaria tradicional, associados ao design livre e elegante da contemporaneidade e vice-versa. O livro apresentará registro de tal pesquisa com fotografias, textos relacionando experiências, entrevistas e relatos dos agentes sociais envolvidos, sua cultura e sua história. Ao final, os resultados serão formatados, promovendo uma reflexão sobre temas importantes como tradição, cooperação, sustentabilidade, inovação e design.

Precisa de ajuda?

Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul
Departamento de Fomento
Centro Administrativo do Estado: Av. Borges de Medeiros 1501, 10º andar - PORTO ALEGRE - RS

PROCERGS 2024
Estado do Rio Grande do Sul