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Consulta de Projetos Culturais


1º - Vinhos do Brasil - 2022

Processo: 00097/2023 | Data de entrada: 06/03/2023 | Situação atual: Arquivado - Não Prioritário
Produtor cultural: Coletivo Pé de Coelho LTDA

Área/Segmento cultural: AUDIOVISUAL: Produção de cinema em LONGA-METRAGEM

Local de realização: SANTA CRUZ DO SUL, ENCRUZILHADA DO SUL, NOVA PÁDUA, BENTO GONÇALVES


Identificação:

- Vinhos do Brasil: rótulos para descobrir e desconstruir! O vinho transcende civilizações e territórios e está presente nas mais diversas histórias. Esta bebida, que conquista tantos paladares, é produzida desde, aproximadamente, 6.000 anos antes de Cristo. O período coincide com o início da civilização nômade. Os achados arqueológicos indicam que o vinho foi criado antes mesmo da invenção da escrita, provavelmente de forma acidental, através da fermentação de uvas. Ou seja, não podemos separar o vinho da história da humanidade. Não é à toa, inclusive, a recorrente presença do vinho nos escritos bíblicos. Quem não iria converter água em vinho, como um grande milagre? Além disso, na história do cristianismo há referências ao fato de que foi Noé quem plantou um vinhedo e produziu o primeiro vinho do mundo. Da mesma forma, os povos gregos consideram a bebida uma dádiva dos seus deuses, conectando a bebida ao deus Dionísio. No imaginário popular o vinho é uma bebida sagrada que fez parte das mais distintas culturas ao redor do mundo. Assim, até os dias atuais, a relação com o vinho possui muito simbolismo e o consumo da bebida assume características ritualísticas em muitas nações. No Brasil percebemos esta relação mais ritualística com o vinho, que é entendido como uma bebida para acompanhar ocasiões ou refeições especiais. Ao contrário da cerveja, que é mais facilmente aceita em qualquer circunstância, o vinho ainda é visto como uma bebida para confraternizar momentos marcantes. Vale abrir uma observação, de que essa característica, embora coloque o vinho em um patamar de importância, também colabora para um distanciamento em relação à bebida. - “Mas o que o vinho tem a ver com o Brasil?” Com tantas mistificações em torno do vinho, nem parece que a bebida está presente na história do Brasil há tantos séculos, não é mesmo? Então, é necessário reforçar que o vinho acompanha os brasileiros há muito tempo e está presente na história dos diferentes fluxos de colonização desde a chegada dos portugueses. Ainda que mais fortemente conectado à imigração italiana do sul do país, na verdade o vinho chegou ao Brasil no momento do seu descobrimento, quando os portugueses iniciaram a povoação do país e espalhou-se por regiões como o nordeste e o centro do território brasileiro. Sendo assim, o vinho poderia ser visto como uma bebida de forte conexão com a cultura brasileira ao longo de toda a sua formação. Em 1500, logo após o descobrimento do Brasil, o interesse na agricultura em território brasileiro era muito baixo. Mas, menos de 50 anos após a chegada de Cabral, o almirante Martim Afonso de Souza veio ao Brasil, como colonizador, e trouxe consigo as primeiras videiras de Portugal. Na expedição de Martim Afonso, também chegou Brás Cubas, natural de Porto, com 25 anos de idade. Acredita-se que ele tenha sido o primeiro viticultor do Brasil. Percebendo que no calor e alta umidade do litoral de São Vicente a viticultura seria impossível, ele fundou vinhedos no Planalto de Piratininga, no Tatuapé. Os primeiros vinhos teriam sido produzidos por esta época. Assim, a capitania de São Vicente é considerada o berço da viticultura no Brasil. Vale lembrar que no mesmo período, Pernambuco, Bahia e Paraná, por iniciativa espanhola, também podem provar que instalaram seus vinhedos neste período. O vinho não abandonou a cultura brasileira. Em São Paulo, os vinhos foram vendidos como “vinho de uva da terra” no final de 1669. Mas, por volta do século XVII, foram descobertos os primeiros ouros em Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás, fazendo com que a agricutura ficasse de lado para dar lugar à mineração. Não bastasse isso, em 1785, D. Maria I, através de um alvará, vedou a indústria no Brasil e, consequentemente, o plantio da videira e a elaboração de vinhos, para não prejudicar a produção portuguesa. Portanto, até o final do século XVIII, somente variedades européias eram cultivadas. Aqui poderia ter sido um fim para a cultura vitícola brasileira, porém, demonstrando-se cíclica e presente, após a abolição da escravatura, e início da decadência do café em São Paulo, a viticultura se tornou uma cultura compensadora. Os imigrantes italianos, que vieram trabalhar na cultura do café, passaram a ser viticultores, no Estado de São Paulo. Na mesma época, Pereira Barreto mudou-se para São Paulo e começou seu interesse pela viticultura. Em sua propriedade existiam mais de 400 variedades de uvas e ele também inaugurou métodos culturais e de combate a pragas e doenças, ficando conhecido como o fundador da técnica vitícola brasileira. Desde então, a produção de vinhos se profissionalizou, fortaleceu e ganhou novos territórios brasileiros. Por volta de 1990, por exemplo, iniciou-se uma fase de diversificação da viticultura do Vale do Submédio São Francisco. Até os dias de hoje, o Vale do São Francisco produz ótimos vinhos tropicais, principalmente espumantes. - “Mas cadê o Sul do Brasil nesta história?” Atualmente, muitos dos melhores vinhos brasileiros estão no Sul do país. Então, cabe contextualizar como começou essa produção que hoje é referência. Embora seja associada somente à cultura italiana, a vitivinicultura no Rio Grande do Sul também foi construída por imigrantes de outras nacionalidades, como espanhóis, portugueses e alemães. Porém, é inegável que a chegada dos imigrantes italianos no final do século XIX impulsionou a produção de vinhos em solo gaúcho. Na década de 1930, surgiram diversas cooperativas vinícolas com cultivos de uvas europeias. Pulando alguns anos, em 1958, foi registrada a exportação de 30 milhões de litros de vinhos a granel do Brasil para a França, e 4 milhões de litros para a Argentina. Com essa crescente, na década de 1970, algumas empresas multinacionais se instalaram na Serra Gaúcha, uma iniciativa que movimentou a produção na região Sul. Inclusive, a renomada Cooperativa Aurora, em parceria com algumas destas multinacionais, passou a ser referência em vinhos finos. Em 1980, a Forestier, parceira da Aurora, alcançou um volume muito grande de vendas, e decidiu realizar uma produção própria em Garibaldi. Assim, aqueceu a produção de vinhos finos brasileiros. Ainda que nos anos 1990, com a globalização, várias multinacionais tenham encerrado as atividades no Brasil, a vitivinicultura na Serra Gaúcha, e em outras regiões do Brasil se manteve forte. As empresas vinícolas brasileiras se organizaram ainda mais, enfrentando a concorrência de países vizinhos com a criação de perfis distintos de vinhos. Este esforço foi recompensado e, atualmente, o grande diferencial existente no Brasil é que os vinhos apresentam grande qualidade, sendo medalhados em diversos e renomados concursos nacionais e internacionais. A Serra Gaúcha, vale lembrar, se especializou em vinhos espumantes. Hoje existe uma centralização da produção de vinhos no Rio Grande do Sul. O estado gaúcho, devido ao seu clima e geografia, além do fortalecimento do enoturismo, tornou-se o mais reconhecido na produção de vinhos nacionais, com aproximadamente 90% das vinícolas em seu solo. - “E, como contar essa história?” Existem muitos caminhos para falar sobre a conexão dos brasileiros com o vinho. Mas, queremos contar através da perspectiva de pequenos produtores, que criam vinhos incríveis, mas ainda pouco conhecidos. Acreditamos que assim é possível adentrar na essência da produção vitícola, entendendo as particularidades de cada produtor e o porquê ele decidiu trabalhar com vinhos. Queremos, a partir desta narrativa, desmistificar os ritos em torno do vinho, demonstrando que esta é uma bebida para todos, sim! O motivo deste projeto existir é centralizado na relevância da produção de vinhos brasileiros, com alta qualidade, versus o baixo reconhecimento do mesmo por brasileiros. Quando atravessamos a história da viticultura no Brasil e chegamos aos dias atuais, é possível reconhecer o forte potencial de crescimento deste mercado. A produção nacional, que normalmente é realizada em família, conta com rótulos de alto valor agregado. Aliás, em termos de qualidade, um levantamento da ABE demonstra que os vinhos nacionais estão cada vez melhor posicionados mundialmente, conquistando cerca de 4,5 mil medalhas em concursos internacionais nos últimos 10 anos - disputando inclusive com países referência na produção de vinhos. Ainda assim, é fato que a bebida ainda é pouco apreciada no Brasil quando comparada a outras culturas. Em 2019, no Brasil, pouco mais de 380 milhões de litros de vinhos foram consumidos, o que representa um consumo per capto de 2,3 litros. Comparado a Portugal, com 62; França, com 50; e Argentina com 25, o valor se demonstra tímido. Entendendo que o vinho é parte da cultura e da história do Brasil, nas mais diversas regiões e culturas, abre-se o questionamento: por que a bebida ainda é tão distante da cultura popular? Os vinhos, tal qual em outras nações, podem ser popularizados e apreciados no dia a dia, sem que haja a necessidade de rituais que gourmetizam a prática. Comprar uma garrafa de vinho para beber na rua, vinho para assistir ao futebol, vinho em uma terça-feira qualquer acompanhando uma refeição simples ou, mesmo, para confraternizar com amigos: por que não? Este é o fio condutor do presente projeto. Através de uma série divertida e descontraída, vamos apresentar rótulos nacionais pouco conhecidos, mas de alta qualidade. Estes vinhos serão apresentados através de uma particularidade: suas histórias. A cada episódio da série, uma pequena vinícola será apresentada com bom humor, revelando suas singularidades e desconstruindo padrões para desburocratizar a experiência das pessoas com o vinho. - A construção da série! Como dito, ao longo da série vamos contar sobre as percepções de quem mais entende daquela bebida: o seu produtor. Assim, serão exploradas a sua história de vida, as suas preferências, a origem da sua conexão com a bebida, alguns aspectos engraçados e, também, relatos que demonstram que o vinho é sim uma bebida popular. Ou seja: o vinho é para todos. As particularidades históricas e sensoriais que agregam valor às produções serão reveladas sutilmente nas imagens e nos relatos dos produtores. Vamos adentrar no universo da vinícola, da produção e da realidade de cada marca descoberta. A intenção central é encontrar grandes rótulos, produzidos em pequenas vinícolas nacionais. Percorrer estes sabores e talentos, que transcendem gerações, descobrindo as histórias de cada produtor será o elo que unirá as histórias apresentadas em uma só narrativa. Para contar a história, um personagem vai conduzir em primeira pessoa a série documental. Este personagem, apaixonado por vinhos, percorre vinícolas e experimenta vinhos buscando grandes rótulos que ainda não são conhecidos popularmente. Quando o seu paladar for cativado por uma produção diferenciada, a história do vinho e de seu produtor será esmiuçada. O personagem, portanto, vai guiar os episódios, descobrindo rótulos incríveis de pequenas vinícolas que precisam ser descobertos pelo espectador. A cada episódio, uma vinícola terá enfoque, revelando a história de quem iniciou o processo de produção do vinho, suas particularidades, erros e acertos até chegar na receita atual. O personagem, para tanto, irá conversar com o produtor de forma documental, descobrindo histórias pessoais do produtor que desmistificam o vinho. “O que fez você começar a produzir vinhos?” e “Como você chegou a este rótulo?” são algumas das perguntas iniciais. A partir disso, as conversas serão livres, abordando curiosidades e características únicas de cada local e produtor.

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