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Consulta de Projetos Culturais


1º - Rota de Colisão - 2023

Processo: 00116/2023 | Data de entrada: 15/03/2023 | Situação atual: Arquivado - Não Prioritário
Produtor cultural: Galeria Clima Porto Alegre Ltda

Área/Segmento cultural: ARTES VISUAIS: Artes plásticas

Local de realização: PORTO ALEGRE, ARROIO DOS RATOS


Identificação:

Edith Derdyk tem em sua poética a construção de instalações que transformam materiais comuns em “atos de espacialização”. Utilizando centenas de metros de linha de algodão, de costura, que se estendem no espaço, de um plano ao outro, as linhas enfatizam um movimento constante e repetitivo de ir e vir, ininterruptamente, afirmando uma vocação transitiva. As ações de acúmulo e repetição são procedimentos construtivos recorrentes no conjunto dos seus trabalhos, mesmo quando realizados em diferentes suportes, materiais, linguagens e medias. A utilização de materiais efêmeros, tais como a linha de algodão, carvão ou folha de papel em branco, a partir do acúmulo e repetição, passam a emitir outros sinais e significados, tentando ultrapassar sua condição usual. O PROJETO Edith parte de pesquisas sobre a Geometria Descritiva, técnica desenhística que surge em meados do final do século XVIII, provocando um impacto no desenvolvimento tecnológico na época da Revolução Industrial, por facilitar a visualização de objetos fabricados e sua sistematização. Do ponto de vista poético, em ROTA DE COLISÃO, a artista especula sobre os métodos de representação de ‘operações gráficas maquínicas’, movidos por uma certa “razão insana”, frutos da abstração mental calcada na observação do real e sua projeção, facilitando a reprodução em massa de objetos industriais e avalizando um modo de pensar a produção dos artefatos e a própria vida. Os temas levantados neste projeto contemplam, de certo modo, o impacto do crescimento industrial que tem promovido os impasses atuais, visando estabelecer alguns pontos de conexão com as motivações poéticas, filosóficas e existenciais que conduzem o arco de interesses da pesquisa artística da artista ao longo destes anos. Certos procedimentos construtivos são aqui enfatizados - repetição, acúmulo, aglomeração, sobreposição; fazendo emergir tanto questões físicas, tais como resistência, força, impulso, tração, suspensão, limite, medida, gravidade, quanto questões metafísicas e existenciais, tais como conectividade, filiação, memória, projeção, efemeridade, comunicação, transitoriedade, atravessamento. Fica evidente as percepções ambíguas entre leveza e peso, fragilidade e força, delicadeza e brutalidade, gravidade e suspensão, atração e repulsão, controle e descontrole, medida e limite... O projeto aqui proposto possui curadoria de Eduardo Veras e contempla o desenvolvimento de três eixos, que se integram e se fortalecem. PRIMEIRO EIXO Realização de uma exposição que contará com instalações site specific, desenhos, objetos e livro da artista na Galeria Xico Stockinger do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul. No anexo, é possível ver o planejamento da exposição, bem como a disposição das obras no local. Nesse eixo, a artista explora as tramas gráficas realizadas em cada linguagem – seja no espaço (instalação), seja no plano gráfico (desenhos) ou objectual (livro e costura) - sempre potencializam a imagem de rede, conectividade, comunicação, trânsito, passagem, refletindo, de algum modo, sobre o tipo de desenho técnico que surge como motor rotativo do desenvolvimento industrial em escala exponencial – nossa matéria de reflexão. SEGUNDO EIXO Realização de uma instalação utilizando linha, papel e carvão no Museu Estadual do Carvão, sítio histórico tombado pelo Patrimônio do Rio Grande do Sul, localizado no Município de Arroio dos Ratos, que surge em decorrência da reflexão sobre nossa atual condição histórica, pedindo uma pausa para revermos os modos de produzir nossas vidas. Nesse eixo, todo o contexto que envolve a Geometria Descritiva, que provocou grande impacto na revolução industrial no final do século XVIII, se abrirá uma conexão direta com o contexto representado pelo Museu Estadual do Carvão, que foi a primeira termoelétrica a ser instalada no Brasil. O viés histórico do impacto da instalação de uma termoelétrica no Rio Grande do Sul e seus reflexos no que tange ao desenvolvimento industrial do Estado será explorado no programa educativo. No anexo, é possível ver o planejamento da exposição, pensada de forma a interferir minimamente no espaço a ser utilizado no Museu Estadual do Carvão, visto que se trata de patrimônio histórico com limitações de intervenções, o que já não acontece em espaços expositivos convencionais. As instalações site specifics a serem realizadas no MAC-RS e no Museu Estadual do Carvão serão documentadas fotograficamente. As imagens comporão um catálogo com ensaio crítico de Eduardo Veras. Também está previsto a filmagem da montagem das instalações site specifics em ambos os lugares, que por si só possuem uma natureza performativa. Estes registros serão exibidos nas duas exposições, conectando-as. O catálogo a ser produzido contribuirá para a projeção nacional do MAC-RS e do Museu Estadual do Carvão devido ao conteúdo artístico, crítico e histórico nele representado. Serão produzidos 200 catálogos, 100 serão doados para a rede de ensino público do Rio Grande do Sul. TERCEIRO EIXO Programa educativo a ser realizado tanto no MACRS quanto no Museu Estadual do Carvão, que será desenvolvido com a colaboração da artista Edith Derdyk pela educadora Carla Borba. Carla Borba possui um grande repertório em estudos e trabalhos artísticos envolvendo carvão, o que dará mais consistência ao conteúdo programático a ser proposto. O pano de fundo é a cena contemporânea, com a globalização dos recursos e tecnologias dos produtos e artefatos industriais, difusão dos comportamentos bem como a conectividade veloz que permite a circulação dos bens materiais e comunicacionais em suas extensões no tempo e no espaço, gera um campo de sentido para o conceito da linha reta como uma construção humana, um dispositivo técnico, aqui entendida como ‘fio condutor’ da exposição - elemento estrutural e pretexto simbólico para repensar o desenho técnico como motor da produção industrial de nossa história civilizatória. Com base nesse contexto, serão realizadas oficinas lúdicas ligadas à natureza artística da obra de Edith Derdyk, abordando questões relativas ao desenvolvimento industrial e seus impactos sobre a natureza a partir de uso de fontes de energia não renovável, no caso, o carvão. Serão apresentadas fontes de energia menos impactantes ao meio ambiente e a importância da conservação ambiental para o futuro do Planeta. Como proposta educativa, o projeto também contempla a contratação remunerada e treinamento de estudantes pela própria artista, que participarão da montagem das exposições em conjunto com técnicos especializados. Com isso, a metodologia de Edith, desenvolvida desde a década de 1970, será difundida para um grupo de estudantes que a partir de então, poderá desenvolver novas abordagens artísticas e compreensões sobre o desenho enquanto linguagem para a arte, ciência e técnica. A artista possui vários livros escritos sobre desenho: Formas de Pensar do Desenho, O Desenho da Figura Humana, Disegno.Desenho.Desígnio e outros livros ensaísticos, influenciando todo o pensamento sobre educação e desenho desde a década de 1990. Também está contemplado a realização de rodas de conversa com a artista, curador, representante do Museu Estadual do Carvão, dentre outros convidados abordando aspectos do patrimônio público, história industrial do Rio Grande do Sul, transformação da matriz energética, conservação ambiental, etc. DATA DE REALIZAÇÃO As exposições ficarão em cartaz de 18/09/2023 a 12/11/2023.

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