Processo n.º 00090/2023
Parecer n.º 270/2023 CEC/RS
Projeto “BAILEI NA CURVA 40 ANOS 2023”.
Projeto do segmento de Artes Cênicas – Teatro, que prevê a apresentação da peça teatral já conhecida e reconhecida nacionalmente “Bailei na Curva”. A proposta visa girar com o espetáculo em seis cidades: Porto Alegre, Canoas, Novo Hamburgo, Gravataí, Pelotas, Santa Maria e Caxias do Sul, ou seja, grandes centros da Região Metropolitana, Centro e Serra do RS, com datas a definir. A proposta é que o projeto seja realizado entre o período de 02 de agosto a 31 de dezembro de 2023.
A peça remonta os tempos da Ditadura Militar e foi encenada pela primeira vez em 1º de outubro de 1983, no Teatro do IPE e em 1984 no Theatro São Pedro, ambos em Porto Alegre. Após o sucesso de crítica, o espetáculo viajou pelo Brasil. A Conceituação Temática do projeto é promover uma turnê por algumas regiões do Rio Grande do Sul, já que a peça completa, em 2023, 40 anos em cartaz. As personagens são sete crianças, as quais são vizinhas e, durante suas trajetórias, demonstram pureza e ingenuidade ao mesmo tempo que enfrentam mudanças ao decorrer de suas fases de crescimento. E, mais tarde, as consequências do Golpe Militar em suas vidas adultas.
A justificativa para este quesito está bem explicitada nos documentos encaminhamos a este Conselho Estadual de Cultura. Assim, Bailei na Curva inicia sua história em 1º de abril de 1964 e termina na data oficial do falecimento de Tancredo Neves, quando um bebê que representa o futuro é embalado em cena ao som da música Horizontes.
Apesar de ser uma peça teatral que chega aos 40 anos desde a sua primeira apresentação, a proposta encaminhada a este Conselho pode ser considerada inovadora, a partir do momento em que o proponente busca levar aos estudantes de escolas públicas, atividades formativas, que podem despertar a estes, o gosto pela arte do teatro, pela música e pela história do nosso país não muito distante, já que estamos falando de um período de menos de meio século atrás.
Em sua justificativa, a proponente ressalta que a peça em si é uma oportunidade ao ofertar ao público conhecimento sobre os tempos em que a população brasileira vivia sob a situação da Ditadura Militar e o ressurgimento do novo tempo, onde a democracia começaria a surgir. O proponente informa ainda que a produção do espetáculo sofre atualizações a cada apresentação desde 1983. A peça preocupa-se, ainda, em tornar-se mais acessível no sentido de criar uma linguagem que favorece a leitura dos jovens que não vivenciaram os anos 1970/80 por meio de videoclipes que introduzem os anos 1960, com imagens de João Goulart, Brizola, John Kennedy, a cultura paz e amor, a Copa do Mundo de 1970, a cidade de Porto Alegre antigamente, os sobrados e cinemas de rua. As montagens mais recentes são imagéticas e gráficas para criar uma encenação mais visual, aproximando-se das gerações que não têm essa referência e relembrando quem viveu tais épocas.
A proposta para este projeto também aponta que uma das ações previstas no projeto é de uma atividade formativa com o autor e elenco para 4 turmas de escolas públicas de Porto Alegre. Cabe valorizar a ideia e pontuar positivamente, porém, creio que a disponibilização de apenas uma única atividade formativa, apenas em Porto Alegre, não acabe oportunizando a inclusão de estudantes, por exemplo, do interior do Estado do Rio Grande do Sul, onde carece, principalmente, de ações como esta, favorecendo assim, o conceito de Pluralidade e Inclusão. Muitas vezes, a falta de conhecimento de mundo e história, acaba “aprisionando” o público do interior, com pensamentos ideológicos que não permitem a formação de opiniões divergentes ao que estes aprenderam ao longo da vida. Creio que o proponente poderia pensar, neste caso, e aprimorar este quesito, objetivando, principalmente, que o público do interior do Estado tenha acesso a esta ação e outras que pudessem qualificar ainda mais a classe escolar. Poderia, se pensar, inclusive, em alguma oficina para debater as letras das músicas utilizadas na peça, fomentando ainda mais o interesse pela história, pela composição e abrindo ainda mais espaço para a contemplação não apenas da arte do teatro, mas também, da música.
No quesito acessibilidade, o projeto prevê em suas apresentações o serviço de audiodescrição e interpretação em libras para as apresentações, além de cotas de ingressos para entidades em cada uma das cidades atendidas. Poderia se pensar, aqui, a confecção de materiais em braile, já que há na planilha de custos o pagamento de R$ 8 mil para a edição gráfica de materiais.
O projeto prevê a distribuição de 500 ingressos para escolas e entidades nas cidades onde ocorrerão os espetáculos e mais 100 ingressos à Sedac. No entanto, não há uma explicação sobre a quantidade de ingressos gratuitos para cada cidade. Se haverá algum cálculo pelo número de habitantes, onde estes ingressos seriam retirados.
O projeto mostra ainda que o valor pago pela meia-entrada será de R$ 40 e inteira R$ 80. São valores que estão dentro do que é cobrado normalmente em espetáculos teatrais.
Considero equalizada a distribuição dos valores previstos para a execução do projeto. Conforme as informações contidas na planilha, o proponente solicita ao sistema Procultura, R$ 559,1 mil. Outros R$ 130 mil, o que representa menos de 20% do valor solicitado à LIC, estão apontados na planilha como receitas originárias com a comercialização de bens e serviços. Cabe salientar positivamente, que o proponente informa onde serão aplicados estes valores oriundos de receitas.
De acordo com o proponente, “com um histórico de esgotar as sessões, a peça é a mais longeva do teatro gaúcho e já se perderam os cálculos de quantidade de pessoas que já a assistiram, devido a sua grande repercussão. O exposto aponta que dentro de uma dimensão econômica que gera empregos e fortalece a economia da cultura, tem-se a possibilidade de assistir a peças teatrais, sendo uma opção de lazer, entretenimento e que leva à reflexão. Com uma turnê pelo Rio Grande do sul, por meio deste projeto, é possível gerar impactos diretos e indiretos, beneficiando equipes de coordenação, produção, direção, artistas, atores, técnicos, motoristas, músicos, comerciantes, equipes administrativas, equipes de segurança e limpeza, fotógrafos, intérpretes, designers e outros profissionais”.
Há uma diferença de valores oriundos da comercialização de ingressos: no total, entre meia-entrada e entrada inteira, seriam R$ 160 mil. Porém, na aplicação de recursos, o valor cai para R$ 130 mil. Proponente deverá rever este dado.
O proponente não irá investir nenhum recurso. Porém, comercializará ingressos para cobrir algumas rubricas.
Considero um projeto relevante, não somente pela trajetória ao longo de quatro décadas, mas pela importância social e histórica que a peça entrega ao público. Estamos falando de um espetáculo que retrata um dos períodos mais escabrosos da história recente do Brasil antes da redemocratização. Num período onde a polarização predomina e atrapalha a sociedade como um todo, nada melhor do que a arte para trazer à tona luz aos olhos da sociedade.
É um projeto oportuno, uma vez que além da peça teatral, pretende ofertar a realização de uma atividade formativa com o autor e elenco para 4 turmas de escolas públicas de Porto Alegre. Sugere-se ao proponente que repense a possibilidade em ofertar essa mesma atividade em outras cidades onde o espetáculo irá passar, justamente, com o objetivo de agregar conhecimento aos estudantes e também à comunidade.
Faço apenas uma sugestão ao proponente: que busque oportunizar o acesso à peça, cidades de outras regiões funcionais. Podemos ver que das sete cidades onde a peça irá passar, quatro pertencem a RF 1, uma na RF 2, uma na RF 3 e uma na RF 8, deixando fora outras cinco regiões funcionais.
O projeto apresenta uma carta de intenção de patrocínio no valor de R$ 200 mil, com data de 28 de novembro de 2022. Porém, não apresenta nenhum recurso próprio para sua execução, já que há previsão da entrada de R$ 160 mil, oriunda da comercialização de ingressos, o que representa menos de 20% do valor total do projeto, que é de R$ 689,1 mil.
Em conclusão, o projeto “BAILEI NA CURVA 40 ANOS 2023” foi recomendado a concorrer aos recursos disponíveis na priorização mensal, de acordo com o valor de R$ 559.100,00 (quinhentos e cinquenta e nove mil e cem reais) solicitado pelo proponente junto ao Sistema Integrado de Apoio e Fomento à Cultura.
Porto Alegre, 03 de abril de 2023.
Análise do Recurso:
DIMENSÃO SIMBÓLICA
Conceituação Temática: A peça, remonta os tempos da Ditadura Militar e foi encenada pela primeira vez em 1º de outubro de 1983, no Teatro do IPE e em 1984 no Theatro São Pedro, ambos em Porto Alegre. Após o sucesso de crítica, o espetáculo viajou pelo Brasil. A Conceituação Temática do projeto é promover uma turnê por algumas regiões do Rio Grande do Sul, já que a peça completa, em 2023, 40 anos em cartaz. As personagens são sete crianças, as quais são vizinhas e, durante suas trajetórias, demonstram pureza e ingenuidade ao mesmo tempo que enfrentam mudanças ao decorrer de suas fases de crescimento. E, mais tarde, as consequências do Golpe Militar em suas vidas adultas.
Originalidade e Inovação Estética: Apesar de ser uma peça teatral que chega aos 40 anos desde a sua primeira apresentação, a proposta encaminhada a este Conselho pode ser considerada inovadora, a partir do momento em que o proponente busca levar aos estudantes de escolas públicas, atividades formativas, que podem despertar a estes, o gosto pela arte do teatro, pela música e pela história do nosso país não muito distante, já que estamos falando de um período de menos de meio século atrás.
DIMENSÃO CIDADÃ
Pluralidade, Acessibilidade e Inclusão: em sua justificativa, o proponente ressalta que a peça e si é uma oportunidade em ofertar ao público, conhecer os tempos em que a população brasileira vivia sob a situação da Ditadura Militar e o ressurgimento do novo tempo, onde a democracia começaria a surgir. O proponente informa ainda que a produção do espetáculo sofre atualizações a cada apresentação desde 1983. A peça preocupa-se, ainda, em tornar-se mais acessível no sentido de criar uma linguagem que favorece a leitura dos jovens que não vivenciaram os anos 1970/80 por meio de videoclipes que introduzem os anos 1960, com imagens de João Goulart, Brizola, John Kennedy, a cultura paz e amor, a Copa do Mundo de 1970, a cidade de Porto Alegre antigamente, os sobrados e cinemas de rua. As montagens mais recentes são imagéticas e gráficas para criar uma encenação mais visual, aproximando-se das gerações que não têm essa referência e relembrando quem viveu tais épocas.
A proposta para este projeto também aponta que uma das ações previstas no projeto é de uma atividade formativa com o autor e elenco para 4 turmas de escolas públicas de Porto Alegre. Cabe valorizar a ideia e pontuar positivamente, porém, creio que a disponibilização de apenas uma única atividade formativa, apenas em Porto Alegre, não acabe oportunizando a inclusão de estudantes, por exemplo, do interior do Estado do Rio Grande do Sul, onde carece, principalmente, de ações como esta, favorecendo assim, o conceito de Pluralidade e Inclusão. Muitas vezes, a falta de conhecimento de mundo e história, acaba “aprisionando” o público do interior, com pensamentos ideológicos que não permitem a formação de opiniões divergentes ao que estes aprenderam ao longo da vida. No quesito acessibilidade, o projeto prevê em suas apresentações o serviço de audiodescrição e interpretação em libras para as apresentações, além de cotas de ingressos para entidades em cada uma das cidades atendidas.
Democratização do Acesso: O projeto prevê a distribuição de 500 ingressos para escolas e entidades nas cidades onde ocorrerão os espetáculos e mais 100 ingressos à Sedac. No entanto, não há uma explicação sobre a quantidade de ingressos gratuitos para cada cidade. Se haverá algum cálculo pelo número de habitantes, onde estes ingressos seriam retirados.
DIMENSÃO ECONÔMICA
Distribuição dos valores: considero equalizada a distribuição dos valores previstos para a execução do projeto. Conforme as informações contidas na planilha, o proponente solicita ao sistema Procultura, R$ 559,1 mil. Outros R$ 130 mil, o que representa menos de 20% do valor solicitado à LIC, estão apontados na planilha como receitas originárias com a comercialização de bens e serviços. Cabe salientar positivamente, que o proponente informa onde serão aplicados estes valores oriundos de receitas.
Investimento local / próprio: a peça em si não irá investir nenhum recurso. Porém, comercializará ingressos para cobrir algumas rubricas.
Relevância: Considero um projeto relevante, não somente pela trajetória ao longo de quatro décadas, mas pela importância social e histórica que a peça entrega ao público. Estamos falando de um espetáculo que retrata um dos períodos mais escabrosos da história recente do Brasil antes da redemocratização. Num período onde a polarização predomina e atrapalha a sociedade como um todo, nada melhor do que a arte para trazer à tona luz aos olhos da sociedade.
Oportunidade: É um projeto oportuno, uma vez que além da peça teatral, pretende ofertar a realização de uma atividade formativa com o autor e elenco para 4 turmas de escolas públicas de Porto Alegre. Sugere-se ao proponente que repense a possibilidade em ofertar essa mesma atividade em outras cidades onde o espetáculo irá passar, justamente, com o objetivo de agregar conhecimento aos estudantes e também à comunidade.
Viabilidade: O projeto apresenta uma carta de intenção de patrocínio no valor de R$ 200 mil, com data de 28 de novembro de 2022. Porém, não apresenta nenhum recurso próprio para sua execução, já que há previsão da entrada de R$ 160 mil, oriunda da comercialização de ingressos, o que representa menos de 20% do valor total do projeto, que é de R$ 689,1 mil.
O referido projeto teve sua nota revisada nos quesitos "Pluralidade, Acessibilidade e Inclusão", "Democratização do Acesso/Gratuidade", "Investimento Local/Próprio" e "Viabilidade", após envio de justificativas consideradas SATISFATÓRIAS pelo conselheiro relator.
Após análise do recurso o projeto passou a nota final de 4,47 para 5,00.
Porto Alegre, 27 de abril de 2023.
Informe:
Sessão realizada dia 27 de abril de 2023.
A Comissão Especial I de Avaliação de Projetos do Conselho Estadual de Cultura do Rio Grande do Sul, reuniu-se, com a presença de Anacarla Oliveira Flores, Cristiano Laerton Goldschmidt, Ivan Irineu Queiroz de Vasconcelos, Paulo Roberto Tavares, Ranieri Zilio Moriggi, Vitor Rolim de Mesquita. A reunião foi coordenada pelo conselheiro Paulo Roberto Tavares e teve, como secretário o conselheiro Ranieri Zilio Moriggi.
O projeto obteve a nota nota final de 5,00 pontos sugerida pelo(a) relator(a) e aprovada por unanimidade, tendo sido submetido à rodada de priorização de projetos no dia 05/05/23. De acordo com sua pontuação e os critérios de desempate, foi considerado não prioritário, retornando para arquivo.
Consuelo Vallandro
Presidente do CEC/RS
Processo nº 00090/2023
Parecer nº 270/2023 CEC/RS
Projeto do segmento de Artes Cênicas – Teatro, que prevê a apresentação da peça teatral já conhecida e reconhecida nacionalmente “Bailei na Curva”. A proposta visa girar com o espetáculo em seis cidades, Porto Alegre, Canoas, Novo Hamburgo, Gravataí, Pelotas, Santa Maria e Caxias do Sul, ou seja, grandes centros da Região Metropolitana, Centro e Serra do RS, com datas a definir. A proposta é que o projeto seja realizado entre o período de 02 de agosto a 31 de dezembro de 2023.
A peça, remonta os tempos da Ditadura Militar e foi encenada pela primeira vez em 1º de outubro de 1983, no Teatro do IPE e em 1984 no Theatro São Pedro, ambos em Porto Alegre. Após o sucesso de crítica, o espetáculo viajou pelo Brasil. A Conceituação Temática do projeto é promover uma turnê por algumas regiões do Rio Grande do Sul, já que a peça completa, em 2023, 40 anos em cartaz. As personagens são sete crianças, as quais são vizinhas e, durante suas trajetórias, demonstram pureza e ingenuidade ao mesmo tempo que enfrentam mudanças ao decorrer de suas fases de crescimento. E, mais tarde, as consequências do Golpe Militar em suas vidas adultas.
Em sua justificativa, a proponente ressalta que a peça em si é uma oportunidade em ofertar ao público, conhecer os tempos em que a população brasileira vivia sob a situação da Ditadura Militar e o ressurgimento do novo tempo, onde a democracia começaria a surgir. O proponente informa ainda que a produção do espetáculo sofre atualizações a cada apresentação desde 1983. A peça preocupa-se, ainda, em tornar-se mais acessível no sentido de criar uma linguagem que favorece a leitura dos jovens que não vivenciaram os anos 1970/80 por meio de videoclipes que introduzem os anos 1960, com imagens de João Goulart, Brizola, John Kennedy, a cultura paz e amor, a Copa do Mundo de 1970, a cidade de Porto Alegre antigamente, os sobrados e cinemas de rua. As montagens mais recentes são imagéticas e gráficas para criar uma encenação mais visual, aproximando-se das gerações que não têm essa referência e relembrando quem viveu tais épocas.
Sessão realizada dia 04 de abril de 2023.
O projeto foi considerado recomendado para concorrer aos recursos disponíveis, obtendo a nota de 4,47 pontos sugerida pelo(a) relator(a) e aprovada por unanimidade. Lembrando que o proponente pode solicitar o pedido de revisão da nota, conforme orientação do Pró-Cultura, ou aguardar que o projeto concorra aos recursos na rodada de priorização mensal.
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